(28/04/2010)
In: Caderno Cultural (Notícias)
Celebra-se esta quinta-feira o Dia Mundial da Dança, efeméride que será marcada, entre nós, pela apresentação, no Cine África, pela Companhia Nacional de Canto e Dança (CNCD), de três obras de coreógrafos da Noruega, Estados Unidos e Zimbabwe que trabalharam com o grupo no âmbito dos seus intercâmbios com artistas e grupos internacionais.
As obras foram escolhidas pela companhia para esta “Noite de Bailados” (como é designado o espectáculo) e afiguram-se como reveladoras da diversidade estética e cultural dos três continentes aqui representados, materializando deste modo a recomendação da UNESCO de fazer de 2010 o Ano Internacional de Aproximação de Culturas.
A CNCD está, ao promover esta “Noite de Bailados”, a homenagear artistas e amantes da dança no país, tidos como os verdadeiros donos da arte.
O primeiro trabalho a ser apresentado é “Subtile Changes/The Tallented”, da coreógrafa e bailarina norte-americana Makeda Thomas, que se inspirou num texto bíblico. “Subtile Change” refere-se a três homens a quem foram dados sementes para devolverem numa próxima colheita. Dois deles devolveram e ainda ficaram com alguma para sementeira seguinte, mas o terceiro usou a semente para comer e ainda foi reclamar dizendo que era pouca e que por isso não teria nada para devolver.
Estas três atitudes, demonstram o talento que o homem tem para multiplicar a sua riqueza através do trabalho, ou o sofrimento a que se sujeitam os preguiçosos. Esta coreografia usa uma linguagem abstracta, como é característica de dança moderna ou contemporânea ocidental, mas é impregnada de técnica bastante apurada, com um ritmo e beleza marcadas por influências afro-americanas.
Makeda Thomas é de origem caribenha, concretamente de Trinidad-e-Tobago e vive em Nova Iorque, onde dirige uma companhia. Para além da obra que o África acolherá amanhã já exibiu no nosso país, onde já veio trabalhar por diversas vezes, a peça “A Sense of Place”, sobre o papel da mulher na sociedade. “Subtile Changes/The Tallented” foi remontada e ensaiada por Maria José Gonçalves, bailarina sénior e professora de dança da CNCD e que trabalhou com Makeda durante 18 meses nos Estados Unidos.
A segunda obra da noite será “Migração”, da autoria da norueguesa Zezé Kolstad. A peça será apresentada em estreia em Moçambique e retrata um grupo de pessoas que deixa a sua terra natal (migração) na crença de uma vida melhor por outras andanças.
A coreógrafa Zezé Kolstad encontra-se presentemente em Moçambique a trabalhar com a CNCD. É formada pela Academia de Artes da Noruega, em Oslo, com um mestrado em coreografia, obtido depois de cursar no London Studio Centre, no Reino Unido, onde também trabalhou como bailarina para companhias como a ACE Dance and Music, RJC Dance Theatre of Emergency, Ruff/Cut Dance Theatre, Foot in Hand e Momentum Dance.
De origem brasileira, Zezé Kolstad inspira-se nas culturas do Brasil e da Noruega, sendo descrita como alguém que apresenta um vocabulário de movimentos que se espelha a estilos como o ballet clássico ou a fusão da dança contemporânea africana. A noite fecha com o nosso continente, aqui representado pelo zimbabweano Ricarudo Manwere, coreógrafo e bailarino, de que se apresentará a obra “Outro Dia, Outro Grito”.
Este bailado é dedicado aos adolescentes e jovens em África para despertarem para o a prevenção e combate ao HIV/SIDA. Do ponto de vista coreográfico, ficam patentes neste trabalho as tendências africanas de dança contemporânea, o “afro-fusion”, um estilo que inaugura uma nova era de dança em Moçambique e noutros pontos de África em que se explora a técnica, o movimento e o espaço, numa perspectiva inovadora mas que tem como base as nossas danças, a nossa música e outros aspectos da cultura africana.
“Outro Dia, Outro Grito” foi remontado e ensaiado por Pérola Jaime, que há poucas semanas apresentou a sua mais recente obra, “Khapula Mulher http://www.mozclick.com/rm/noticias/anmviewer.asp?a=3136&z=106 |