> Num momento de descontração, o grande poeta Carlos Drummond de Andrade
> escreveu:
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> "Satânico é meu pensamento a teu respeito e ardente é o meu desejo de apertar-te em minhas mãos, numa sede de
> vingança incontestável pelo que me fizeste ontem.
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> A noite era quente e calma e eu estava em minha cama, quando, sorrateiramente, te aproximaste.
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> Encostaste o teu corpo sem roupa no meu corpo nu, sem o mínimo pudor! Percebendo minha aparente indiferença,
> aconchegaste-te a mim e mordeste-me sem escrúpulos.
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> Até nos mais íntimos lugares.
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> Eu adormeci.
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> Hoje quando acordei, procurei-te numa ânsia ardente, mas em vão.
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> Deixaste em meu corpo e no lençol provas irrefutáveis do que entre nós
> ocorreu durante a noite.
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> Esta noite recolho-me mais cedo, para na mesma cama te esperar...
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> Quando chegares, quero te agarrar com avidez e força.
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> Quero te apertar com todas as forças de minhas mãos.
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> Só descansarei quando vir sair o sangue quente do seu corpo...
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>
> Só assim, livrar-me-ei de ti...
> Pernilongo filho da p...”