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General: Há 40 anos, o capitão trocou o Benfica pelo Lyon. Ontem, o capitão esteve na ban
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De: isaantunes  (Mensaje original) Enviado: 03/11/2010 10:21

 

 

O mais velho. Era assim que Eusébio, o grande Eusébio, tratava Coluna nos tempos áureos do Benfica. Quando o país era (re)conhecido no estrangeiro pelas epopeias europeias do Benfica. Quando a Taça dos Campeões era mesmo só com campeões. Quando os campeões eram da fibra de Coluna. E voltamos ao ponto de partida. Agora com 75 anos, Coluna ainda é o mais velho para Eusébio. E para todos os outros jogadores que participaram naqueles 16 anos gloriosos que evidenciaram o Benfica como dez vezes a melhor equipa nacional e duas vezes a melhor equipa europeia. Coluna não só esteve sempre presente nesses títulos (falta referir as sete Taças de Portugal) como ainda era o capitão.

Saiu do Benfica em 1970 mas não arrumou as botas. Emigrou para França, onde jogou uma época no Lyon. O i visitou o baú de memórias de Coluna, o homem que ganhou 19 títulos no Benfica e nenhum no Lyon. A figura irrepetível que marcou 127 golos em 525 jogos pelo Benfica, entre 1954 e 1970, e mais dois em 20 pelos franceses, em 1970-71. Ontem, foi dia de jogo na Luz. Entre Benfica e Lyon, para a Liga dos Campeões. Na bancada central, a convite de Luís Filipe Vieira, lá estava Coluna. Antes de ir para o seu lugar marcado, falou connosco.

Coluna, boa noite. Tudo bem?

Desde que o Benfica ganhe.

Mas o jogo ainda nem começou!

Sim, mas ganhou o último que fui ver. Aquele na sexta-feira. Com o...

Paços de Ferreira.

Isso. Desculpe o meu compasso de espera, mas nunca joguei com o Paços de Ferreira [o primeiro jogo com o Benfica foi em 1982, ou seja 12 anos depois de Coluna arrumar as botas] e então o nome falhou-me. Não foi por mal.

Claro que não, mas obrigado pelo esclarecimento. Agora é Benfica e Lyon. Foi o primeiro jogador a saltar de um clube para o outro. Alguma sensação especial?

Não. O Benfica é o Benfica. Sou do Benfica desde que nasci. Quando jogava em Moçambique, o FC Porto apresentou-me uma proposta [90 contos por três épocas] e o Sporting outra [100 contos por duas épocas]. O Benfica igualou a do Sporting e eu fui para lá. Num abrir e fechar de olhos. Repito, o Benfica é o Benfica. Seja qual for o outro clube, não me divido.

Mas então e aquela época no Lyon?

O Benfica é o Benfica. Ponto. Em Lyon, foi engraçado, tenho grandes recordações. Chegámos à final da Taça de França [perdida para o Rennes por 1-0] e ficámos em sétimo lugar no campeonato francês [com os mesmos pontos do terceiro, o Bordéus].

Como apareceu a proposta do Lyon?

O Benfica disse que não precisava de mim e eu estava a tirar o curso de treinador, quando um empresário francês e o presidente do Lyon bateram à minha porta. Apresentaram-me os números e lá fui.

Havia diferenças?

Se havia diferença? [riso contido] Claro que sim. Então aqui o futebol era amador. O Salazar não permitia o profissionalismo. Lá em França era tudo diferente. O futebol era profissional. Recebia-se mais. Nessa altura, você devia ser muito novo.

Nem sequer era nascido.

Pois. Então digo-lhe uma coisa: saí do Benfica a ganhar 2500 escudos por mês. Mais, você sabia que, por exemplo, o Mário João [avançado na CUF e lateral no Benfica] saiu do Benfica como bicampeão europeu porque a CUF lhe pagava mais? Isso é revelador daqueles tempos. Um contrato profissional era mais importante que um de amador. Agora não, agora qualquer júnior ganha mais que ele ou eu naquela altura.

Grandes mudanças, então.

Nem imagina. Mas voltando a Lyon, gostei de lá estar.

Foi sozinho ou levou a família?

Fui sozinho. Com a família falava pelo telefone.

E com os seus amigos de Lisboa: Eusébio, Simões, José Augusto, Mário João...?

Nunca falei com eles. Acha que eles tinham dinheiro suficiente para me ligar de Lisboa para Lyon? Não tinham [riso contido, e repete a pergunta para o lado, onde estava a filha Lurdes]. Não tinham. As ligações eram muito caras. Não mantive contacto com eles nesse período. Só depois quando voltei.

Só uma época no Lyon. Foi um erro?

Não, aprendi lá tantas coisas e recebi tanto carinho. Nem imagina o peso sentimental dos emigrantes. Já tinha sentido isso quando o Benfica viajava para fora, mas agora eu estava sozinho e tudo era incrível. Onde quer que eu fosse, os portugueses faziam-me sentir em casa. Em restaurantes, em lojas, em supermercados, nas ruas...

E nos estádios?

Entoavam o meu nome. Os emigrantes gritavam "Co-lu-na, Co-lu-na!" Até sentia vergonha porque os outros jogadores da minha equipa [por lá, andava um tal Raymond Domenech, com apenas 18 anos, o polémico seleccionador francês do Mundial-2006 ao de 2010] não tinham este tipo de apoio.

E fora de Lyon?

A mesma coisa. Em França, havia emigrantes em todas as cidades em que joguei. Eles entoavam o meu nome e depois faziam questão de me esperar fora do estádio para falar comigo, apertar-me a mão e pedir-me um autógrafo. Era incrível a adesão popular à minha pessoa.

E o regresso a Portugal?

Natural. Ainda fui jogador-treinador do Estrela Portalegre [em 1971-72, na 3.ª divisão, série C]. Mas aí só joguei por necessidade, porque já não era mais que o Sport Lisboa e Saudade.



Por Rui Tovar, Publicado em 03 de Novembro de 2010  

http://www.ionline.pt/conteudo/86467-os-emigrantes-entoavam-o-meu-nome-nos-jogos-co-lu-na-co-lu-na



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