11PIN PROTESTOS NO MALAWI DEVEM SER TOMADOS A SÉRIO
Lilongwe, 30 Jul (AIM) – A menos que o governo do Malawi encontre soluções para os problemas da economia, o país vai ainda ter que enfrentar mais protestos como os que aconteceram semana passada em que 18 pessoas morreram e outras 275 foram detidas, dizem analistas.
As manifestações de 20 e 21 de Julho deste ano foram as primeiras do género no país desde que este ascendeu à democracia em 1994. A meio da condenação internacional pela reacção do governo às manifestações, o presidente Bingu Wa Mutharika mandou o exército para reprimir as manifestações em três cidades, nomeadamente Lilongwe(a capital), Blantyre e Mzuzu. Os órgãos de informação também foram proibidos de reportar sobre as manifestações.
Mustapha Hussein, analista político da Universidade do Malawi, disse que Mutharika devia começar a tomar a sério as preocupações dos malawianos antes que a situação saia fora de controlo.
“O presidente parece estar pronto a aceitar a culpa dos problemas económicos que o país enfrenta. Haverá protestos ainda maiores do que os que nós vimos nos últimos dias se o governo não tomar medidas para resolver os problemas que o povo levanta”, disse Hussein.
Ele disse que os problemas são originados por “tendências de ditadura e arrogância do executivo”.
Daliotso Kubalasa, director executivo da Rede da Justiça Económica do Malawi (MEJN), uma coligação de mais de 100 organizações da sociedade civil que promovem a boa governação económica, disse que a falta de resposta por parte do governo aos assuntos levantados durante as manifestações em nada ajuda o país.
“A chicotada que estamos a testemunhar à nossa volta - no país e no exterior – dos parceiros de desenvolvimento e outras partes interessadas continua a desencorajar e a não mostrar as esperanças que os malawianos têm guardado por longo tempo”, disse Kubalasa.
Neste momento a tensão tem crescido enquanto filas se alongam à procura de combustível, que se torna cada vez mais escasso. Há também uma maior escassez de moeda estrangeira, famílias e empresas registam uma maior escassez de energia, e a falta de água também é um problema sério.
Muthatrika ainda não respondeu aos pedidos das manifestações, que incluem a acção do presidente para restaurar a economia e uma governação democrática no país.
As manifestações aconteceram justamente quando o Reino Unido anunciou que está a suspender uma ajuda prometida de 35 milhões de dólares americanos ao orçamento do estado do Malawi.
Cerca de 40 por cento do orçamento do Malawi depende de doadores e 80 por cento do orçamento para programas de desenvolvimento do país vêm de países como o Reino Unido, Alemanha, o Banco Africano de Desenvolvimento, a União Europeia e o Banco Mundial. Os governos da Alemanha e do Reino Unido já disseram que não vão dar os prometidos 400 milhões de dólares.
(AIM)
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