Maputo, 13 fev (Lusa) -- Moçambique vai ter uma segunda barragem no rio Zambeze para produzir energia, a poucos quilómetros de Cahora Bassa, um investimento de 1,75 mil milhões de euros que quase duplica a produção de eletricidade do país.
A barragem, Mphanda Nkuwa, será construída pela construtora brasileira Camargo Corrêa, cujo responsável da multinacional em África é o português Armando Vara.
O investimento, um dos maiores em Moçambique nos próximos anos, 2,4 mil milhões de dólares, representa um quarto do produto interno bruto do país (que não chega a 10 mil milhões de dólares) e deve estar pronto dentro de seis anos, com as obras a começarem no final do próximo ano.
"A construção está prevista para 56 meses, sendo que a primeira das quatro turbinas, de 350 megawatts cada, entra em operação 50 meses após o início da construção", explicou à Lusa Raúl Giesta, administrador executivo da HNMK, empresa que vai construir a barragem e que é formada pela Camargo Corrêa e pelas moçambicanas EDM (eletricidade) e INSITEC.
Ao todo, a barragem de Mphanda Nkwua vai produzir, numa primeira fase, 1500 megawtts de energia, 20 por cento dos quais para Moçambique e o restante para exportar.
Cahora Bassa, a maior barragem de Moçambique e das maiores de África, atingiu recentemente o máximo de produção, 1920 megawatts.
Raúl Giesta explicou que a nova barragem terá um comprimento de 700 metros e 86 metros de altura máxima acima da fundação, com um descarregador de cheias compreendendo 13 comportas.
Será construída a 61 quilómetros a jusante de Cahora Bassa, 70 quilómetros da cidade de Tete e 1500 de Maputo, a capital moçambicana.
Mphanda Nkwua é o maior investimento em África da Camargo Corrêa, que é a maior construtora de hidroelétricas do mundo e a responsável, entre outras, pela barragem de Itaipu, no rio Paraná, com uma capacidade de produção de 14000 megawatts.
"A Camargo Corrêa já produziu cerca de 50 gigawatts de potência, o que equivale a sete por cento da capacidade mundial de geração hidroelétrica", disse Raúl Giesta.
Em entrevista à Lusa em Maputo lembrou que a Camargo Corrêa Moçambique, dirigida por Armando Vara, está também envolvida na construção de uma mina de carvão (da também brasileira Vale) igualmente em Tete, e na reabilitação da linha férrea de Nacala.
Além do Brasil, a multinacional já construiu barragens, por exemplo, na Venezuela e na Colômbia, em Angola está envolvida na reabilitação de estradas, uma das áreas em que a empresa mais se destaca no Brasil, ainda que controle também o maior estaleiro do mundo (Atlântico Sul, no nordeste) e invista no calçado, sendo da Camargo Corrêa a marca de chinelos Havaiana, conhecida mundialmente.
Até agora a ESKOM, a companhia sul-africana de produção e distribuição de energia elétrica, ainda não garantiu a compra da energia que a barragem vai produzir mas o ministro moçambicano da energia, Salvador Namburete, já disse que "Mphanda Nkuwa foi concebida para o desenvolvimento de Moçambique" e que o país quer usar a eletricidade tanto mais que há projetos paralisados devido à escassez de energia.
FP.
Lusa/fim
http://noticias.sapo.mz/lusa/artigo/12141916.html