... pode reduzir o risco de derrame cerebral
Idosos que consomem regularmente azeite de oliva têm 41% menos chances de sofrerem um derrame cerebral em comparação àqueles que não ingerem o condimento. É o que indica uma pesquisa publicada no periódico Neurology, que avaliou 7,625 adultos franceses acima dos 65 anos.
O azeite de oliva é um ingrediente chave da conhecida dieta do Mediterrâneo, que recomenda também o consumo de frutas, vegetais e peixe grelhado. Alguns testes clínicos já haviam demonstrado que a dieta ajuda a controlar fatores de risco para doenças cardíacas, como hipertensão, acúmulo de gordura abdominal e colesterol alto. A ingestão regular do azeite é relacionada, ainda, à redução dos riscos de ataque cardíaco.
De acordo com Nikolaos Scarmeas, neurologista da Universidade de Medicina de Columbia e autor de um editorial publicado junto do estudo, os pesquisadores ainda não definiram por que o azeite consegue reduzir o risco de derrames. Para o especialista, questões como comportamento, estilo de vida e hábitos alimentares gerais podem ser variáveis importantes no resultado final. “Pessoas que consome o azeite podem ser muito diferente daquelas que não consomem”, diz.
Scarmeas salienta ainda que, uma vez que a dieta do Mediterrâneo orienta ainda a ingestão de outros alimentos saudáveis, novas pesquisas devem ser feitas para comprovar a relação entre o azeite e o derrame cerebral.
Composição do Azeite de Oliva
Há uma grande variedade de estudos que analisam os componentes do azeite de oliva. Montedoro, Angerosa, Kiritsakis, e mais recentemente Owen foram alguns dos pesquisadores que se dedicaram ao assunto. Os estudos mostraram que as principais substâncias químicas envolvidas na proteção à saúde são os fenóis, o esqualeno, a gordura monoinsaturada e o ácido oléico.
Montedoro encontrou uma concentração de fenóis em torno de 500mg/kg de azeite, o que diverge dos resultados do estudo de Owen, que identificou uma concentração média de 196mg/kg. Este pesquisador provou também que as concentrações são maiores no azeite de oliva extravirgem do que no azeite de oliva virgem refinado (azeite com alta concentração de ácido que precisa ser refinado mais uma vez, ou seja, "de pior qualidade").
Avaliando os diferentes fenóis do óleo de oliva identificou o hidroxitirosol, o tirosol e o secoiridoide em concentrações um pouco maiores no azeite extravirgem. Outro fenol encontrado no óleo de oliva foi o lignane, também em concentração muito maior no óleo extravirgem do que no óleo virgem refinado.
Em relação à substância esqualeno, Kiritsakis demonstrou que o azeite de oliva é o óleo vegetal que contém as maiores concentrações deste componente, variando de 136 a 708mg/100g de azeite. Seus dados estão de acordo com os encontrados por Owen, que comparou as concentrações de esqualeno encontradas no azeite extravirgem, no azeite virgem refinado e nos óleos de sementes (milho, girassol e amendoim). O óleo extravirgem tinha uma concentração de 424mg/kg, o virgem refinado 340mg/kg e os óleos de semente apenas 24mg/kg.
Capacidade Antioxidante do Azeite de Oliva
De acordo com os autores, o potencial antioxidante dos componentes fenólicos do azeite de oliva tem sido alvo de grande interesse, isso devido ao seu efeito protetor da saúde e à sua grande capacidade de auto-estabilização. Acredita-se que a alta concentração de gordura monoinsaturada e de ácido oléico exerça um papel importante na menor susceptibilidade de oxidação do azeite de oliva, pois estas substâncias são mais estáveis do que as gorduras poliinsaturadas e os ácidos linoléicos (substâncias presentes em outros óleos vegetais).
Estudos pregressos mostraram que o fenol mais responsável pela inibição da oxidação é o hidroxitirosol. E que o azeite de oliva, tem um importante papel na inibição da oxidação dentro da luz intestinal. Owen estudou o efeito antioxidante dentro do intestino, comparando os efeitos do azeite de oliva extravirgem, do azeite virgem refinado e dos outros óleos vegetais. Ele notou que os outros óleos vegetais apresentaram uma capacidade antioxidante mínima dentro do intestino.
Segundo os autores, caso as substâncias fenólicas fossem purificadas e isoladas do azeite de oliva, elas teriam um poder antioxidante muito maior do que os medicamentos antioxidantes já conhecidos, como os preparados de vitamina E, sendo uma ótima opção para a prevenção do envelhecimento.
Quais os Mecanismos Envolvidos na Proteção à Saúde?
Os autores concluíram que o consumo do azeite de oliva é o responsável pela baixa incidência de câncer e de doenças coronarianas nos países mediterrâneos. Mas qual seria o mecanismo?
O uso contínuo de azeite de oliva, especialmente do azeite extravirgem, pode fornecer uma carga suficiente de antioxidantes ao corpo, o que pode reduzir a oxidação através da inibição da peroxidação dos lipídeos, fator que está envolvido nas doenças coronarianas, no câncer e no envelhecimento. Por outro lado, todos os componentes do óleo de oliva, citados neste artigo, são lipossolúveis (solúveis em gordura), o que facilita a sua absorção e transporte pelo corpo (pois as membranas celulares são compostas por lipídeos), dessa maneira, a proteção pode se dar na mama e em outros órgãos distantes. O restante dos componentes não absorvidos permanece na luz intestinal protegendo as células contra a oxidação e, conseqüentemente, o desenvolvimento do câncer.
O lignane tem sido muito estudado, devido ao seu alto poder antioxidante. Além desse papel, o lignane parece inibir o crescimento celular dos cânceres de pele, de mama, de pulmão e de intestino. Segundo os pesquisadores, o mecanismo dessa inibição pode ser devido a uma atividade antiviral associada a uma atividade antioxidante. Por outro lado, o lignane tem uma estrutura muito similar ao do estradiol (hormônio feminino, que muitas vezes pode estar envolvido no crescimento celular de certos cânceres), e seu papel anticarcinogênico parece estar associado a ações antiestrogênicas. Os lignanes também parecem inibir a produção de estrogênio pela placenta e pelo tecido adiposo, diminuindo as taxas do hormônio no sangue.
O esqualeno parece ter um papel importante na proteção contra o câncer de pele. Essa substância representa 12% da secreção das glândulas sebáceas. O mecanismo de proteção parece estar associado a um bloqueio contra os raios ultravioletas.
Finalmente, os autores acreditam que este estudo trouxe respostas a respeito do papel do azeite de oliva, e de seus componentes antioxidantes, na proteção da saúde contra o câncer, a doença coronariana e o envelhecimento. Mas ele representa apenas um primeiro passo na elucidação dos mecanismos dessas doenças e no desenvolvimento de estratégias para o seu tratamento e prevenção.
"O envelhecimento não está nas rugas, nem na falta de força física, mas sim no vazio dos ideais"