A ideia de que a medicina é tecnologia «encareceu de modo brutal» a actividade, «sem benefícios claros nos resultados e com aumento do sofrimento do doente», muitas vezes devido a exames desagradáveis e dolorosos. «Só depois de bem orientada a recolha de dados clínicos, decidimos se é necessário pedir outros exames [como raio-X, TAC, ressonância magnética, etc.]», salienta António Martins Baptista, especialista em medicina interna.
É frequente ver doentes «com sacos cheios de exames» feitos noutras especialidades e só um internista encontra uma razão para os sintomas. «Ouvimos as queixas, fazemos o exame físico e integramos toda aquela informação que o doente traz. O conjunto permite fazer um diagnóstico a que ainda ninguém tinha chegado», conta o especialista, ao SOL.
O médico privilegia a história clínica e o exame físico, mais do que análises ao sangue e outros exames, como os «de imagem». Aliás, a sua ferramenta de trabalho mais valiosa é a «sabedoria médica», aliada à empatia para com o doente, ao tempo que lhe dedica, às suas mãos e a um simples estetoscópio. Por isso, no momento em que a Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) comemora 60 anos, Martins Baptista reforça que se deve combater «o fascínio tecnológico dos profissionais de Saúde e dos doentes».
O presidente da SPMI acredita que um internista é, por isso, um médico do doente na sua globalidade e não da doença, «não do rim ou do coração, não do jovem ou do idoso». Razão que o levou a optar por esta que é a especialidade de Dr. House e que considera ser exactamente a especialidade do diagnóstico – «a actividade mais nobre da profissão».
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