E os bolos ficaram para a história: Scala vende peças de viaturas
2010/08/24
É isso! Os bolos do lendário Scala na baixa da cidade ficaram para a história! Sabores como bolo de arroz, massa folhada, bolo-rei, natas e pastéis, já não voltarão a ser servidos naquele espaço antigo.
Estas guloseimas, foram já trocadas por jantes, pneus, câmaras-de-ar, farolins, retrovisores, pára-brisas, balatas, cardãns e outros acessórios do mundo automóvel.
Isto vem a-propósito, da transformação que se assiste do café Scala, outrora, cantinho de lazer, aonde convergiam amigos, famílias inteiras e intelectuais da praça para tomar o seu cafezinho, ler um jornal ou ainda debater ideias da actualidade.
Com efeito, o Scala é um daqueles lugares que a baixa da cidade de Maputo sempre teve como um dos pontos emblemáticos que fazem a memória colectiva das gentes de KaMpfumo e não só. Estamos a falar de casas, cuja importância social e histórica, os elevou a postais e autênticos cartões-de-visitas na urbe. Aliás, foi sempre, para muitos turistas nacionais e estrangeiros, uma paragem obrigatória, tal como acontece com o seu ‘vizinho’ café Continental.
Neste momento, o último compartimento que ‘sobrava’ (dos três existentes) está praticamente pronto para vender peças de várias marcas de viaturas! Isso acontece depois de os restantes terem se transformado em lojas que se dedicam à venda de roupas e outras bugigangas.
Com este cenário, está-se, seguramente, a matar a história da ‘cidade das acácias’ que tem a sua história e com um passado que deve ser preservado.
O Scala figura na baixa da cidade como um ex-libris desta urbe cosmopolita. Um dos postais da capital que efectivamente se recomenda. Entretanto, este facto de transformação, sem respeitar a história da cidade, também acontece, porque não há nenhum dispositivo legal que obriga os investidores a seguirem uma certa actividade comercial diferente da que pretendem em nome dos legados históricos da cidade. Assim, a legislação de protecção histórica da zona da baixa em que se situa o Scala, a Lei número 10/88, de 22 de Dezembro, apenas impede a transformação dos desenhos dos edifícios, mas não regula o tipo de actividades a serem levadas a cabo.
Todavia, nunca será por demais lembrar que na altura em que o novo investidor adquiriu o Scala deixou claro, que ‘pouparia’ uma parte do Scala para continuar a sua vocação de pastelaria. Como forma de salvar a tradição e evitar a morte desta casa lendária. Seria, por assim, dizer uma espécie de um Scala em miniatura. E hoje, com a nova realidade, ficou claro que o ‘Scala’ morreu, definitivamente!
Esta imagem documenta o Scala já com os reclames publicitários das marcas de acessórios de automóvel que ali serão comercializados a abrir dentro em breve!...
fonte: Jornal Notícias
http://www.imensis.co.mz/news/anmviewer.asp?a=19663