Abri o livro que talvez me traga um pouco de inspiração, no coração que anda um pouco triste!
Tenho-me lembrado tanto da casinha que deixei, do bairro branquinho de casinhas alinhadinhas, de tantos amigps bons... é tudo tão diferente aqui, as mentalidades e rivalidades que me fazem grande confusão, não contava com isto....
Estou fazendo um esforço enorme para não fraquejar, por vezes sinto como se me apertassem o pescoço, então fecho a porta e abalo rua fora, umas vezes sem rumo certo, hoje fui ao café, lá estava o cavalheiro das barbas, me convidando para sua mesa, agradeci e macambuzia me sentei numa mesa isolada e fiquei olhando o café que havia pedido, estava esfriando, mas meu pensamento não estava ali...
Então eu vi, o menino de cabelo encarapinhado e sujo de lama onde brincara, nas mãos pedrinhas da calçada, e eu vi que me olhava, era ele o menino do velho António, o António que fora o mainato do outro menino que ele ajudara a criar...
Também vi o velho Percheiro olhando o girassol que crescia, pobre pai, se ele soubesse o quanta falta me faz...
Hoje reparei que a almofada estava molhada, mas não fora o menino da calçada, chuva? Mas a chuva batia e não entrava na casa fechada... Então quem seria?
No lado oposto o cão ladrava, não havia sossego para o aconchego do menino que dormia, e eu também queria dormir, mas quando dei conta lá estava o senhor das barbas e o café que esfriava, afinal eu ainda ali estava...
São Percheiro 17 de Setembro