Foram tantos mas tantos os caminhos da minha vida...
Quem me diria eu a "avózinha dos cabelos negros" como era conhecida no Jornal de Tondela pelos militares que ali prestavam serviço e meus amigos, que eu viria a fazer as minhas crónicas aqui no então Continente!
Fiquei correspondente de guerra daquele pequeno jornal de Tondela, e era assim que eu era conhecida por eles, e nunca eu imaginei um dia vir para Portugal, já cá tinha estado em tratamento aos 13 anos, e foi dai que guardei muitas lembranças da Lisboa de então, com suas varinas e pregões "ó freguesa olha a pescada do alto", havia também a fava rica, e aqueles belos moçoilos de cestos de pão á cabeça com as belas carcaças cujas maminhas eu fazia questão de comer... não se riam, é verdade, ainda hoje gosto desse pão.
Tantos caminhos que percorri e que vivi até aos meus 30 anos de rapariga alegre cantadeira, amiga de conversar como hoje, amante da música e da escrita, pouco mudei a não os cabelos branqueando sem falar no resto claro...
Mas são os caminhos da vida que todos temos de percorrer quer queiramos quer não, caminhos onde a realidade não perdoa.
Foi lá durante esses anos da minha juventude que vi todos esses filmes (hoje não vejo nenhum hahah), mas me recordo de quase todos, e dos portugueses vi de certeza, e embora sem a técnologia de hoje eram grandes filmes de moral e bons costumes, alegres, e sempre com um lado positivo, uma lição.
Eu não pagava bilhete, era amiga do dono do cinema ( que Deus lá o tenha), bom amigo, nunca trazia um filme que não me chamasse para ver, mesmo sendo aquelas fitas que de vez em quando se partiam duas e três vezes, ora que importava, a malta queria era ver, e também porque não olhar os moçoilos daquela época, de poupinha, e bigodinho, alguns eram bem giros... e segundo eles diziam eu também era jeitosa, mas meus caminhos seriam outros, nunca me prendia, a não ser a uma boa amizade e muita paródia, era danada para a brincadeira.
E nos meus caminhos nunca pensaria estar escrevendo esta crónica aqui agora no número "9"... A tristeza não tinha morada no meu caminho apesar de tudo que me havia acontecido, e hoje ao percorrer este caminho eu volto a encontrar não os mesmos, mas outros amigos também verdadeiros e para quem escrevo estes pedaços da minha vida.
Hoje não deu para sair, chuva e vento além do frio claro que não me larga, eu "mutiana " de África habituada ao sol tórrido...outros caminhos, outras vidas e quem sabe até amanhã.
São Percheiro