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De: isaantunes  (Mensaje original) Enviado: 08/01/2011 18:11
"Moçambique é hoje mais e melhor conhecido em grande parte pela obra de Malangatana”
Após uma homenagem na última quinta-feira, no Porto, e na sexta-feira, em Lisboa, onde Malangatana será homenageado pela comunidade moçambicana e entidades oficiais, está prevista para próxima terça-feira a transladação do seu corpo de Lisboa para Maputo. Enquanto se espera, amigos e colegas de Malangatana lamentam esta perda e consideram-se órfãos. O artista plástico Naguib refere que morte de Malangatana representa uma grande perda para África e para o mundo em geral. “Ele simbolizava a cultura moçambicana. Discutíamos muito sobre as artes plásticas e ele dizia-me que a pintura não estava na tela, mas na cabeça do artista”, diz. Contou também que uma das coisas que mais o impressionavam no relacionamento com Malangatana, como pessoa, era a sua humildade. “Ele dizia que o artista que não é humilde deixa, automaticamente, de ser artista”.

Para o escritor Mia Couto, “é uma notícia muito, muito, triste. Moçambique teve em Malangatana uma espécie de embaixador permanente da cultura pela projecção que deu ao país. Moçambique é hoje mais e melhor conhecido em grande parte pela obra de Malangatana”.  Ele afirmou o princípio de uma cultura sem fronteiras, com dignidade e sem agressões por outras raças e culturas. “Entendia que as culturas eram mulatas. É um enorme vazio a sua morte, mas deixa um grande legado”, acrescentou.

A antiga embaixadora do Brasil em Moçambique, Leda Lúcia Camargo, disse estar de coração partido com o desaparecimento físico do pintor- mor, ao que deixou as seguintes palavras: “Meu amigo Malangatana, meu querido, tenho a tua foto aqui em minha frente e um dos teus quadros na parede. O frio e a neve nesta cidade de Praga reflectem a minha tristeza. Nos vimos em Lisboa no ano passado; domingo, dia 2, tentei te telefonar, sem conseguir, estava com saudades tuas, queria ouvir tua voz grossa e calorosa. Você que afinal não chegou a vir me visitar, como combinamos. Ainda tem aqui os mesmos chinelos que sempre te esperaram em minha casa em Maputo, para as nossas boas conversas. Assista do céu a minha desolação e testemunhe aos amigos moçambicanos que estamos todos juntos neste momento e que não há distância ou tempo que separe profundas amizades”, referiu.

 Por sua vez, Lindo Hlongo, também artista plástico, considera a morte de Malangatana como sendo “uma perda irreparável”. “Ele era tudo. Praticava a dança, a escultura, a poesia, o teatro e a música e identificava-se com a população. Perdemos um comandante”, disse. Hlongo lançou um apelo à família Ngwenya para que saiba gerir da melhor forma o seu legado cultural.

“Malangatana era um grande amigo meu, conheço-o há mais de 40 anos. Para além de um grande pintor do mundo, era o homem de Moçambique, que combateu contra o colonialismo português e mesmo assim conseguiu conquistar o coração dos mesmos”, recorda o professor Calane da Silva.

“Os artistas estão de luto com a morte do maior pintor da história do país”, resumiu o pintor Victor Sousa.

A escritora Lina Magaia explica que a obra de Malangatana é marcada por “telas em que o colectivo e as multidões são representadas, com rostos que são máscaras. A obra tem uma identidade muito forte. Quando olhamos para uma obra do Malangatana, imediatamente dizemos que é Malangatana. Tem uma autoria fortíssima”, sublinhou.

A cantora Stella Mendoça, endereçou a seguinte mensagem: “o triste desaparecimento físico do nosso grande artista, mestre, amigo, nos cobre de profunda tristeza, porém, as minhas paredes repletas de suas obras fizeram-me lembrar que um mestre pintor nunca morre e nunca reforma. Não há nenhuma retirada de um artista, a arte de Malangatana é o seu modo de viver, assim não há nenhum fim nem morte para ele. A grande arte renasce onde a natureza termina. Os grandes homens do mundo nunca morrem, nós os moçambicanos, não perdemos um grande homem mas sim ganhámos, através da arte de Malangatana, a oportunidade universal. As minhas profundas condolências e sentimento de dor vão à sua esposa, filhos, amigos e colegas, e a todos aqueles anónimos que o amavam e apreciavam e continuarão deixar-se inspirar pelo mestre pintor. Vistamos-lhe gratidão. Bem haja a sua alma”.

Para o artista plástico Kheto, “É uma grande perda para o mundo. Malangatana conquistou essa dimensão. Ultrapassou as fronteiras de Moçambique e de África. É difícil resumir o que se sente num momento como este. Espero que a obra que ele deixa inspire outros a continuar e a manter esta dimensão”, disse.

O curandeiro das artes

Malangatana Valente Ngwenya nasceu a 6 de Junho de 1936, em Matalana, distrito de Marracuene. Em vida, fez de tudo um pouco: foi pastor, aprendiz de curandeiro, empregado doméstico, mas viria a notabilizar-se no mundo das artes. O pintor fez cerâmica, tapeçaria, gravura e escultura. Fez experiências com areia, conchas, pedras e raízes. Foi poeta, actor, dançarino, músico, dinamizador cultural, organizador de festivais, filantropo e até  deputado da Frelimo. Frequentou a Escola da Missão Suíça, em Matalana, onde aprendeu a ler e a escrever em ronga. A partir de 1959, descobertas as suas capacidades artísticas, Malangatana envereda por uma carreira de pintor profissional, com o apoio de Augusto Cabral e do arquitecto Miranda Guedes (Pancho), que lhe cedeu a garagem para atellier e lhe  adquiria dois quadros por mês, para que se pudesse manter. Em 1961,  Malangatana realiza a sua 1.ª exposição individual em Lourenço Marques. Após o início da luta armada, Malangatana junta-se à FRELIMO. Em 1971, recebe uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian para especializar-se em  gravura, em Portugal. Com a independência do país, Malangatana envolve-se directamente na actividade política, participando em acções de mobilização e alfabetização. Foi um dos criadores do Museu Nacional de Arte e convidado a criar a actual Escola Nacional de Artes Visuais. Procurou manter e dinamizar o Núcleo de Arte e criou os núcleos dos artesãos das zonas verdes de Maputo. Desenvolve intensa  actividade no âmbito do Grupo Dinamizador do bairro do Aeroporto, onde residia, e participa em múltiplas actividades cívicas e sociais. Intervém na organização da escolinha dominical “Vamos brincar”, promovida pela UNICEF. Terminada a guerra civil, retomou o projecto cultural que impulsionara na sua aldeia de Matalana, surgindo assim a Associação do Centro Cultural de Matalana, de que foi  presidente. Foi vice-comissário nacional para a área da cultura de Moçambique na EXPO 98 (Lisboa), em Portugal,  e  Hannover 2000, na Alemanha. A sua obra é reconhecida em todo o mundo, participando em múltiplas exposições individuais e colectivas, integrando diversos júris, em Moçambique e no estrangeiro, bem como participando em múltiplos e diversos workshops. Em 1996 e 2004, publica dois livros de poemas que reúnem a sua obra poética desde os anos sessenta. A 6 de Junho de 2006, é homenageado em Matalana por ocasião do seu 70.º aniversário, sendo condecorado pelo Presidente Guebuza com a Ordem Eduardo Mondlane do 1.º Grau, o mais alto galardão do país, em reconhecimento do trabalho desenvolvido não só nas artes plásticas mas também como o grande embaixador da cultura moçambicana. Nessa mesma data foi lançada a Fundação Malangatana Ngwenya. Em 2007, foi condecorado pelo governo francês com a distinção de Comendador das Artes e Letras. Foi-lhe atribuído o doutoramento ”Honoris Causa” pela Universidade A Politécnica em Maputo, em 2007, e, em 2010, pela Universidade de Évora. A sua vida e obra têm sido objecto de vários filmes e documentários, estando representado em vários museus, por todo o mundo, bem como em inúmeras colecções particulares.

 

http://opais.sapo.mz/index.php/cultura/82-cultura/11642-um-golpe-indelevel.html



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