O evento sobre a segurança rodoviária não trouxe ao público as reais medidas que poderão ser tomadas para garantir o término dos desmandos protagonizados pelos “chapeiros” e que muitas vezes acontecem sob o olhar passivo de quem devia agir.
Aliás, o encurtamento de rotas já é um problema antigo na cidade da Beira.
A edilidade já apareceu não poucas vezes em público a afirmar que não correspondia à verdade que tal está a acontecer na capital provincial de Sofala, facto que tem provocado ira no seio dos utentes, sobretudo os trabalhadores e estudantes que diariamente sentem o problema na pele.
O Conselho Municipal da Beira já, igualmente, anunciou por várias vezes o número de telefone que alegadamente serve para receber denúncias em caso de encurtamento da rotas, mas os resultados disso ainda continuam “letra morta”. Aliás, alguns vereadores já foram vítimas deste “fenómeno”, mas teimam em dizer que só acontece noutros pontos do país e não no “Chiveve”.
Os passageiros das rotas Baixa/Macúti e Maquinino/Estoril são os que mais se ressentem dos abusos dos cobradores que “baldeiam” as pessoas ao meio da viagem a seu bel-prazer. A via Maquinino - Alto da Manga era, igualmente, vítima disso, mas desde que houve informações segundo as quais três cobradores teriam sido apupados e violentados pelos utentes, o problema passou para a história.
Para muitos automobilistas, o encurtamento de rotas, sobretudo na hora de ponta, deve-se ao facto dos visados procurarem fazer a receita exigida pelo patronato em tempo recorde, porque, caso contrário, correm o risco de perder o seu “pão”, principalmente quando se sabe que a maior parte deles não são trabalhadores efectivos.
Alguns chegaram a confessar que “o encurtamento de rotas continuará eternidade”, porque grande parte dos proprietários dos “chapas” são pessoas influentes, nomeadamente polícias de Trânsito, membros do governos provincial e municipal que deveriam desencorajar tais práticas.
Contudo, o Executivo de Sofala, através da Direcção Provincial dos Transportes e Comunicações, juntou outros intervenientes na segurança rodoviária para encontrar soluções à volta do problema que passou a ser social a nível da cidade da Beira.
Sendo assim, o director dos Transportes e Comunicações de Sofala, Manuel Guimarães assegurou que medidas severas serão tomadas para combater os desmandos protagonizados pelos “chapeiros”, mas não avançou detalhes sobre o assunto.
Em todo o caso, Guimarães admitiu a hipótese de alguns prevaricadores reincidentes poderem ver as suas licenças retiradas. Aliás, deixou claro que o Regulamento de Transportes e Automóveis já abre espaço para a penalização deste tipo de infracção.
“Muitas vezes este fenómeno de encurtamento de rotas é obra dos motoristas e cobradores. O proprietário não sabe o que está a acontecer na estrada, mas nós já lançámos o apelo e vamos actuar. Não vamos dizer quando na verdade é que vamos agir. O Governo não pode estar a assistir a este tipo de infracção. Vamos ter que acabar com esta situação porque os passageiros têm sido vítimas de sevícias de cobradores, obrigados a pagar duas ou mais vezes para realizar uma única viagem, por causa do encurtamento de rotas”- frisou.
Por outro lado, a Associação dos Transportadores da Beira (ATABE) tem inscritos mais de 300 operadores a nível da província de Sofala, mas apenas 40 porcento destes é que estão licenciados.
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