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General: Romance de Mia Couto leva personagem e leitor à loucura, como os “tresandarilhos
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De: isaantunes  (Mensaje original) Enviado: 10/07/2010 16:48

Romance de Mia Couto leva personagem e leitor à loucura, como os “tresandarilhos”

Ao "toctoc" na madeira, segue-se uma resposta sui generis. Pessoas mais convencionais diriam "quem é?", "entre" ou talvez "um momento, por favor, estou me vestindo". Mas Bartolomeu Sozinho pergunta sempre "por quê?" quando alguém bate na porta do quarto, o quarto onde vive sua vidinha solitária de homem doente e meio louco, que jura que a mulher quer matá-lo. Naquela casa de malucos, as respostas nunca correspondem às perguntas.

Leia este diálogo, por exemplo, entre Dona Munda, mulher de Bartolomeu, e Sidônio Rosa, o médico, um dia após este perceber que havia esquecido uma pasta com documentos na casa deles:

- Ele não lhe disse que tinha encontrado uma pasta minha?
- Uma pasta?
- Esqueci-me dela ontem no quarto dele.
- Não sei de nada.
- E ele chegou a sair à rua?
- Barto nunca mais voltará à rua.
- E falou com alguém?
- Com quem poderia falar? Não, ele só cirandou aqui pela casa. Hoje é aniversário dele...
- Quantos anos faz?
- Contar idades dos outros só aumenta a nossa própria idade...
É dessa forma, com diálogos feitos de respostas criativas mas pouca elucidativas, que a trama de “Venenos de Deus, Remédios do Diabo”, último livro de Mia Couto, evolui sem dar pistas da reviravolta que vem pela frente. O que parece mero recurso linguístico vai aos poucos se revelando parte integrante e fundamental da construção da narrativa. Vai se revelando um modo de enrolar o médico, de ganhar tempo para que ele seja envolvido de modo a não conseguir mais sair do vilarejo moçambicano de Vila Cacimba, onde se passa a história. De não conseguir sair da própria história.

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Aos poucos, no entanto, começam a vir à tona algumas poucas verdades e muitas dúvidas no cotidiano do médico português que vem de longe para tentar curar uma epidemia e encontrar a mulher amada – a jovem Deolinda, filha de Munda e Bartolomeu –, mas acaba virando uma espécie de genro solteiro, já que frequenta diariamente a casa e a vida da família à espera da jovem que nunca chega.

De repente, o velho Bartolomeu ganha um apetite sexual inusitado; a família talvez não tenha o número imaginado de pessoas; Deolinda não esteja onde se acredita; a epidemia que assola o vilarejo não seja a enfermidade mais grave da história; o cemitério não tenha apenas mortos; o médico já tenha interesse em curar a epidemia que deixa inúmeros “tresandarilhos” a vagar pelas ruas; e Dona Munda queira ser mais que uma sogra bondosa...

O médico vai ficando confuso, o leitor idem. E assim o escritor moçambicano, jornalista e biólogo que atualmente se dedica a estudos de impacto ambiental, faz de seu último livro uma obra agradável, leve e ao mesmo tempo densa, tensa, que mistura diálogos contundentes com pitadas de filosofia bem aplicadas como “o tempo é o lenço de toda lágrima”. Sem falar na aula de português. Você sabia, por exemplo, que peúga é uma meia curta? E que tresandar é sinônimo de recuar, cheirar mal, perturbar?

 
Venenos de Deus, Remédios do Diabo
Mia Couto

 

In:http://operamundi.uol.com.br/noticias_ver.php?idConteudo=3115




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