01h12m
Rui Osório
Não há uma geografia, celestial que fosse, para fixarmos, distribuindo-os, os pontos do céu, do purgatório ou do inferno. São realidades que escapam às coordenadas do tempo e do espaço.
Contrariam aquele desejo tão popularmente português que leva as pessoas em vida a esperar, pelo menos, um "cantinho" no céu. Que será isso de um "cantinho", modesto que seja no paraíso?
A plenitude da vida no céu não se contenta com tão pouco. É plena quanto baste e satisfaz.
Quando, há dias, quarta-feira passada, Bento XVI disse que o purgatório não é tanto um "espaço" onde as almas são purificadas, mas um "fogo interior" que purifica as pessoas e as torna capazes de contemplar Deus, repetiu apenas a doutrina mais comum do Catecismo da Igreja Católica. O que aí se diz, em síntese, é isto: o céu é o estado de felicidade suprema e definitiva. As pessoas vêem Deus "face a face, como diz S. Paulo.
O purgatório é o estado de purificação para alcançar a alegria de Deus.
O inferno é a rejeição livre de quem se quer separado de Deus, único que daria a bem-aventurança ou a plenitude da felicidade.
Já antes de Bento XVI, João Paulo II tinha reafirmado que céu e inferno não são lugares físicos, mas, num caso, comunhão com Deus e os bem-aventurados e, no outro, auto-exclusão dessa comunhão libertadora e salvadora.
Aceitar tais afirmações como "novidade" e torná-las mediáticas só releva de défice de cultura cristã, para não falarmos de conhecimentos teológicos.
Não me levem a mal, mas desejo muito a sério que tenhamos todos um "cantinho" no céu! E façam o favor de ser felizes, aqui e agora, e no além!
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