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notcias: O João que toca para João - Schwalbach
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De: isaantunes  (Mensaje original) Enviado: 06/05/2011 12:19
O João que toca para João...ao se escutar este álbum, fica-se com uma sensação de frescura. De leveza. De uma saudade imensa. De tranquilidade. De intensa vontade de fechar os olhos e esquecer. De flutuar. De regressarmos aos lugares da nossa infância...

Nunca fui um homem musicalmente culto, se considerarmos que desde sempre experimentei imensas dificuldades em compreender a música dita clássica, entendida por muitos como a música mais erudita e completa de todas as expressões musicais. Assim sendo, pode-se considerar suspeita esta tentativa de leitura sobre o trabalho que João Carlos Schwalbach produziu na obra “Despertar”, absolutamente diferente das intervenções musicais que vem protagonizando nos Ghorwanes e em todos os projectos musicais em que se tem envolvido, mais ligados a uma música de raiz, talvez por isso mais facilmente decifrável, mais disponível para ser consumida por um público mais vasto! Dizia que nunca fui um consumidor musical culto, entendo, contudo, que a música também pode ser compreendida a partir do momento em que ela seja capaz de nos impressionar, independentemente dos códigos através dos quais ela foi concebida; a música, qualquer que seja, pode ser entendida quando capaz de despertar sentimentos, de seduzir, de nos fazer viajar para esse universo que somente ela, a música, nos pode encaminhar.

Senti desde sempre alguma dificuldade em penetrar no universo da música dita erudita, embora em minha casa se pudesse encontrar alguns “long plays” adquiridos, quase que acidentalmente, num vendedor de rua pelo meu irmão mais velho. Assim conheci um Vivaldi, um Chopin, o Mozart, que fazia questão que os meus ilustres visitantes escutassem, na tentativa, muitas vezes conseguida, de parecer um profundo apreciador desse género musical. Foi ao longo desse “pretensiosismo” que me habituei a escutar outras expressões mais eruditas, embora não fosse capaz de dar uma interpretação teórica àquilo que ouvia, mas a sedução musical, essa, foi sempre acontecendo! Anos mais tarde, haveria de entrar em contacto com um estilo musical próximo, mais elaborado, através dos “Yes”, nos efervescentes anos do rock in roll, dos Deep Purple, Rare Heart, Warm Dust e de um Robert Plant. Antes, porém, houve a descoberta dos Pink Floyd e desse memorável álbum chamado “Another Side of the Moon”, cuja estrutura musical complexa contribuiu para consolidar uma aprendizagem que me permitiu escutar outras experiências que abrangiam a música de Tim Weirber, a flutuar entre o rock e o jazz, um Teddy Eduards, ou as excelentes interpretações do Magna Carta.

Não passa todo este palavreado duma espécie de introdução para falar, afinal, sobre a antologia musical que João Schwalbach decidiu colocar à nossa disposição, com trezes composições instrumentais compostas há mais de dezassete anos e apresentadas pela primeira vez em público no Teatro Avenida, quando os calendários da época diziam se estar no ano 1993. O álbum, de seu nome “Despertar”, começa com a interessante composição “Nascimento”. Ao princípio se escutam efeitos sonoros múltiplos, alguns se assemelhando a trovões, outros a sons sibilantes, a ventos agrestes, ou ruídos vindos de lugares inimagináveis, tudo isso como se fosse um prenúncio; a seguir a música introduz-se, calma, alegre, a dar a boa nova: o “nascimento” de João Schwalbach, ou se quisermos, o anúncio de um percurso musical que se prevê bastante promissor. O álbum termina com a composição “Despertar”, que é uma espécie de ocaso, de fim, porque, na verdade, só se desperta quando o álbum chega ao fim e se toma a consciência de que é preciso escutar o disco de novo. Entre estas duas composições podemos escutar outras que reflectem outras formas de fazer a música, o que não surpreende, se recordamos que o João Schwalbach transporta consigo influências de jazz, de música africana e clássica. E isso é evidente em temas como o “Diálogo Campestre”, com certa influência dos ritmos modernos e todo um sentido “de viagem” que nos proporciona; ou em “Sinfomania”, onde nos apercebemos de algum conhecimento do autor sobre a música sinfónica; o belíssimo “Sol Triste”; e quase no fim a composição chamada “Moçambique”, uma espécie de simbologia musical à terra que o viu nascer, onde se sentem os ruídos, os perfumes, o ritmo, e se vê o movimento, a cor, o chão das coisas, elementos certamente importantes no quotidiano do Schwalbach, como cidadão e criador.

O mais importante talvez não seja o ser-se capaz de decifrar os enigmas, o sentido e as motivações de cada composição que faz parte do álbum. Aquilo que João Schwalbach nos faz chegar aos ouvidos é uma espécie de sugestão, uma porta aberta através da qual podemos empreender as nossas próprias viagens. Por isso, ao se escutar este álbum, fica-se com uma sensação de frescura. De leveza. De uma saudade imensa. De tranquilidade. De intensa vontade de fechar os olhos e esquecer. De flutuar. De regressarmos aos lugares da nossa infância. De recordar os momentos em que fomos de alguma maneira felizes. Uma sensação de muitas coisas. Ao se escutar este álbum sente-se uma vontade de “despertar” para a vida.

O álbum “Despertar” contém, na minha opinião, os elementos de um trabalho de experiência, de viagens à procura de si próprio e, obviamente, de uma identidade musical. E é exactamente isso que José Forjaz escreveu um dia ao se referir a esta colectânea musical:   “Pressinto-lhe sons futuros, gramáticas por escrever, poéticas a decifrar, medos a dominar, ciências ficções à espera das imagens que as materializem”. Aquilo que, na verdade, Forjaz pretendia dizer é que pressentia ter chegado o momento de João Carlos Schwalbach fazer destes tempos, isto é, deste álbum, o início de uma aventura musical capaz de o levar até onde ele quiser chegar. Tudo leva a crer que assim será. Aliás, o próprio Schwalbach já o prenuncia quando diz: “Toco em várias bandas e em estúdios, gravo para muita gente e acho que está na hora de ter os meus discos, porque as pessoas só sabem que sou o João que toca nos Ghorwanes, que toca com Stewart, para Mucavel, e agora vão ver o João que toca para João”.

 

Marcelo Panguana

http://opais.sapo.mz/index.php/opiniao/128-marcelo-panguana/13548-schwalbach.html



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