De: mayrameireles |
Enviado: 30/11/2009 18:23 |
Mário,
Por falar em "pau", fui buscar o livro do meu querido primo Augusto Severo Neto, intitulado: "De Líricos e Loucos" :
RAIMUNDO HAJA PAU
Claro que ele tinha um nome de família, mas, para que evocá-lo, se ele já partiu, pobre e cego, e se todos o conheciam por Haja Pau(frase que ele usava comumente), no tempos do seu "reinado".
Raimundo, meu amigo, foi sucateiro de au e caminhões, era um homem de poucas letras, e ganhou uma nota firme no tempo da guerra, entre quarenta-e-dois e quarenta-e-cinco. Cheio da nota, botava uma banca folclõrica e simpática. Entrou para o aero-clube, embora não tivesse chegado a se brevetar. Contava suas vantagens, assim meio a tartarin de Tarascon. Quando falava do aero clube, então, as suas histórias iam muito alto. Uma delas: "Olhe aqui, menino, quando eu pego um Frechal (Fairchild, avião de treinamento), eu sou capaz de botar um prato de coalhada em casa asa, subir e descer sem quebrar a nata".
Raimundo Haja Pau era assim. Sua terminologia era de oficina de automóvel. Um dia ele chegou ao campo, onde íamos treinar, com a cara meio contrariada. Perguntamos o que era e ele falou que o velho (pai) estava vazando óleo pela chumaceira. Depois de uns dias sem aparecer, ele voltou muito mais trsite ainda. Trazia um "fumo" no braço. "Que houve rRaiumundo"? perguntamos. Ele respondeu: "O velho fundiu a máquina".
Outra vez ele chegou se uqeixando de uma dona que ele tinha encontrado na pior e tinha ajudado. "Aquela vagabunda; encontrei-a em pane. Mandei consertar a carroceria, mudar a grade, comprei rodagem nova pra ela, uma garagem, dei dinheiro para comprar uma capota e fazer uma guaribagem geral e agora a quenga acho de emplacar de aluguel".
Uma vez Raimundo estava no alpendre de sua casa, se balançando em uma rede alvejada, que ele não dispensava, quando bateram palmas lá fora. "Vai ver quem está buzinando" disse ele para um dos seus filhos que, pela convivência, também já FALAVA AUTOMÓVEL. O menino foi e encontrou um pobre velho que sofria de mal de Parkinson e que pedia uma ajuda. "É um óleo cru pedindo esmola, pai", gritou ele para Raimundo.
Muitas histórias mais ocorreram na vida de Raimundo Haja Pau, rei da sucata em nossa cidade, no tempo da guerra.
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Beijos,
Mayra
P.S.
Algumas palavras que não ficaram de significado claro, podes perguntar que eu responderei. Ou então, o filho do Augusto explicará melhor que eu.
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