Investir é o verbo mais utilizado entre Moçambique e Portugal nos últimos anos. A política abriu os corredores aos empresários e, hoje, Portugal está nos negócios de peso no país:
Banca, construção civil, hotelaria e turismo e energias renováveis. É sobre estes sectores que, próxima quinta-feira, empresários dos dois lados vão sentar-se, em Maputo, para discutir.
Portugal é, a olhos vistos, um dos principais investidores em Moçambique. Ao olhar-se para a revista da KPMG sobre as 100 maiores empresas do país, nota-se com facilidade o forte peso de Portugal nos negócios em Moçambique.
O Millennium bim e o Banco Comercial e de Investimentos (BCI), controlados por capitais portugueses, são os principais bancos comerciais em Moçambique. O Millennium bim é detido pelo Banco Comercial Português (BCP), com mais de 60% das participações. Na lista das 100 maiores empresas, ocupou o oitavo lugar, em 2009, com um volume de negócios de mais de 4 mil milhões de meticais. Na liderança do mercado, o Millennium bim é seguido pelo BCI, um banco detido pela Caixa Geral de Depósitos (CGD) - 50% - e pelo Banco Português de Investimentos (BPI) – 30%. A influência de Portugal nas finanças não se fica por aqui. Américo Amorim, considerado o homem mais rico de Portugal, acaba de investir neste sector.
Amorim é o maior accionista do Banco Único - aberto recentemente - com um capital social de 20 milhões de dólares norte-americanos.
O Banco Nacional de Investimento (BNI) é outro interesse bancário que envolve Portugal. Com um capital de 500 milhões de dólares, este banco viu as suas ambições serem quebradas pela recessão económica. Agora, vai arrancar com apenas 15 milhões de dólares, repartidos entre os três accionistas: governo de Moçambique (49,5%), governo de Portugal (49,5%) e BCI (1%).
Na construção civil, há também presença de capitais lusos. A Vila Olímpica, que acomodou as delegações aos X Jogos Africanos, havidos entre 3 e 18 de Setembro corrente, foi construída por empreiteiros portugueses: Soares da Costa e Mota-Engil. O próprio financiamento às obras - 270 milhões de dólares - foi concedido por Portugal, num crédito de curto prazo.
A intervenção da Soares da Costa e da Mota-Engil vai para além das grandes obras. Intervêm na reabilitação de pequenos troços de estradas, construção de edifícios governamentais e outros projectos privados. Estas duas empresas são só dois exemplos de várias construtoras que ajudam a erguer Moçambique. Juntam-se a elas a Construtora do Mondego, a Conduril, a ENOP, entre outras.
O dinheiro português está ainda a ser investido no papel e pasta, energias renováveis e hotelaria. grupo Pestana, Visabeira, Portucel e Selfenergy operam nestas áreas. O turismo é um dos sectores com maior potencialidade em Moçambique, com um peso de 1,5% no Produto Interno Bruto (PIB). O grupo Pestana e a Visabeira controlam algumas das principais cadeias hoteleiras do país, sendo que as principais se localizam na cidade capital.
As energias renováveis, em particular os biocombustíveis, trazem a Moçambique a experiência da Europa. O presidente-executivo da Galp Energia revelou, recentemente, que a empresa já investiu 50 milhões de dólares num projecto de produção de biocombustíveis nas zonas centro e norte do país. No papel e pasta, a Portucel assume o projecto mais importante do país. Trata-se de um investimento de 1.36 mil milhões de euros para a construção de uma fábrica, e de 428 milhões de euros para serem aplicados em actividades relacionadas com a florestação.
Rodada de negócios
Os negócios entre Portugal e Moçambique são motivo de conferência, próxima quinta-feira, em Maputo. O jornal de Negócios, em parceria com “O País Económico”, levam à mesa de discussão as potencialidades de Moçambique. Empresários dos dois lados vão tentar abrir novos horizontes nos sectores da banca, construção civil, turismo, energias renováveis, pasta e papel. Os políticos abriram a estrada diplomática, agora, a palavra de ordem é investir.
http://opais.sapo.mz/index.php/economia/38-economia/16910-investir-e-a-palavra-de-ordem.html