(14/05/2010)
Mais uma série de testes de campo daquela que poderá vir a ser a primeira vacina contra a malária foram feitos esta quinta-feira, 13, no Centro de Investigação da Manhiça, vila situada a 100 quilômetros de Maputo, capital moçambicana.
Uma dessas pesquisas é a da vacina RTS-S, que está na terceira fase de testes, de quatro necessárias à qualificação para uso. Nessa fase, grupos de voluntários recebem doses da vacina para avaliação e acompanhamento. Antes disso, foram feitos testes pré-clinicos em laboratório, para avaliar a segurança do fármaco.
Na segunda fase, a vacina passou por testes de eficácia e resposta imunogênica. Depois de terminada a fase actual, o produto ainda terá que ser aprovado e registado pelos diversos órgãos internacionais para ser comercializado.
O pesquisador-chefe Jahit Sacarlal recorda que a terceira fase de testes da vacina começou em agosto do ano passado e ainda estão a ser reunidas crianças para participar nos estudos. “Serão pelos menos mais três anos. Mas esta á a primeira, a mais avançada que existe no mundo e penso que nos próximos 5 a 10 anos será a única disponível no mercado internacional”, diz o médico.
A pesquisa para criar a vacina antimalária envolve outros 11 centros de estudos de África, em Burkina Faso, no Quênia, em Malawi, Gana, no Gabão e na Tanzânia. O mais próximo de chegar ao resultado prático, no entanto, é o de Moçambique, segundo o director do CISM Eusébio Macete. “Esperamos que até meados do próximo ano haja dados suficientes para submetermos a vacina à análise inicial das agências internacionais de medicamentos”, afirma.
O Centro de Investigação de Saúde da Manhiça, criado em 1996 como resultado da cooperação entre Moçambique e Espanha, é o primeiro centro de investigação biomédica moçambicano para combater doenças que são causa e consequência da pobreza, como a malária, a sida, a tuberculose, as pneumonias e as doenças diarreicas. O centro tem laboratórios em que são desenvolvidas pesquisas que auxiliam no tratamento da população da região.
A malária é a doença que mais mata no mundo (mais de um milhão por ano), e segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 3,3 bilhões de pessoas - metade da população do planeta - estão expostas ao também chamado paludismo. São infectados anualmente 150 milhões.
Apesar da sua escala planetária, até hoje a forma mais eficaz de combater a malária é evitar o mosquito do gênero Anofilis, que transmite o parasita Plasmodium, que causa a doença. Evitar o acúmulo de água, pulverizar áreas externas e residências e usar mosquiteiros impregnados com insecticida são algumas das formas mais comuns.
“A malária tem cura quando tratada adequada e rapidamente”, diz Caterine Guinovart, médica epidemiologista do Centro de Investigação de Saúde da Manhiça. “O problema é que muitos, quando chegam ao hospital, já é tarde”. Alguns pacientes só procuram o médico em estado debilitado, porque menosprezam os primeiros sintomas. Outros têm dificuldades de chegar aos centros de saúde, principalmente nas áreas mais isoladas do interior da África.
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