Era tão bonita aquela casa hoje vltei lá sempre vazia, nunca uma luz se via, mas hoje um vulto, um som... como se alguém me estivesse esperando. Era aquele silêncio misterioso, de porte gigantesco que por momentos apagou aquele frio que me prendia ali olhando aquela casa vazia!
Ontem eu tinha dado conta que uma luz vinha de um quarto, onde por certo alguém esperava... Talvez onde a sombra do passado pernoitava, talvez vinda daquele retrato de corpo nú onde a alma já partira, mas que repentinamente surjiu, e nua vestia de novo para ir ao encontro do seu amor.
Mas eu continuava olhando como se de repente o vulto de corpo indefinido resurgisse do nada e me cubrisse o corpo frio com suas vestes de sonhos dourados... Há quato tempo eu ali estava olhando o porte senhoril do qual brotava aquele perfume estranho que me entrava pelas narinas tomando conta de todo o meu ser... Não sei, só sei que continuava ali á espera que o crepitar que resurgia das brechas da madeira retorcida pelo tempo, de tanto tempo vazia.
Mas a luz não acendia, e a porta não se abria, o retrato continuava fixo, sombrio pálido... passara quanto tempo? Meses? Anos? Dias? Não sei, mas sei que me apetecia toca-lo, sua pele macia onde o sonho dormia, Óh! Quanto eu queria me misturar nos fantasmas daquela casa vazia... e eu continuava ali!E por muito tempo ali ficaria!
São Percheiro, 6 de Maio de 2011