Pois é, da janela que não é do quarto e sim da sala, vejo o sol a lua gente a passar, pode-se dizer que é uma rua morta, de gente que tanto podem gritar como permanecer num silêncio e masmaceira de fazer nervos.
Daqui de onde estou escrevendo e por entre cortinas de fina renda vejo meu vizinho da frente, ali está á horas ao sol crestando, e esfumaçando cigarro apóz cigarro... Talvez 80 anos de uma vida insipida onde as letras passaram ao lado de sonhos que certamente nunca teve!
Presumo que nem uma prosa com Camões, o jornalesco mais rasca nunca borrou de tinta suas mãos gretadas tanto pode ser pelo sol como pelo frio.
Talvez nem saiba de que cor é o Ceu, come dorme se levanta, e recomeça o que nunca começou... vai passando pela vida sem nunca ter jogado ao pião, sem nunca ter ouvido o mais simples conto de histórias, suga o fruto de um vagar eterno porque não á pressa, a maçã se debulha quase que automáticamente.
Do frio que se faz sentir quando o pôr do sol cai, o velho e já gasto colete e o chapéu preto roçado sem o viço das vivências passadas...
Pela manhã um pouco fresca fui ao café do costume, tenho saido pouco por vias da malvada burra que não pára de me enfernizar os miolos.
O velho do chapéu entrou para casa embora a porta se mantenha aberta como se estivesse esperando alguém... A filha lá se foi para parir mais um filho, e no meio daquela gritaria, o marido por ai, a mais nova pedindo comer ao velho que não sabia que fazer, enquanto a filha paria, a velha de avental á cintura numa gritaria, bem ninguém se entendia nem eu que com tanta berraria já não sabia o que escrevia, assim parei, um destes dias quem sabe continuarei.
São Percheiro