Carvão de Moatiza (Tete) poderá vir a ser escoado através do rio Zambeze
(02/07/2010)
O escoamento de parte do carvão a ser extraído na bacia carbonífera de Moatize, província de Tete, poderá ser efectuado através do rio Zambeze caso se confirmem os resultados dos estudos actualmente em curso, de acordo com o diário Notícias, de Maputo.
No decurso de um debate realizado em Maputo, Martin Papper, presidente da Global Marin Resources, disse que através de barcaças leves o carvão pode ser escoado de Tete até à região do Chinde, onde estariam ancorados navios de grande calado que transportariam o carvão para os mercados de consumo.
Falando na Conferência sobre Importância Estratégica dos Rios como Vias de Comunicação e Escoamento – Navegabilidade do Rio Zambeze, evento organizado numa acção coordenada pela Associação Moçambicana para o Desenvolvimento do Carvão Mineral e o País Económico, Martin Papper disse ainda que as barcaças podem ser adaptadas às características naturais daquele curso de água.
“O rio não pode ser visto apenas como um lugar de preservação de recursos naturais. Os moçambicanos podem usar os rios para criar emprego e investimento”, referiu Martin Papper.
Disse, no entanto, que tudo cabe ao Estado moçambicano, que tem a responsabilidade de tomar a decisão certa sobre o uso ou não do rio para o transporte de carvão, analisadas todas as vantagens e desvantagens que tal empreitada pode implicar.
Ambientalistas têm vindo a questionar a viabilidade do uso do rio Zambeze para o transporte de carvão, receando que tal actividade possa, por um lado, poluir a água e, por outro, provocar a diminuição da humidade dos solos mais próximos deste curso de água.
Por seu turno, Casimiro Francisco, presidente da Associação Moçambicana para o Desenvolvimento do Carvão, disse que a equação do transporte fluvial deve-se à conclusão de que a linha de Sena está completamente esgotada.
Há alguns anos, a Vale Moçambique, subsidiária da brasileira Vale e concessionária de uma mina de carvão em Moatize, desenvolveu um estudo sobre a possibilidade de exportação do carvão através do porto de Nacala, tendo recuado dados os investimentos necessários para a construção de uma linha de caminho-de-ferro com uma extensão aproximada de 900 quilómetros, numa altura em que iniciava a reconstrução da linha de Sena.
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