Paris, a cidade eternamente romântica, a (ainda) capital da moda, não tem esquina principal que não tenha um anúncio bem português.
Falo-lhe de um outdoor publicitário, que dá conta que a próxima actuação da fadista portuguesa Katia Guerreiro terá lugar dia 23 de Janeiro na emblemática sala “Olympia”, em Paris.
Não é para todos! Mas é para Katia. Já o foi para Amália.
Hoje, e se dúvidas houvessem sobre o poder do Fado, essas cairiam por terra. Neste caso no território que outrora acolheu gentes de “malas de cartão”; mas que hoje acolhe gentes de voz. E que de cordas vocais bem afinadas erguem beleza, juvenilidade e tradição.
Não é a toa que o Fado é hoje Património Mundial. E se muito se deve aos que cá cantam com dor, prazer e amor; muito se fica também a dever às gentes que têm vindo a atravessar meio mundo – cantando para meio mundo a nossa língua. A voz portuguesa, a vida portuguesa, a cultura de um país, que hoje – mais do que nunca – precisa de reconhecimento para se erguer. Embaixadores? Sem dúvida. Mas não só. Estes fadistas que cantam “além fronteiras” são também empreendedores. Lutam. Investem. Vão.
Sobre Katia três considerações: boa voz, imagem bem portuguesa e muita paixão por aquilo que faz.
Resultado? Uma fadista bem portuguesa, que nunca esquecendo a tradição (nem os brincos minhotos), apaixona pela voz e pela presença com que entra em palco. Silêncio. Vamos cantar o fado. Entra Katia. Luz. Som. Mãos cruzam. Saia, sempre uma belíssima saia, reflecte. Transmite arte. Vida. A vida de uma médica que um dia quis ser fadista e que hoje canta para quem a quiser ouvir. Eu quero.
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(Independentemente de todos os prémios e reconhecimentos que Katia Guerreiro tem vindo a receber, (que são muitos),destaco uma grande actuação desta fadista, o ano passado, no Teatro São Jorge. Katia Guerreiro cantou com a Orquestra da Normandia. Foi um momento de grande Fado. Parabéns!)
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