05/01/2011
Reacções de pezar pela morte esta Quarta-feira do pintor moçambicano Malangatana continuam a convergir de todos os quadrantes do mundo.
O Presidente de Portugal, Cavaco Silva, lamentou a morte do pintor, 'artista de exceção' e um dos mais expressivos símbolos da união entre a arte moçambicana e portuguesa”.
Em mensagem dirigida à família do artista, Cavaco Silva enaltece ainda o “papel cívico” de Malangatana na “luta pela democracia e pela melhoria das condições de vida do povo moçambicano”.
'Em meu nome pessoal e no da minha mulher, quero apresentar sentidas condolências à família do pintor Malangatana, um dos mais expressivos símbolos da união entre a arte moçambicana e portuguesa. Pelo seu percurso enquanto pintor e artista de exceção, mas também pelo seu papel cívico na luta pela democracia e pela melhoria das condições de vida do povo moçambicano, Malangatana é justo merecedor da nossa mais profunda estima e consideração”, o chefe de Estado português.
Ele acrescenta que a memória de Malangatana perdurará como um “amigo de Portugal e dos Portugueses”.
“Neste momento de luto, é com sentido pesar que presto a minha homenagem a Malangatana, uma figura marcante do encontro de culturas secular entre Portugal e África, que ficará na memória e no coração de todos os que acompanharam o percurso deste amigo de Portugal e dos Portugueses”, pode ler-se.
Por seu turno, o Governo português salienta o “legado de intervenção e criação cultural de grande expressão no mundo lusófono e de reconhecimento internacional” de Malangatana.
Numa nota de pesar pela morte do pintor, o Executivo português sublinha que Malangatana Valente Ngwenya 'é um dos pintores lusófonos mais conhecidos em todo o mundo”.
O pintor, nomeado pela Organização das Nações Unidas para Ciência, Educação e Cultura (UNESCO) em 1997 “Artista pela Paz” foi condecorado pela República Portuguesa com a Ordem do Infante D. Henrique (grau Grande Oficial).
“A ministra da Cultura e o Secretário de Estado da Cultura, em nome do Governo e em seu nome pessoal, expressam o seu pesar” pelo falecimento do “carismático pintor moçambicano”, lê-se na mesma nota.
“A sua criatividade expressou-se também através da poesia e dos contos da tradição oral africana, além do envolvimento cívico na criação de instituições culturais de que são exemplos o Museu Nacional de Arte ou o Centro de Estudos Culturais e um centro de formação para a juventude”, refere o texto governamental.
“A pintura de Malangatana, inequívoca herdeira e transmissora de um legado africano, manifesta um arrojo de formas de grande intensidade visual e pictórica onde a vida sublinha a integração do ser humano na natureza, conjuga simbologias de modernidade e de progresso e estabelece a síntese da arte com uma visão política, através de uma linguagem universal”, prossegue.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) lamentou igualmente a morte do pintor Malangatana, “um grande advogado das crianças”.
O UNICEF lembra o envolvimento do artista na defesa dos direitos da criança, sublinhando que Malangatana pintou a título filantrópico o mural dos escritórios do UNICEF em Maputo.
A comunidade moçambicana em Portugal está igualmente chocada com a morte de Malangatana.
O corpo do pintor será trasladado para Moçambique onde decorrerão as exéquias oficiais, estando neste momento a Embaixada de Moçambique em Lisboa em coordenação com a família do malogrado a trabalhar nesse sentido.
(RM/AIM)
|