ESTÓRIAS DE UMA ÁFRICA MISTERIOSA
FIM DOS ANOS 40, PRÍNCIPIO DOS ANOS 50, MUTARARA.
MEU PAI, UM SIMPLES TENENTE, ERA ENTÃO COMANDANTE DA REGIÃO MILITAR.
MUTARARA NA ÉPOCA ERA ALGO INIMAGINÁVEL NOS DIAS DE HOJE. 1800 OU 1950, POUCA DIFERENÇA HAVIA. TIRANDO OS CAMINHOS DE FERRO, MUTARARA CONTINUAVA A SER UM FIM DO MUNDO. OS LEÕES PASSEAVAM NAS RUAS E POR VEZES, À NOITE, COMIAM UM DESPREVENIDO QUE SE AVENTURAVA NO CAMINHO ENTRE O QUARTEL E A VILA OU VICE VERSA. ILUMINAÇÃO, TIRANDO A LUZ DO LUAR, SÓ A DAS VELAS OU DOS CANDEEIROS A PETRÓLEO. ÁGUA ERA A DO RIO, E O FILTRO UM TAMBOR COM CAMADAS INTERCALADAS DE CASCALHO, CARVAO E AREIA.
UMA DAS PREOCUPAÇÕES DO QUARTEL ERA ALIMENTAR A SOLDADESCA, POR VEZES NUMEROSA. LÁ SE CONCENTRARAM AS TROPAS QUE AGUARDAVAM TRANSPORTE PARA A INDIA, E REPELIRIAM BRAVAMENTE AS PRIMEIRAS INVESTIDAS DO PANDITA NERU.
ALÉM DOS HIPOPÓTAMOS QUE DIZIAM, TINHA A CARNE PARECIDA COM A DO PORCO, MEU PAI COSTUMAVA , COM DOIS OU TRES SARGENTOS, SAIR PARA CAÇAR À NOITE PROCURANDO VARIAR O CARDÁPIO COM CARNE MAIS MAGRA.
EM UMA DAS SAÍDAS, PASSANDO POR UMA ALDEIA, ENCONTRARAM OS HABITANTES SUPER AGITADOS. "OS LEOES TINHAM BATIDO NA PORTA DE UMA DAS PALHOTAS E LEVADO UMA MULHER".
A PORTA DA PALHOTA ESTAVA RISCADA PELAS GARRAS DE UM LEÃO, E HAVIA MARCAS DAS PATAS DO REI, MAS A ESTÓRIA SOAVA ESTRANHA. O LEÃO BATEU NA PORTA?
UM DOS SARGENTOS IDENTIFICOU UM PISTEIRO E RESOLVERAM PEGAR O "LEÃO" ENQUANTO A PISTA AINDA ESTAVA FRESCA, POIS POUCAS HORAS SE TINHAM PASSADO.
O PISTEIRO NAO QUERIA DE MODO ALGUM EMBARCAR NA AVENTURA, E SÓ O FEZ ANTE AS AMEAÇAS DO SARGENTO.
À LUZ DAS LANTERNAS DE CABEÇA, SE EMBRENHARAM NO MATO SEM SABEREM O QUE IAM ENCONTRAR. COM A LUZ DAS LANTERNAS JÁ AMARELANDO, ENCONTRARAM A MULHER JUNTO AOS RESTOS DE UMA FOGUEIRA. O CORPO ESTAVA COMPLETAMENTE DESCARNADO, À EXCEÇÃO DE UM PEQUENO CÍRCULO DE CABELO DO TAMANHO DE UMA MOEDA DE 20$00. CANSADOS, JÁ SEM LUZ, ESPERARAM AMANHECER E REGRESSARAM.
PASSARAM-SE ANOS E JÁ EM TETE, NO INÍCIO DOS ANOS 60, EM CONVERSA COM O ADMINISTRADOR MARIO FERREIRA DOS SANTOS CASTRO, INTENDENTE DO GOVERNO DE TETE, E QUE TINHA SERVIDO COMO ADMINISTRADOR DE POSTO PARA AQUELAS BANDAS, FALAVAM DE AMIGOS COMUNS E DE ACONTECIMENTOS QUE MARCARAM AQUELA ÉPOCA DAS SUAS VIDAS. MEU PAI CONTOU A ESTÓRIA AQUI NARRADA E DIZ O CASTRO: EU SEI, FUI EU, E OS MEUS CIPAIOS QUE PEGAMOS ELES. ERA UM GRUPO QUE SE AUTO INTITULAVA DE HOMENS LEÃO. SE VESTIAM COM A PELE DO ANIMAL, E NA CALADA DA NOITE ARRANHAVAM A PORTA DAS PALHOTAS, DEIXAVAM ALGUMAS PEGADAS DE LEÃO FANTASMA E SUMIAM COM AS VÍTIMAS QUE COMIAM MAIS TARDE.
VINTE ANOS DEPOIS, 1970 E POUCO, SURGIU OUTRO CASO DE CANIBALISMO NO TRIBUNAL DE TETE. UM CASAL DE FEITICEIROS FOI APANHADO COZINHANDO UMA CRIANÇA. ALÉM DAS RAZÕES DO RITUAL DE QUE NAO ME LEMBRO MAIS, DIZIAM QUE CARNE HUMANA ERA BOA. SEMELHANTE À DO PORCO, SÒ QUE MELHOR.