O ofício de lavar roupa à beira do rio ainda é resguardado por centenas de senhoras na região ribeirinha do Baixo São Francisco. Elas acordam cedo, com o raiar do “sol do Chico”, pega o sabão negociado com a patroa e parte com as trouxas de roupa na cabeça para a beira do rio. Juntos com elas se mantêm a tradição de “bater a roupa” na pedra e deixá-la para quarar. O colorido das roupas na pedra quarando ao sol quente é um cenário de encher os olhos a beira das águas esverdeadas. A paisagem é emoldurada por crianças que brincam na água e embarcações centenárias.
lavavam as roupas e cuidavam dos filhos mais novos. As antigas avós lavadeiras passavam pelas ruas da cidade carregando o filho menor no colo, vestidas com saias de retalhos coloridos equilibrando pesadas trouxas de roupas na cabeça. As lavadeiras da atualidade têm pouco haver com as antigas. Elas já não equilibram mais as pesadas trouxas na cabeça preferem o carrinho de mão e não cantam os lamentos da profissão. Hoje musicalizam sucessos tocados pelas rádios.
Água fresca
da ribeira
água fresca que o sol aqueceu
Três corpetes, um avental, quatro fronhas um lençol
três camisas do enxoval
que freguesa dá o rol.
Eu não sou de cá mas me lembro nos poucos momentos em que cá vinha de ver as senhoras chiques, de chapéus de plumas e vestidos ás pintinhas, cujas lavadeiras cuidavam de suas vestes tudo muito fresquinho onde depois o velho ferro a carvão dava o último toque (não me toques)...
Eram as alegres e cantadeiras lavadeiras de Portugal hoje máquinas de lavar roupa.
Que tempos tão bonitos onde o povo trabalhava alegre e sádio, onde o frio não entrava sob o lenço colorido, gente alegre que na sua cantoria iam dando á língua até que a roupa secava e lá iam então para suas casas.
Ai rio não te queixes
ai que o sabão não mata
ai até lava os peixes
e põe-nos da cor da prata.
Boa noite lavadeiras do Portugal de outros tempos.
São Percheiro