Está patente desde terça-feira e até ao dia 6 de Novembro, no Instituto Camões, em Maputo, a exposição fotográfica ‘Calçada Portuguesa no Mundo’. Da autoria do português Ernesto Matos, a mostra reúne 33 fotografias da calçada portuguesa em sítios tão diferentes como Hawai, Angola, ou Estados Unidos.
A mostra insere-se no projecto do livro homónimo que foi simultaneamente lançado. Nesta exposição é possível ver calçada portuguesa locais como Lisboa, Hawai, Macau, Goa, Moçambique, Angola, Cabo Verde, S. Tomé, Timor, Inglaterra e Estados Unidos.
Em conversa com o SAPO MZ, Ernesto Matos, designer gráfico e funcionário da Câmara Municipal de Lisboa, começou por dizer que o projecto demorou cerca de 10 anos, tendo-o levado a 16 países. Sobre o seu interesse por este tipo de pavimento Ernesto defende que o facto de ser designer gráfico contribuiu muito para isso. “Os elementos que estão no chão são muito importantes para mim. Eles, através da pedra, comunicam. Através dos desenhos das pedras, sem darmos conta, transmitimos mensagens. Porque é que colocamos lá caravelas, florões ou motivos marítimos? Tudo isso é vontade de comunicar.”
Ernesto não tem dúvidas que a calçada portuguesa não se restringe à cultura daquele país: “Ela é universal porque recebe influências de todos os lados.” E dá exemplos: “No Brasil, em Copacabana, a calçada possui motivos dos índios brasileiros, é extraordinária. Em Cabo-Verde domina, por exemplo, a tapeçaria. Goa, na Índia, é um caso muito curioso. Não havendo calcário na região nem pedras parecidas, utilizaram restos de cerâmica partida para fazer calçadas. Aqui, em Maputo, surpreendeu-me particularmente a que está diante do Museu Nacional de Arte, em que os desenhos são tipicamente africanos. São macondes de Cabo Delgado.São estas influências que tornam a calçada espectacular. Esta interculturalidade é magnífica.”
Ernesto Matos já tinha estado em Moçambique no ano 2002. “Nessa altura encontrei muitas calçadas, sobretudo em Maputo. Agora estão um pouco mais degradadas, mas foram feitas com tanta qualidade que continuam, embora sem manutenção, muito bem conservadas.” Fora da capital Ernesto encontrou calçada portuguesa na Ilha de Moçambique. “Curiosamente não está em muito mau estado, embora certos desenhos já quase que não se percebem. Sei que em Nampula há calçada portuguesa mas ouvi dizer que está tapada.”
Quando lhe perguntamos pela sua preferida, Ernesto não hesita: “Os ‘Dez Cantos dos Lusíadas’ em Macau. São de um rigor extraordinário, sobretudo os vários tons de preto. Só a paciência dos chineses permite aquele rigor.”
Cristóvão Araújo
Sapo MZ
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