Nacala e seu lindo porto de mar com capacidade para os anvios de grande porte. Sua praia de areia branquinha, seus coqueiros, seus frondosos e altivos imbondeiros onde nos abrigavamos do sol tórrido. Logo ali o Clube Ferroviário onde se faziam grandes festas, e onde actuaram grandes nomes do fado e da canção como Fernando Farinha Amália e outros tantos que tanta alegria levavam ao Continente cantando para aquela gente alegre e hospitaleira que os recebiam com seu Maskamolo,
como está?
Tinha de tudo minha África! E quando chegava a noite lá havia o famoso Cinema onde passaram os melhores filmes como por exemplo
Dança comigo! Ao fundo da sala, ao tipo, a velha máquina de projectar comas suas grandes bobines que de vez em quando lá deixava partir a fita... O cinema estava alugado ao indiano Tarmahomed (se assim se escreve), um simpático senhor que me adorava, e me deixava sempre ver os filmes de borla! Vi os melhores filmes dessa época, que quanto a mim foi a melhor. O pior era quando estavamos no melhor da fita e ela partia, e a sala ficava ás escuras... Era uma risota pegada! Isto quando algumas das cadeiras de madeira tosca não ficavam sem um pé... Claro, mais risos, mais assobios, e também a
mais apalpadelas... E quando chovia e os pingos escorriam do teto onde as fendas teimavam em dar o ar da sua graça! Coitado do nosso amigo empresário, tinha de aturar aquela malta, então? O filme passa ou não?! Mas sempre se chegava ao final da história, mesmo com vários intervalos que davam para molhar a garganta e dois dedos de conversa...
Ontem fiz uma pequena busca a papeis já amarelado pelo tempo que me ajudaram a fazer mais esta história de pedaços da minha vida, espero que gostem.
São Percheiro 8 de Junho 2010