A província de Tete, centro-noroeste de Moçambique, deverá em breve exportar cabrito (em bruto) para o mercado europeu, disse quinta-feira à Lusa uma fonte governamental. As estatísticas da província indicam que a população de cabritos quase duplica a do número de habitantes da região (1.8 milhões), o que leva Tete a ser classificada como o primeiro produtor de caprinos no país. José Gero, director provincial da Indústria e Comércio de Tete, disse à Lusa que vários países europeus manifestaram interesse em comprar o cabrito, durante as últimas duas edições da Feira Internacional de Maputo (FACIM), mas adiantou que “as negociações formais ainda não começaram”. “Vários países (europeus e africanos) manifestaram o interesse de importar o cabrito de Tete, neste caso em bruto, e brevemente iremos começar negociações formais para a concretização dos projetos, embora saibamos que agora o cabrito sai de forma informal”, disse à Agência Lusa José Gero. A fonte admitiu que o Botsuana (pais próximo de Moçambique) está neste momento a exportar o cabrito de Tete (que sai de forma informal) para a Europa, pela facilidade de o comprar na província moçambicana e pelos laços históricos dos dois mercados. “Nós desencorajamos a saída ilegal do cabrito, mas há indicações de que o mesmo tem saído para vários países, incluindo os da região da SADC” (Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral), explicou José Gero, acrescentando que estão a ser discutidos ao nível do governo mecanismos para encontrar fórmulas da saída dos animais. O Botsuana, a África do Sul e o Zimbabué já manifestaram interesse em exportar a pele do cabrito, para alimentar as indústrias de confeções de calçados, mas o animal “só poderá ser exportado em bruto por falta de mecanismos de processamento da pele”, informou a fonte. A falência de várias fábricas de calçado, incluindo de Tete, levou a que a província deixasse de processar a pele de cabrito. O Ministério de Indústria e Comércio de Moçambique, que está reunido na província de Manica no seu VIII Conselho Coordenador, pretende “nova abordagem para relançar a indústria”. No primeiro trimestre deste ano, Tete arrecadou mais de 59 milhões de dólares (46,5 milhões de euros) com a exportação de tabaco, energia eléctrica, carvão mineral e milho para a Europa (Rússia e Suíça), África do Sul, Zimbabué e Malawi. No período homólogo de 2009 conseguiu cerca de 31 milhões de dólares (24,4 milhões de euros). |