O governo português vai avançar com as obras do TGV Poceirão-Caia, na ligação Lisboa-Madrid, em Setembro, anunciou hoje o ministro das Obras Públicas.
António Mendonça falava após a realização dos testes de carga no viaduto de Alcazaba, naquele que é o primeiro teste da linha de alta velocidade na Extremadura.
O governante português na presença do seu homólogo espanhol, o ministro do Fomento de Espanha, José Blano Lopéz reconheceu que do lado de lá da fronteira os trabalhos vão mais adiantados.
"Constatamos hoje que o projecto de alta velocidade em Espanha está no terreno e a desenvolver-se. Mais de 100 quilómetros já em construção. Também têm um conjunto muito significativo de outros troços em estudo, execução e adjudicação", disse.
António Mendonça garantiu que em Portugal os trabalhos têm início em Setembro e que o arranque oficial será dado na Cimeira Ibérica a realizar na cidade fronteiriça de Elvas.
"Em Portugal as coisas estão ligeiramente mais atrasadas até porque a metodologia que nós seguimos é diferente. Nesta ligação Lisboa-Madrid optámos por duas grandes parcerias público-privadas.
Em Setembro vamos ter a oportunidade, talvez quem sabe, no âmbito da Cimeira Ibérica, de marcar no terreno o arranque da obra na ligação entre o Poceirão-Caia (fronteira espanhola)", anunciou o ministro português.
Relativamente à outra parceria público privada que faz a ligação entre Lisboa e o Poceirão, que inclui a terceira travessia do Tejo, António Mendonça adiantou que, devido à crise internacional, houve necessidade de repensar o modelo de financiamento do projecto.
"Era uma parceria que necessitava de recurso a um elevado crédito bancário e neste momento estamos a tentar canalizar um conjunto de verbas comunitárias que podem ser utilizadas no âmbito desse projecto e dessa maneira aliviar significativamente os encargos financeiros do estado".
O primeiro teste de carga efectuado hoje no viaduto de Alcazaba está integrado no troço Badajoz-Montijo (Espanha).
O viaduto de Alcabaza tem uma extensão de 130 metros de comprimento e está inserido na linha de alta velocidade programada para o tráfego misto.
O teste de carga estático consistiu em colocar no tabuleiro do viaduto um total de doze camiões, cada um dos quais com quarenta toneladas.
Por cada um dos três pilares da ponte foram colocados quatro camiões.
Este tipo de testes são obrigatórios em qualquer estrutura do género antes da sua abertura ao tráfego e permitiu comprovar a adequada concepção do viaduto.
O ministro das Obras Públicas português considerou o teste de carga um ato revestido de simbolismo entre os dois países.
"Este teste de carga é um pequeno ato, mas carregado de simbolismo, porque é com estes pequenos acontecimentos que assumimos compromissos com projectos fundamentais e sem dúvida que esta ligação ferroviária é estrutural na relação entre os dois países a todos os níveis. Quer pessoais, económicas e políticas", afirmou António Mendonça.
Também o ministro do Fomento espanhol sublinhou a importância da cerimónia realizada esta manhã.
"Reforçamos hoje aqui, com a realização deste teste, que entre Portugal e Espanha há um compromisso assumido e que a linha Madrid-Lisboa é estratégica. É uma rede prioritária transeuropeia e está concebida para o tráfego misto o que lhe confere um carácter mais eficiente e competitivo", referiu José Blanco López.
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