Num trabalho conjunto desenvolvido pelo Instituto Nacional de Saúde e o Hospital Central de Maputo.
O ministro da Saúde , Alexandre Manguele, esclarece que não se trata de cura do Sida, mas um estudo que pode reforçar a capacidade de defesa do organismo humano em contrair o vírus causador do Sida. Aliás, ainda não há nenhuma vacina eficaz para a prevenção desta doença.
Moçambique vai testar, ainda este mês, uma vacina contra o vírus causador do Sida, numa altura em que as taxas de infecção por esta doença, no país, rondam os 11.5 por cento, de acordo com os últimos dados disponibilizados pelo Inquérito sobre Sida, denominado Insida.
O ministro da Saúde, Alexandre Manguele, diz que o primeiro teste clínico sobre a vacina terá uma duração de um ano e meio. O estudo será realizado pelo Instituto Nacional da Saúde e o Hospital Central de Maputo e os investigadores destas duas instituições é que vão liderar o processo.
Contudo, Manguele deixou claro que ainda não há cura contra o Sida, ou seja, “a vacina a ser testada em Moçambique não significa cura da doença, mas pode reforçar a capacidade de defesa do organismo em contrair o vírus causador do Sida”.
“Este estudo é denominado ensaio clínico de fase um e dois e serve para avaliar a segurança e imunogenicidade da vacinação primária intradémica com ADN e do reforço intramuscular com MVA”, explica o titular da pasta de Saúde, esclarecendo que o eventual sucesso desta vacina não irá significar que Moçambique tenha cura do Sida ou que haja uma vacina totalmente eficaz para travar as novas infecções.
No fim deste teste, avançar-se-á para as fases três e quatro, que incorporam maior número de pessoas. Isto é, a amostra deve ser constituída por mais de mil pessoas. Caso seja provado o seu sucesso, aí é que se pode pensar na vacina contra o vírus do HIV. Porém, trata-se de processos complexos que levam seu tempo, tal como explicou o ministro da Saúde.
O instituto Nacional de Saúde e o Hospital Central de Maputo realizam o ensaio clínico com a participação de um consórcio Internacional denominado Tanzanian and Mozambique Vaccine Program, Tamovac. Fazem parte desse consórcio países como Moçambique, Tanzania, Suécia, Alemanha, Inglaterra, Estados Unidos da América.
O ministro da Saúde explica que esta vacina já foi testada em dois países do mundo, nomeadamente, Tanzania e Suécia, e provou ser um sucesso.
O estudo avalia a combinação de dois produtos: vacina de ADN, que será usada como estímulo primário para desencadear uma resposta imune. Esta foi desenvolvida no Instituto Karolinska da Suécia; e vacina MVA usada para fazer o reforço da resposta imune gerada pela vacina ADN, numa combinação que, cientificamente, é designada ADN/MVA indução reforço.
Grupo alvo do ensaio clínico
Em Moçambique, Manguele diz que o ensaio clínico será realizado em 24 jovens de idades compreendidas entre 18 e 24 anos, seronegativos, saudáveis, com probabilidade muito baixa de contrair a infecção do vírus, e terá como alvo os utentes dos serviços do amigo e adolescentes jovens do Hospital Central de Maputo, seleccionados voluntariamente. O esquema vacinal a ser testado consiste na administração de três doses da vacina da ADN, nas semanas 0 a 4, seguidas de duas doses da vacina MVA nas semanas 24 a 36. Os 24 voluntários testados serão seguidos até 12 semanas após a última dose da vacina.
O ministro da Saúde garante que estão criadas todas as condições de segurança para as 24 pessoas a serem testadas. Esta vacina não tem capacidade de transmitir o vírus, apenas contém estrutura do HIV, incapaz de trazer doenças.
Ainda não se sabe se esta vacina será eficaz na prevenção contra as novas infecções. O estudo visa apenas verificar se estas vacinas produzem ou não respostas de defesa contra o vírus.
Manguele garantiu, igualmente, que não há grandes riscos de saúde que os testados correm e justifica que as vacinas candidatas que vão ser utilizadas neste ensaio clínico foram testadas em animais e provaram ser seguras, para além de que foram já submetidos a ensaios clínicos os seres humanos na Suécia, Tanzania e Estados Unidos da América e tiveram resultados promissores.
Mas apesar disso, Manguele, o titular da pasta da saúde, explicou que ainda que se prove ser um sucesso num dos países, isso não irá significar que seja um sucesso total para a prevenção do vírus causador do Sida.
Segundo o ministro da Saúde, o desenvolvimento duma vacina contra este vírus tem estado a enfrentar vários obstáculos, dentre os quais, a variabilidade genética do próprio vírus. Ou seja, existem vários genéticos do HIV, o que origina diferentes subtipos de vírus que diferem entre si. “A resposta do nosso corpo contra o HIV depende do subtipo presente. Teoricamente, uma vacina eficaz seria aquela que pudesse englobar o maior número possível de subtipos de HIV.
Todos os trabalhos que culmiram com este ensaio clínico estão orçados em cerca de 1. 9 milhão de meticais financiados pelo governo da Suécia.
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