Acreditar em mim... cada vez se vai tornando mais difícil acreditar em nós, nos outros, quando no dia a dia só se vê injustiças, uma indiferença total a verdadeiros dramas de quem já quase não tem forças para gritar, a revolta misturada á dor de ter de deixar de acreditar, porque acreditando estamos fazendo parte daquele sonho a que nos agarramos como á tábua de salvação...
Deixar de acreditar na bondade e honestidade do ser humano é a derrocada final.
Sonhar á fácil, não custa dinheiro nem convenções sociais, e sonhando somos áves livres sem amarras, água cantante de seixo e seixo, e quantos castelos poderemos erguer por entre ruínas...
Não nos tirem a ilusão do sonho por fazer, não deixem que cresça a erva daninha nos nossos corações.
Eu queria voltar a acreditar que nem tudo morreu, que ainda existe um rasgo de luz e de bondade; uma porta que se abre ás injustiças que no dia a dia se nos deparam.
Não matem uma réstia de esperança que ainda nos resta para não afundarmos completamente; para que os mais fracos e oprimidos não tenham de enterrar a cabeça na areia, não por favor!
Quantos milhares de contos ( que não são da carochinha), se gastam em coisas supérfluas.
Em Portugal a Constituíção da Républica preve uma estatística ainda não elaborada acerca das condições de vida das pessoas portadoras de deficiência a todos os níveis, dentro dos Direitos Humanos, mas que são totalmente esquecidos.
Arranja-se dinheiro para tudo, de dentro para fora, vestem-se os melhores fatos para encobrir a verdadeira face da miséria que nos rodeia.
O pai dizia ao filho quando este lhe pegando no colarinho engomado para conversar, filho não tenho tempo"... Assim os nossos governantes que nos sugam o pouco sangue que ainda nos resta, nem sequer respondem aos apelo daqueles que simplesmente pedem que não os deixem naufragar, que os ajudem a ter forças para continuar a luta, mas... claro está, uma protse custa um pouco caro, e irá fazer certamente falta para as passeatas das grandes comitivas, deambulando de um lado para o outro á nossa custa,á custa daquele que para sobreviver faz um esforço sobre- humano, e á noite quantas vezes apenas lhe resta como escolha uma malga de sopa e ainda o pãozinho mesmo que sem conduto, para quem desconhece, qualquer coisa barrando esse pedaço de pão.
É inevitável, não há estrutura humana que aguente ao drama que estamos vivendo, só que muitos preferem calar, encolher os ombros, ou simplesmente esconder a cabeça na areia e desistir.
E porque? Porque não teremos nós direito a uma melhor qualidade de vida, se não fomos nós que escolhemos não ter pernas ou braços, os membros tão vitais á nossa vida diária? Não seremos gente com os mesmo direitos? Ou será que uma Caravela em oiro cujo custo calculado em meio milhão de euros tem mais serventia?
Que me desculpem o povo tão católico devoto, mas eu também me considero crente só que é preciso sentir na carne para entender que nem só de pão vive o homem.
Acordem e lutem enquanto lhes resta algum tempo, e um sopro de vida.
São Percheiro, 11 de Maio 2010