São vários os instrumentos utilizados pelos músicos em Moçambique. Os mais conhecidos são a timbilia, tambores de percursão, guizos feitos das massalas e as Chigovias, tipo maracas também confeccionadas com o mesmo material. Mas há outros. Na Mozart, no centro de formação de jovens Maneto Tefula faz orgulhosamente vários instrumentos musicais.
“Aprendi em Tete”, conta e apesar da sua arte ser agora trabalhar a pele de boi para confeccionar malas, carteiras e porta-chaves, tendo já também sido um dos mestres que criava objectos decorativos em vidro, a verdade é que a sua paixão é a música.
Pega na Kancumbwa um instrumento feito artesanalmente com uma cana, linha de pescador grossa e um metal com quatro caricas e de imediato começa a tocar. Há movimentos dos seus dedos que parecem estar a tocar guitarra. “Este é o que mais gosto”, afiança, feliz.
Depois na sua prateleira tira ainda a Chigovia, uma espécie de maracas e com um gesticular de braços o som de imediato invade a pequena sala. Em seguida vai buscar uma taça de papel reciclado e lá dentro coloca ao Mbira, um instrumento musical feito com uma parte das motos e que exibe um som estilo xilofone.
Aí começa a cantar. Por fim, toca Nhyanga uma espécie de flauta de beiços feito com várias canas, cerca de cinco todas encostadas e de tamanhos distintos enroladas com um fio. A terminar a sessão toca três tambores. “Também sou eu que os faço e vendo”, conta.
Mas há mais instrumentos feitos com o material da terra, desde a Dimbila, Mangwilo, Chitatya, Lamelofone de Bambu, Ntkula, entre outros. O mais interessante destas histórias de vida é que para se fazer música a imaginação é o limite.
No Chitengo, a aldeia que fica junto ao Parque Nacional da Gorongosa há uma banda intitulada os Irmãos da Gorongosa e pasme-se: todos os instrumentos, incluindo as guitarras são feitos artesanalmente. Todos e inclusive já compuseram duas canções para o Parque.
Texto e fotos: Teresa Cotrim