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notcias: As cores que inventaram a história
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De: isaantunes  (Mensaje original) Enviado: 13/11/2011 15:31

 

Samat

Samat vai pintar para homenagear senhores das artes.

Uma pintura de memórias que não nos leva ao passado. Samat está a preparar essa dupla viagem pelo tempo para homenagear seus velhos companheiros, mas também para mostrar como se pinta o amanhã sem nunca sair do hoje.

Naquela tarde de sábado, Samat sentou-se na varanda e, por vezes, semicerrava os olhos na sua cadeira de descanso como quem saboreava “Easy” de  Lionel Richie. Havia jovens no seu quintal que discutiam a vida e saboreavam cerveja para, em alguns momentos, levantarem as vozes como se isso conferisse alguma razão. Samat parecia saborear a paz. Depois seguiu-se o jazz. A música dominava o seu espaço. 

“Faço parte de artistas que gostam do jazz”, disse Samat, dias depois quando voltámos para a sua casa. Ele movimentava-se pelos seus espaços para nos mostrar os seus quadros espalhados por cada canto da casa como que a sublinhar a sua omnipresença. O jazz, como acrescentaria nessa nossa “visita guiada” pela sua casa, faz-o viajar e conhecer terras em que nunca esteve; leva-o de volta à escravatura negra e faz-o caminhar por uma África do Sul que não conhece ou pelas distantes terras americanas.

“faz-me sentir a minha alma suave e uma saborosa inspiração. Posso dizer que o jazz faz-me viajar. Sinto o jazz a entranhar no meu corpo.”

Samat faz parte dessa geração de artistas que se confundiam entre as artes. É do tempo de um Malangatana que cantava enquanto pintava como quem evoca os espíritos para encherem de cores os seus quadros, ou então dos acordes de jazz que Ricardo Rangel memorizava com a objectiva apontada para as noites da Rua de Araújo, onde os marinheiros desembarcavam para se divertirem com o penetrante e certeiro olhar das prostitutas que se escondiam nas nuvens do fumo de cigarro.

Samat não tem dúvida, as artes compenetram-se e fazem com que o artista atinja outros horizontes. “Acho que o artista até consegue chegar à lua sem ir para lá. O artista sonha”, concluiu com enigmas quando o questionámos sobre influência das outras artes para a pintura.

Mas não é só da música que se fazia essa geração. Eles surgiram no tempo em que nascia o nacionalismo, quando os poetas como Craveirinha e Noémia ousavam fazer um piquenique para  sonharem com um país independente. Os artistas também pintavam a revolução. Samat não se distanciaria desse grupo. 

“Faço parte de uma geração e sou semelhante a eles. Sou semelhante aos que pintavam e aos que pintam o dia-a-dia.”

E a exposição que Samat está a preparar e que poderá ser inaugurada entre Fevereiro e Março, na companhia da sua filha Roquia, é uma espécie de homenagem a esses seus velhos companheiros de batalha.

“Vai revelar o que sofro hoje com a perda dos meus colegas. São pessoas que lutaram pela arte moçambicana; são pessoas que usaram a arte como um instrumento de luta. Por isso que sofremos com a PID. Mas mesmo assim, não deixamos de pintar, embora não confiássemos em nada para além da certeza da vitória. O que falavam os nossos representantes, os nossos futuros governantes, dava-nos motivos para acreditar. Por isso, apesar da PID andar em cima de nós, não deixamos de pintar”.

Também vinha uma extra motivação poética de Rui Nogar, que os oferecia a ideia de pertença “a um lugar” mesmo que se trate de – isto escreveria José Craveirinha – “uma nação que não existe”. Nogar falava a Samat dessa necessidade de continuar a pintar, mesmo que a PID os perseguisse.

Ele (Rui Nogar) andava em cima de mim a dizer para que nunca deixasse de pintar porque  a maioria dos pintores que estão em Moçambique são estrangeiros e podem ir embora e o país ficar sem pintores. ‘Tu e teus colegas devem continuar a pintar porque esta pátria é nossa, tu és moçambicano e não irás embora’”.

E eles continuaram. Pintaram a vida e a esperança dessa nação. A exposição, que está a preparar, não é um regresso a esse tempo. É um caminhar feito de lembranças constantes a artistas que souberam marcar, cada um ao seu jeito, o seu tempo.

Leia mais na edição impressa do «Jornal O País»

 

http://opais.sapo.mz/index.php/cultura/82-cultura/17607-as-cores-que-inventaram-a-historia.html



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