Maputo, 08 ago (Lusa) -- Enquanto crescem as relações políticas e económicas entre Moçambique e China, degrada-se a fama dos chineses no país, com denúncias sistemáticas da imprensa local aos "saques" e "desmandos".
Nas vésperas da visita de Estado do Presidente moçambicano, Armando Guebuza, à China, adensam denúncias de casos de más práticas e ilegalidades cometidas por cidadãos chineses, mas a comunicação social também destaca o incremento das relações económica e diplomática.
De janeiro a abril, as exportações de Moçambique para a China aumentaram em 49,35 por cento, atingindo 62,3 milhões de dólares, enquanto no mesmo período as importações da China atingiram 100,9 milhões de dólares, um aumento de 32,88 por cento.
Mas não se passa um dia sem uma acusação ou uma denúncia relativa à cada vez mais numerosa comunidade do gigante asiático e aos seus negócios em Moçambique.
"Outra vez os chineses!", lamentava-se, há dias, na capa, o diário O País, um influente jornal de Maputo para relatar nova atividade ilícita associada a cidadãos chineses.
O jornal referia-se à apreensão, em Maputo, de espécies marinhas protegidas, detidas por cidadãos da China residentes na capital moçambicana.
Poucos dias depois, o também influente semanário Savana destacava a apreensão de 600 contentores no norte do país, contendo uma carga ilegal de madeira, alegadamente propriedade de empresas chinesas, que, de acordo com o jornal, estão associadas a dois generais da FRELIMO.
A construção de uma fábrica de cimento origina conflitos entre residentes e a empresa chinesa; o novo estádio da capital, oferecido pela China, é criticado pela "má qualidade" do equipamento; a reabilitação de uma estrada no centro é motivo para queixas de maus-tratos pelos capatazes chineses...
Reagindo à Lusa, a embaixada da China em Maputo apela à imprensa moçambicana "a fazer reportagens mais justas e mais responsáveis", mas considera "obrigatório para os investidores e comerciantes estrangeiros respeitarem as leis e costumes" locais.
"De facto, as devidas atividades ilícitas não só prejudicam os interesses moçambicanos, mas também prejudicam os interesses da China" em Moçambique, lê-se numa declaração escrita que a embaixada chinesa enviou à Lusa.
A nota assinala que "em comparação com a situação geral das cooperações sino-moçambicanas, esses casos ilícitos são muito poucos e não influenciarão a boa tendência do desenvolvimento das nossas cooperações".
"O Governo chinês vai continuar encorajar e apoiar mais investidores chineses com responsabilidade e honestidade a fazer negócios em Moçambique. E, para melhorar ainda a nossa cooperação, vamos enfrentar aqueles problemas que se referem a casos ilícitos e vamos coordenar com o Governo moçambicano para tentar corrigi-los", garantem as autoridades chinesas, em comunicado.
Em declarações à Lusa, o consultor de comunicação, Egídio Vaz, referiu que um dos motivos da "tónica de uma China predadora" feita pela imprensa resulta do "interesse que os grupos de pressão têm em agendar" alguns temas".
Em Moçambique, "os interesses políticos e económicos são suficientemente fortes para condicionar as redações (dos media)", diz o consultor de comunicação, anotando a "fraqueza" dos media locais que, algumas vezes, "leva a não terem iniciativa de agendamento dos temas".
MMT/LAS
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