Maputo (Canalmoz) – O chefe de Estado cabo-verdiano, Pedro Pires, foi esta quarta-feira ao parlamento manifestar perante os deputados, a sua satisfação com o “nível de desenvolvimento de Moçambique”. E o elogio não podia ser mais apoteótico. “O Estado moçambicano e seu respectivo Governo da Frelimo são credíveis e gozam de uma reputação internacionalmente reconhecida”. Eis o pomposo e simpático elogio insular. A ida de Pedro Pires à Assembleia da República (AR) foi uma das actividades que marcava o fim da visita de três dias, daquele estadista a Moçambique. Pedro Pires terminou a visita, depositando grande confiança no alargamento da cooperação entre a República de Moçambique e de Cabo-Verde. Neste contexto, Cabo-Verde compromete-se, segundo assumiu o chefe de Estado daquele país, a explorar com determinação e criatividade outras áreas com potencialidades de cooperação e de intercâmbio. Disse (em referência a um acordo específico para a área assinado ainda ontem) que a área de ciências e tecnologias se revela crítica para o desenvolvimento dos dois países. Aquele estadista recordou que Moçambique alberga uma comunidade cabo-verdiana que na sua maioria foi impelida pelas precárias condições de sobrevivência nas nossas ilhas. Veio a Moçambique à procura de uma vida melhor. “Hoje algumas gerações depois, esses moçambicanos de origem cabo-verdiana e plenamente integrados, contribuem para o enriquecimento material e cultural de Moçambique”.
Crise financeira mundial
O presidente de Cabo-Verde falou também da crise. “A mais intensa e persistente dos últimos tempos”. Recordou que a crise começou no sector imobiliário, passou a financeira de amplitude internacional, para desembocar na crise económica, afectando particularmente as economias mais ricas, das quais algumas entraram em recessão. Analisando as consequências da crise, Pedro Pires considera que fica evidente que falharam os mecanismos de regulação e as práticas de precaução. Referiu que se constata que aqueles (países) que são tão pródigos em dar receitas às crises dos outros revelaram-se incapazes de encontrar soluções eficazes para resolver as suas. Pela sua ampla abrangência, de acordo com aquele chefe de Estado, a situação exige uma abordagem globalizada e algum sentido de autocrítica, daí a necessidade da reformatação da arquitectura financeira mundial e de uma atitude cooperativa nas relações económicas. Pedro Pires aconselha a uma cooperação inter-africana reforçada e ao aprofundamento da chamada cooperação sul-sul.
Luta pela independência
Pedro Pires destacou o papel da luta pela independência dos dois povos, que nas suas palavras foi, decerto, uma obra colectiva de todo um povo, e que a mesma luta teve protagonistas que souberam interpretar os sentimentos e as aspirações dos seus compatriotas. “A mesma coragem que caracterizou as gerações da luta pela independência, é hoje pedida às jovens gerações numa frente mais exigente e complexa que é o desenvolvimento e o bem-estar”, disse. Disse ser imperioso que se defenda (nos dois estados) uma sociedade onde impere a liberdade e a dignidade humana, e se combata qualquer tipo de intolerância, violência, e marginalização. (Matias Guente)
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