Em entrevista ao “Correio da Manhã” publicada no domingo, Pedro Passos Coelho admitiu que os professores portugueses podem olhar para o mercado da língua portuguesa, principalmente para o Brasil e Angola, como uma alternativa ao desemprego que afecta a classe em Portugal.
Instigado pelos jornalistas a comentar estas declarações, Miguel Relvas disse que “as declarações do primeiro-ministro são muito claras e objectivas”, criticando que “quem tem uma visão conservadora e desadequada da realidade não consegue acompanhar aquele que é o sinal dos tempos”.
O ministro dos Assuntos Parlamentares confessou um “grande orgulho” por ter visto, na sua última viagem a Moçambique, “jovens portugueses com formação superior que estão a ter sucesso na construção daquele país”.
Miguel Relvas afirmou que “todos os dias se encontram homens e mulheres portugueses que tiveram dificuldades perante as actuais circunstâncias de viver em Portugal e partiram para outros países”.
O governante considerou que estes emigrantes “são uma fonte de orgulho” e “demonstram que sempre que os portugueses têm uma visão universalista têm sempre sucesso”.
Questionado sobre se estava a sugerir a emigração para Moçambique, depois da sugestão feita por Passos Coelho para o Brasil e para Angola, o ministro negou a sugestão e recusou-se a prestar mais declarações aos jornalistas.
Miguel Relvas falava à comunicação social no final das comemorações do 20.º aniversário da Área Metropolitana de Lisboa, onde defendeu uma reforma administrativa sem facilitismos.
“Todas as reformas à partida são difíceis. Eu não acredito em reformas feitas com palmas. Não acredito. Uma reforma feita com palmas é como uma lei aprovada na Assembleia da República por unanimidade: dificilmente são cumpridas”, afirmou.
O ministro defendeu ainda que reformas como a das autarquias “têm de ser feitas com dificuldade, e essas dificuldades têm de ser vencidas pelas nossas convicções: a aposta num caminho novo”.
O governante sublinhou que “a reforma administrativa é um pilar fundamental das reformas estruturais que o País tem de fazer”, elogiando o caso de Lisboa, que elaborou por sua iniciativa um mapa de novas freguesias.