Apesar de andar fugido à justiça há cerca de dois anos um dos cabecilhas responsável pelo esquema de burla a seguradoras com recurso a acidentes simulados foi contemplado com o Rendimento Social de Inserção. Angola é agora o destino previsível de fuga.
Há cerca de dois anos que as autoridades tentam, sem sucesso, deter o homem, de 40 anos, suspeito de ser o “cérebro” de uma rede composta por cerca de 46 pessoas que, entre 2000 e 2006, terão lesado várias seguradoras em cerca de um milhão de euros.
O suspeito, que tinha residência e oficina de reparação automóvel em Lobão, Santa Maria da Feira, estava obrigado a apresentar-se três vezes por semana no posto da GNR de Canedo, mas deixou de comparecer às autoridades em Dezembro de 2008, depois de ter sido notificado pelo Tribunal de Espinho para comparecer em interrogatório. Facto que, apurou o JN, poderia resultar na alteração da medida de coacção, fazendo com que aguardasse julgamento em prisão preventiva.
Foram então emitidos vários mandados de detenção para levar o homem a tribunal, mas as autoridades acabariam por não conseguir localizar o seu paredeiro apesar das repetidas tentativas.
Depois de vários locais temporários de fuga, o homem acabaria por se instalar na Maia onde conheceu uma companheira com quem passou a viver. E, apesar de ser procurado pelas autoridades, não hesitou em recorrer aos serviços da Segurança Social onde solicitou o Rendimento Social de Inserção.
Neste serviço, terá sido informado que para ser beneficiário do apoio em causa teria que se inscrever do Centro de Emprego e Formação Profissional. Usando identificação verdadeira, inscreveu-se neste último serviço, mostrando disponibilidade total para conseguir os carimbos comprovativos da procura de emprego e participar nas acções de formação que fossem solicitadas. Mas quando essas acções de formação lhe eram propostas terá evocado a necessidade de se ausentar do país para prospecção de possíveis ofertas de trabalho noutros países. Esquema que resultou.
Entre a documentação solicitada para o processo foram, ainda, pedidos documentos comprovativos de um empréstimo relativo a uma habitação que possuía assim como de um empréstimo pessoal que afirmara ter contraído. Este último empréstimo foi concedido ao suspeito das burlas e a uma antiga companheira, mas terá conseguido uma declaração por parte da entidade bancária como o empréstimo foi concedido apenas a ele próprio, para poder incluir este encargo no processo.
Estes e outros subterfúgios acabariam por resultar. Foi contemplado com o Rendimento de Social de Inserção, sabendo o JN que, vai ser depositado em conta bancária duas prestações de 475 euros, cada uma, relativas a dois meses, que o indivíduo tem em atraso, uma vez que o processo foi concluído há dois meses.
Estas informações serão já do conhecimento das autoridades que encetaram nova tentativa de detenção, que também não foi possível concretizar. Sabendo que as autoridades estão no seu encalço, o fugitivo terá já viajado para um país europeu que servirá de ponto de partida para Angola. País do qual conseguiu recentemente a nacionalidade.
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Policia/Interior.aspx?content_id=1650947