Imagine-se que no ano de 1958 estreava no ABC a Revista de sucesso ‘Vamos à Lua’. Aquela morena bonita, simpática, de sorriso contagiante, cativava. E prendia o espectador que a adoptou como uma das suas meninas dos palcos.
De uma simplicidade estonteante (ainda hoje o é) Manuela Maria palmilhou o seu caminho. E é na Companhia de Ribeirinho e Santana que passa pelo Teatro Monumental, dando momentos inesquecíveis. Já com Laura Alves ela é a grande actriz na ‘Forja’ de Alves Redol.
E vieram comédias, o teatro de Revista onde ela foi um furacão de muita graça. Hilariante quando César de Oliveira ‘a vestiu’ de pintassilgo numa rábula a que a própria primeira-ministra da altura achou muita piada.
Assinalo ‘O Tartufo’ de Molière; com que talento nos brinda! Na Companhia de Ribeirinho e Henrique Santana ela dá outros voos. Com Armando Cortez viveu o maior amor da sua vida. Um casal que primou sempre pela discrição. Tanto na vida como nos palcos, onde tantas peças protagonizaram. E a televisão onde marca em novelas a sua faceta de comediante.
Filipe La Féria não a esquece. E chama-se para os seus musicais. A entrada de MM em ‘Maldita Cocaína’, ‘A Canção de Lisboa’ ou agora na ‘Casa do Lago’ em Cena no Rivoli do Porto em que ela se agiganta de novo.
E é Celso Cleto que a chama para ‘Felizmente Não é Natal’ e ‘Boa Noite Mãe’. São dois momentos raros de teatro. Que num outro país, num outro lugar, Manuela Maria, teria arrebatado dignamente e com mérito os TROFÉUS do ano. Porque foram interpretações maravilhosas, inesquecíveis.
Mulher de causas nobres, tem estado à frente da Casa do Artista com a genica que sempre lhe reconheci. A dizer que ali, naquele lugar, ninguém é infeliz. Afinal, continua simples, tão verdadeira, e uma grande senhora!
PRIORIDADE PARA A CASA DO ARTISTA
A obra da Casa do Artista tem em Manuela Maria a sua grande prioridade. Era bom que as entidades responsáveis pela solidariedade deste País olhassem a direito fazedores de tantos sonhos quer no palco, na televisão, cinema e em todas as espécies de arte. Visitar a Casa do Artista é reconhecer e aplaudir de novo esses grandes artistas. Muitos lá estão e esperam os aplausos de todos nós. n
MULHER SÓ E COMBATENTE
Manuela Maria e o marido Armando Cortez formaram um dos casais mais estáveis e de grande discrição perante o público.
Armando morreu há anos, deixando uma mulher só, mas combatente por todas as causas nobres. Considerada pelo grande público que nunca a esquece, Manuela Maria ainda é do tempo em que se dizia: 'Muita obrigada, minha senhora.'