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notcias: Celebrou-se o Gwaza Muthini
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De: isaantunes  (Mensaje original) Enviado: 05/02/2012 14:00

 

Celebrou-se o Gwaza Muthini

@Sérgio Costa/SAPO MZ

As marionetas gigantes foram as grandes atracções do público, em especial das crianças, durante a festa de Gwaza Muthini comemorada esta quinta-feira, dia 2, em Marracuene, há 30 quilómetros da capital Maputo.

 

http://noticias.sapo.mz/foto/1218872/

 



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De: isaantunes Enviado: 05/02/2012 14:08
II. CONTEXTO HISTÓRICO DO SURGIMENTO DO GWAZA-MUTHINI 2.1. A Batalha de Marracuene[11] A Batalha de Marracuene enquadra-se, por um lado, dentro da política de ocupação efectiva colonial portuguesa de Moçambique e, por outro, dentro do espírito das guerras de resistência movidas pelos guerreiros locais contra essa ocupação. Portugal perdera, 10 anos antes na Conferência de Berlim, o "direito histórico" sobre os territórios que reclamava ocupar, pois a partir de então a regra legitimar a ocupação passou a ser a "ocupação efectiva"[12] dos mesmos. A título elucidativo, aqui no Sul, várias tentativas de fixação de outras potências se verificou sobretudo em torno da Baia de Lourenço Marques. Por exemplo os holandeses construíram em 1721, um forte e abandonaram em 1730 a região, também, fixou-se uma companhia austríaca de 1777-1796[13]. Como se pode notar, a situação na região Sul de Moçambique não era favorável, acontecendo o mesmo para a África em geral, pois, vários eram os interesses das potências europeias para dar resposta à revolução industrial: a procura de mão-de-obra barata, matérias primas e mercados[14]. Devido à situação humilhante em que Portugal se encontrava na sequência de duros golpes sofridos face à concorrência desenfreada movida pelas potências imperialistas de então[15], Lisboa tenta empenhar-se na recuperação da dignidade perdida perante o mundo capitalista e expansionista de que fazia parte. Com efeito, não queria continuar a ser considerado incapaz de se afirmar nos territórios que dizia pertencerem-lhe. Com esta missão, António Enes, entretanto nomeado comissário régio para Moçambique, desembarca em Lourenço Marques a 13 de Janeiro de 1895, acompanhado de Caldas Xavier (que veio a dirigir a Batalha de Marracuene). Paiva Couceiro, Eduardo Costa, Aires de Ornelas, Mouzinho de Alburquerque, Freie de Andrade e Roque de Aguiar[16], indivíduos que de certa forma, marcaram o período de ocupação portuguesa em Moçambique. Para atingir os seus intentos, António Enes e seus companheiros adoptaram uma estratégia que consistia, por um lado, na imposição pela força militar do prestígio português nos pequenos regulados rebeldes, principalmente os liderados por Nwamatibyana, Zihlahla, Mahazule, Mulungu e Mavzaya e por outro lado, no estabelecimento de alianças com os chefes submetidos ou amedrontados (alusão às chefaturas de Inyakca Katembe, Mavota e Matsolo). Com esta estratégia militar tinha-se como objectivos, cercar o império de Gaza, na altura dirigida pelo Ngungunyane, considerado por eles, um rei "nefasta aos legítimos interesses de Portugal, pois, era hipócrita, traiçoeiro e sobretudo cruel"[17] e constituía, o obstáculo mais difícil para a concretização do plano de "ocupação efectiva" baptizado eufemisticamente de "campanha de pacificação em Moçambique"[18]. Para piorar a situação dos portugueses, zona de Magoanine onde pontificavam os já referidos Mahazule e Zohlahla, Mulungu e Nwamatibyana, e que já "em 1894 ameaçavam assaltar Lourenço Marques" constituía uma barreira forte aos intentos portugueses de chegar ao Estado de Gaza. Por isso, Marracuane, donde eram oriundos estes grupos, foi declarada região onde se implementaria o primeiro acto da reconquista do Sul Moçambique[19]. Para o efeito, os portugueses utilizaram a sua estratégia de alianças com alguns chefes locais, especialmente com os Mavota e Matsolo que, segundo a tradição oral, deu aos portugueses a possibilidade de tentarem a penetração na região de Marracuene através do rio Incomáti, via que desconheciam por completo. Nesta base, a primeira tentativa de penetração colonial em Marracuene teria ocorrido nos fins de 1984, através do rio Incomáti, onde os Mavota assumiram o papel de guias. Mas segundo ainda as nossas fontes orais, Mahazule e Mulungu, que haviam sido antecipadamente informados pelos seus agentes em Lourenço Marques do plano português de invasão, organizaram os seus guerreiros e emboscaram as flotilhas portuguesas, utilizando cordas atravessadas no fundo do rio. Estas ter-se-iam enrolado nas hélices dos barcos imobilizando-os de seguida. Na referida emboscada, de acordo com a tradição oral, foram mortos quase todos os soldados do exército português, tendo sido poupados alguns para avisar Lourenço Marques do perigo que uma nova tentativa de assalto significaria para eles (os portugueses)[20]. As autoridades portugueses temiam que NGUNGUNYANA pudesse, sempre que necessário, utilizar as massas guerreiras sediadas em Marracuene para um dia assaltar Lourenço Marques que, dentre outras vantagens possuía o porto mais próximo das melhores zonas mineiras do Transvaal, daí a necessidade de lhe barrar o caminho a partir de Marracuene[21]. Com este propósito, a 28 de Janeiro de 1895, 812 homens que, segundo Aires de Ornelas, eram secundados em Marracuene por lanchas canhoneiras, comandados pelo Major Caldas Xavier, saíram de Lourenço Marques marchando em direcção a Marracuene, dispostos em quadrado. Chegado ao local, esta estratégia militar do quadrado foi mantida até ao final do combate. Daí a atribuição do nome Quadrado de Marracuene ao local. Na madruga do dia 2 de Fevereiro de 1895, deu-se de facto o primeiro de uma série de combates ocorridas na região entre o exército português e os guerreiros de Nwamatibyana, Mahazule e Mazvaya. Esta batalha, devido à sua dimensão, às condições em que ocorreu e sobretudo pelo seu significado que assumia para os seus intervenientes, especialmente os portugueses, durante muito tempo mereceu interpretações distorcidas por parte de alguns escritores portugueses que reflectem de longe a verdade vivida. Por exemplo, Aires Ornelas, diz que cerca de 3.000 guerreiros teriam atacado, de surpresa, o quadrado formado por apenas 812 saldados do exército português em Marracuene, durante cerca de 2 horas (das 4 às 6 horas), tendo resultado em mais de 100 mortos por parte dos guerreiros locais e nenhum soldado branco morto, apenas 8 feridos, e 40 angolanos negros mortos (por serem medrosos) pelo lado do exército português[22]. Os dados estatísticos de Ornelas contrariam em absoluto a placa colocada no monumento dedicado aos soldados portugueses tombados na Batalha de Marracuene, a qual diz: "Jazem aqui os soldados portugueses que morreram em combate no dia 2 de Fevereiro de 1895 sob o comando do Major Caldas Xavier". Esta placa, por si só, confirma que, de facto morreram, juntamente com o seu comandante, soldados brancos durante a Batalha de Marracuene. A tradição oral local também contraria aquelas e outras informações similares, defendendo que naquela batalha, muitos soldados brancos, entre oficiais e rasos, incluindo o seu comandante Caldas Xavier, encontraram a morte naquele quadrado. Aliás, a tradição oral local refere mesmo que se não fosse o reforço que o quadrado recebeu doutras tropas estacionadas nas redondezas, nenhum "branco" sequer teria escapado com vida. Entretanto, não se mostra particularmente fácil conseguir, a partir das fontes orais, números reais ou aproximados sobre o efectivo dos guerreiros de Marracuene, mas cremos que os números dos soldados portugueses e dos guerreiros de Marracuene referidos por Ornelas e outros não correspondem à realidade. As fontes coloniais referem que para além do ataque ter sido organizado da maneira a surpreender os guerreiros locais, envolvia a utilização de um equipamento militar sofisticado e tácticas de guerra desenvolvidas tendo sido, por isso, difícil ocorrerem baixas do lado do exército português. Segundo António Enes, a Batalha de Marracuene foi uma grande oportunidade para os tsongas registarem uma grande vitória na sua história, pois contaram, dentre outros, com os factores escuridão, protecção dos bosques próximos, que muito bem conheciam, um efectivo numeroso de guerreiros (fala de 2000 homens) bem com a sua astúcia que, por um momento, lhes permitiu misturarem-se com os soldados angolanos ao serviço do exército português. Terá sido devido à sua indisciplina militar, que não conseguiram os seus intentos[23]. Quanto a nós, este revés deveu-se não somente à indisciplina militar dos guerreiros africanos, mas também a superioridade bélica portuguesa e ao fomento e exploração das divisões entre os diversos grupos de resistência. As descrições do tipo das apresentadas por Aires de Ornelas, Pedro Ramos de Almeida, Amélia de Proença Norte e outros, não tinham outra função senão a de escamotear a verdade dos factos, para assim manipular a opinião pública portuguesa e mundial a seu favor. Aliás, mesmo depois da entrada de Portugal na ONU, as tácticas de desinformação e manipulação dos factos permitiram a este país resistir aos ventos de mudança que já sopravam no continente. III. O GWAZA-MUTRHINI E SEU SIGNIFICADO A expressão Gwaza-Muthini[24] possui um duplo sentido: o primeiro, o mais antigo, designa uma dança e o segundo, mais recente, o nome que as populações de Marracuene, e até a autoridade colonial passaram a dar às comemorações realizadas cada 2 de Fevereiro. No que respeita à explicação do Gwaza-Muthini como dança Simeão Lopes trata com bastante detalhe na sua obra "Marracuene". Este autor, refere que: O Gwaza-Muthini é uma dança guerreira de origem zulu, introduzida pelos nguni durante o período da sua expansão pelo Sul [do actual] Moçambique. Ela marcava a preparação e/ou o fim de uma batalha, conferindo aos guerreiros moral e principalmente um espírito de invencibilidade[25]. Esta afirmação sustenta com muita clareza a tese que o termo Gwaza-Muthini, como dança existiu antes das comemorações de 2 de Fevereiro, em Marracuene. Quanto ao segundo significado do termo, aspecto que nos interessa mais particularmente, a cerimónia que passa a realizar-se pela Administração Colonial, provavelmente a partir de 1896[26], no Quadrado de Marracuene, foi designada por Gwaza-Muthini. Esta cerimónia era na altura feita em homenagem aos portugueses que teriam tombado no combate de 2 de Fevereiro de 1895. No entanto, é-nos difícil encontrar razões ou uma explicação plausível para o facto de o nome Gwaza-Muthini encontrar-se associado à cerimónia organizada por esta ocasião pelo governo colonial. Pensamos, porém, que este facto pode estar associado a uma política massificadora tendente a ganhar a população através da utilização de um termo local. Existem todavia várias interpretações. Albino Magaia, diz-nos, por exemplo, que o Gwaza-Muthini significa humilhação para os moçambicanos porque o dia 2 de Fevereiro era comemorado pelos portugueses como data de vitória, data a partir da qual os chefes locais passaram a dizer bayetee[27]. É verdade que o 2 de Fevereiro de 1895 foi a data fixada e comemorada pelas autoridades coloniais, em memória dos seus soldados tombados naquela batalha. Hoje aquele acontecimento é celebrado como tendo contribuído para um nacionalismo africano, pois, na mesma data homens e grandes chefes guerreiros, também, tombaram em defesa dos seus territórios contra a ocupação colonial. 3.1. O Gwaza-Muthini no Período Colonial As fontes orais são unanimes em afirmar que a organização da cerimónia do Gwaza-Muthini, esteve sempre a cargo da autoridade colonial, cabendo aos régulos um papel secundário como elo de ligação entre aquela e as populações. Este papel, consistia na mobilização da população para a preparação do sumo de canhú, organização de grupos culturais e suas participação no evento. No dia de Gwaza-Muthini, as autoridades coloniais, se encarregavam das questões logísticas, i.é, forneciam aos régulos e à população em geral comida, bebida (barris de vinho), para além de autorizarem o abate de Hipopótamo nas vésperas do dia da cerimónia. Neste dia, segundo descrevem testemunhas participantes das cerimónias: Vinham de Loureço Marques as tropas coloniais com sua banda, para tocar aqui em Marracuene, traziam ainda metralhadoras, que disparavam em direcção ao rio incomàti, junto ao monumento Dona Luísa. Enquanto se disparava, a bandeira era içada, ali no local onde foram enterrados os negros tombados na batalha, isto naquele sítio onde se ergueu no ano passado o monumento em memória destes e catava-se o hino. No dia 1 de Fevereiro os régulos phahlavam, este ritual era secreto pois, não se realizava em público e muito menos de dia, realizava-se ou de madrugada ou à noite e no dia iam assistir à missa. Todos os régulos de todos os círculos participavam nesta missa[28]. Para além das autoridades tradicionais locais, participavam ainda nesta cerimónia, a população vinda de vários cantos destacando-se à de ex-Lourenço Marques e à dos actuais distritos de Manhça e Moamba. Nesta data o transporte pelo comboio com acesso à Marracuene era grátis. 3.2. O Gwaza-Muthini no Período Pós-Independência O último Gwaza-Muthini foi comemorado no dia 2 de Fevereiro de 1976, portanto, um ano depois da independência nacional, realizado no Papucides, distrito de Marracuene, provavelmente por não fazer mais parte de eventos oficiais. Aqui participou a população de Marracuene, régulos e autoridades locais e outros visitantes. Esta cerimónia não durou muito. Dançou-se e depois voltou-se para vila a fim de se comer[29]. Supomos que esta interrupção e mudança do local habitual da realização desta cerimónia, poder-se-á associar a razões políticas, pois, após a independência já se havia determinado datas históricas para as comemorações nacionais e o caso de 2 de Fevereiro encontrava um enquadramento no 3 de Fevereiro dia dos heróis moçambicanos. Estes contextos, levaram a interrupção das celebrações do Gwaza-Muthini e integrado nas comemorações de 3 de Fevereiro. A memória dos cidadãos não se apaga como se de giz se tratasse. O dia 2 de Fevereiro de 1895 emerge, de novo, e em 1994, volta a ser comemorado, Coube António Yok Chan, um dos leais filhos da terra apoiado pelo Governo, a iniciativa de comemoração do dia 2 de Fevereiro de 1994[30]. Desde esse ano, as populações locais movidas por um espírito patriótico e de reconhecimento passaram a celebrar de maneira diferente o Guaza-Muthini. Alguns entrevistados descrevem assim o seu sentimento: Com as últimas comemorações passamos a conhecer o verdadeiro significado do Gwaza-Muthini, que é o dia em que morreram moçambicanos na luta contra a penetração colonial como foram os casos dos chefes guerreiros Magigwane, Ngungunyane, (…) e outros. É em sua memória que nos recordamos. De contrário no período colonial, comemorávamos o dia dos brancos mortos nesta data[31]. Estes depoimentos ilustram os esforços com vista a reinterpretação da história, dando neste caso, ênfase à acção heróica dos nativos contra a penetração colonial. 3.2.1. A Organização do Gwaza-Muthini e o papel do Estado e da Comunidade Local Encontramos unanimidade por parte dos nossos entrevistados acerca da organização do Gwaza-Muthini actualmente. Este evento compreende dois momentos importantes: (i) o ritual ku-phahla, acto restrito organizado pela linhagem Mazvaya e (ii) a cerimónia oficial compreendendo discursos, danças e beberes. Foto 1 (RITUAL DE KU-PHAHLA) Todos os entrevistados apontam como sendo o governo distrital, em coordenação com os secretários dos grupos Dinamizadores e a família Mazvaya (responsáveis pelo ritual ku-phahla) que organiza as comemorações[32]. A administração local tem solicitado os Mazvaya para a preparação da cerimónia, onde estes têm indicado seus representantes como é o caso de Fernando Mazvaya, reconhecido na região como sendo da linhagem do hosi, indicado para coordenar parte da cerimónia sobretudo a que diz respeito à forma como esta irá decorrer. Sendo umas das suas responsabilidades realizar consultas para saber como a cerimónia decorrerá[33]. Como se pode depreender da citação, tem sido frequente confundirem-se os dois momentos (o ku-phahla e a cerimónia oficial), na celebração deste dia. Assiste-se que o papel assumido pelas entidades oficiais estende-se para alem daquilo que seria considerado o seu domínio de intervenção, quando procura-se gerir uma cerimónia, por natureza restrita e privada como é o ku-phahla. 3.2.2. O ku-phahla e a intervenção dos Mazvaya no Gwaza-Muthini Como nos referimos no primeiro capítulo deste texto os Mazvaya tornaram-se na região a linhagem hegemónica, sendo reconhecido como legitimo o seu papel de orientação do ritual ku-phahla. Os Mazvaya, destinguem-se em duas linhagens importantes: Matsinana e Nhlewana. A origem destas duas linhagens associa-se ao hosi Ngomana, sendo Matsinana e Nhlewana seus filhos, mandou Nhlewana, filho mais novo, assumir a chefia no zona de Nyongonyana, região situada na margem esquerda do rio Incomàti, também sob seu domínio. Com a sua morte, Matsinana, filho mais velho, sucede na governação da região localizada na margem direita do mesmo rio. A partir desta altura o poder, nestas duas linhagens, passa a ser assumido segundo as regras de sucessão patrilinear, i.é, de pai para filho e só nos casos em que este filho não exista o poder poderia ser assumido por um tio paterno. (vide anexo - sequência da árvore genealógica de sucessão dos dois filhos de Ngomana). Com o retorno as comemorações das cerimónias do Gwaza-Muthini em 1994, Massinguitana refere que: Os rituais em torno do ku-phahla estiveram a cargo dos "Matsinana", linhagem que se considera dentro dos Mazvaya a mais velha e com direitos para isso. Porém, a partir do terceiro Gwaza-Muthini, em 1996, com a doença do sacerdote daquela linhagem, passam os "Nhlewana" a dirigir as cerimínias[34]. Foi a partir daqui que Massinguitana, velha anciã da linhagem Nhlewana, que passou a dirigir o ritual de ku-phahla. Falando da sua indicação para orientação do ritual, ela disse apenas saber que foram considerados dois aspectos: (i) o facto de ser da linhagem dos Mazvaya e (ii) ser a pessoa mais velha dentro da linhagem[35]. A participação nestas cerimónias nos últimos anos é também livre e massificada como era no período colonial, aparece gente de todos os cantos do País e sobretudo das mais próximas regiões de Marracuene, incluindo estrangeiros. Provavelmente devido às grandes enchentes nas cerimónias, não tem sido satisfatória a resposta do Governo, de maneira a cobrir as necessidades como pareceu acontecer no período colonial. Tem-se assistido frequentes lamentações em torno das comemorações. Massinguitana considera ainda, haver uma tendência a remeter para segundo plano o papel das autoridades locais quando se trata de colher benefícios. A passagem que transcrevermos a seguir traduz bem o estado de espirito em que elas mesmas as autoridades, se encontram. O problema que tem acontecido é que na fase actual, as pessoas voltam sem terem comido nada, o que faz com que haja murmúrios. Este tratamento é contrário com o do passado. Mesmo eu, pessoa indicada para o acto de ku-phahla, o que me dão? Não me dão nada! Mas vou ali phahlar, ajoelho para os mortos que nem cheguei a conhecer. Uma vez que a minha casa foi destruída por aquele[36] (…), estou neste preciso momento a sofrer, e esquecem-se que quem está a falar é uma pessoa. No dia do muthini, temos passado mal de chuva por falta de transporte para nos levar de volta às nossas casas. Lamentamos muito esse facto porque antigamente isso não acontecia[37]. Esta descrição é suficientemente elucidativa das enormes expectativas que o evento desperta nos populares. Por exemplo a satisfação em alimentação, vestuário (apoio em fardamento) e transporte de e para casa, são frequentemente referidos como focos de descontentamento quase geral. No entanto, apesar destes problemas alguns dos nossos entrevistados consideram a administração idónea para a organização efectiva do Gwaza-Muthini. Admitem contudo, a integração de outras individualidades mas sempre em estreita colaboração com as estruturas do Governo e outros indivíduos da sociedade civil. II. CONTEXTO HISTÓRICO DO SURGIMENTO DO GWAZA-MUTHINI 2.1. A Batalha de Marracuene[11] A Batalha de Marracuene enquadra-se, por um lado, dentro da política de ocupação efectiva colonial portuguesa de Moçambique e, por outro, dentro do espírito das guerras de resistência movidas pelos guerreiros locais contra essa ocupação. Portugal perdera, 10 anos antes na Conferência de Berlim, o "direito histórico" sobre os territórios que reclamava ocupar, pois a partir de então a regra legitimar a ocupação passou a ser a "ocupação efectiva"[12] dos mesmos. A título elucidativo, aqui no Sul, várias tentativas de fixação de outras potências se verificou sobretudo em torno da Baia de Lourenço Marques. Por exemplo os holandeses construíram em 1721, um forte e abandonaram em 1730 a região, também, fixou-se uma companhia austríaca de 1777-1796[13]. Como se pode notar, a situação na região Sul de Moçambique não era favorável, acontecendo o mesmo para a África em geral, pois, vários eram os interesses das potências europeias para dar resposta à revolução industrial: a procura de mão-de-obra barata, matérias primas e mercados[14]. Devido à situação humilhante em que Portugal se encontrava na sequência de duros golpes sofridos face à concorrência desenfreada movida pelas potências imperialistas de então[15], Lisboa tenta empenhar-se na recuperação da dignidade perdida perante o mundo capitalista e expansionista de que fazia parte. Com efeito, não queria continuar a ser considerado incapaz de se afirmar nos territórios que dizia pertencerem-lhe. Com esta missão, António Enes, entretanto nomeado comissário régio para Moçambique, desembarca em Lourenço Marques a 13 de Janeiro de 1895, acompanhado de Caldas Xavier (que veio a dirigir a Batalha de Marracuene). Paiva Couceiro, Eduardo Costa, Aires de Ornelas, Mouzinho de Alburquerque, Freie de Andrade e Roque de Aguiar[16], indivíduos que de certa forma, marcaram o período de ocupação portuguesa em Moçambique. Para atingir os seus intentos, António Enes e seus companheiros adoptaram uma estratégia que consistia, por um lado, na imposição pela força militar do prestígio português nos pequenos regulados rebeldes, principalmente os liderados por Nwamatibyana, Zihlahla, Mahazule, Mulungu e Mavzaya e por outro lado, no estabelecimento de alianças com os chefes submetidos ou amedrontados (alusão às chefaturas de Inyakca Katembe, Mavota e Matsolo). Com esta estratégia militar tinha-se como objectivos, cercar o império de Gaza, na altura dirigida pelo Ngungunyane, considerado por eles, um rei "nefasta aos legítimos interesses de Portugal, pois, era hipócrita, traiçoeiro e sobretudo cruel"[17] e constituía, o obstáculo mais difícil para a concretização do plano de "ocupação efectiva" baptizado eufemisticamente de "campanha de pacificação em Moçambique"[18]. Para piorar a situação dos portugueses, zona de Magoanine onde pontificavam os já referidos Mahazule e Zohlahla, Mulungu e Nwamatibyana, e que já "em 1894 ameaçavam assaltar Lourenço Marques" constituía uma barreira forte aos intentos portugueses de chegar ao Estado de Gaza. Por isso, Marracuane, donde eram oriundos estes grupos, foi declarada região onde se implementaria o primeiro acto da reconquista do Sul Moçambique[19]. Para o efeito, os portugueses utilizaram a sua estratégia de alianças com alguns chefes locais, especialmente com os Mavota e Matsolo que, segundo a tradição oral, deu aos portugueses a possibilidade de tentarem a penetração na região de Marracuene através do rio Incomáti, via que desconheciam por completo. Nesta base, a primeira tentativa de penetração colonial em Marracuene teria ocorrido nos fins de 1984, através do rio Incomáti, onde os Mavota assumiram o papel de guias. Mas segundo ainda as nossas fontes orais, Mahazule e Mulungu, que haviam sido antecipadamente informados pelos seus agentes em Lourenço Marques do plano português de invasão, organizaram os seus guerreiros e emboscaram as flotilhas portuguesas, utilizando cordas atravessadas no fundo do rio. Estas ter-se-iam enrolado nas hélices dos barcos imobilizando-os de seguida. Na referida emboscada, de acordo com a tradição oral, foram mortos quase todos os soldados do exército português, tendo sido poupados alguns para avisar Lourenço Marques do perigo que uma nova tentativa de assalto significaria para eles (os portugueses)[20]. As autoridades portugueses temiam que NGUNGUNYANA pudesse, sempre que necessário, utilizar as massas guerreiras sediadas em Marracuene para um dia assaltar Lourenço Marques que, dentre outras vantagens possuía o porto mais próximo das melhores zonas mineiras do Transvaal, daí a necessidade de lhe barrar o caminho a partir de Marracuene[21]. Com este propósito, a 28 de Janeiro de 1895, 812 homens que, segundo Aires de Ornelas, eram secundados em Marracuene por lanchas canhoneiras, comandados pelo Major Caldas Xavier, saíram de Lourenço Marques marchando em direcção a Marracuene, dispostos em quadrado. Chegado ao local, esta estratégia militar do quadrado foi mantida até ao final do combate. Daí a atribuição do nome Quadrado de Marracuene ao local. Na madruga do dia 2 de Fevereiro de 1895, deu-se de facto o primeiro de uma série de combates ocorridas na região entre o exército português e os guerreiros de Nwamatibyana, Mahazule e Mazvaya. Esta batalha, devido à sua dimensão, às condições em que ocorreu e sobretudo pelo seu significado que assumia para os seus intervenientes, especialmente os portugueses, durante muito tempo mereceu interpretações distorcidas por parte de alguns escritores portugueses que reflectem de longe a verdade vivida. Por exemplo, Aires Ornelas, diz que cerca de 3.000 guerreiros teriam atacado, de surpresa, o quadrado formado por apenas 812 saldados do exército português em Marracuene, durante cerca de 2 horas (das 4 às 6 horas), tendo resultado em mais de 100 mortos por parte dos guerreiros locais e nenhum soldado branco morto, apenas 8 feridos, e 40 angolanos negros mortos (por serem medrosos) pelo lado do exército português[22]. Os dados estatísticos de Ornelas contrariam em absoluto a placa colocada no monumento dedicado aos soldados portugueses tombados na Batalha de Marracuene, a qual diz: "Jazem aqui os soldados portugueses que morreram em combate no dia 2 de Fevereiro de 1895 sob o comando do Major Caldas Xavier". Esta placa, por si só, confirma que, de facto morreram, juntamente com o seu comandante, soldados brancos durante a Batalha de Marracuene. A tradição oral local também contraria aquelas e outras informações similares, defendendo que naquela batalha, muitos soldados brancos, entre oficiais e rasos, incluindo o seu comandante Caldas Xavier, encontraram a morte naquele quadrado. Aliás, a tradição oral local refere mesmo que se não fosse o reforço que o quadrado recebeu doutras tropas estacionadas nas redondezas, nenhum "branco" sequer teria escapado com vida. Entretanto, não se mostra particularmente fácil conseguir, a partir das fontes orais, números reais ou aproximados sobre o efectivo dos guerreiros de Marracuene, mas cremos que os números dos soldados portugueses e dos guerreiros de Marracuene referidos por Ornelas e outros não correspondem à realidade. As fontes coloniais referem que para além do ataque ter sido organizado da maneira a surpreender os guerreiros locais, envolvia a utilização de um equipamento militar sofisticado e tácticas de guerra desenvolvidas tendo sido, por isso, difícil ocorrerem baixas do lado do exército português. Segundo António Enes, a Batalha de Marracuene foi uma grande oportunidade para os tsongas registarem uma grande vitória na sua história, pois contaram, dentre outros, com os factores escuridão, protecção dos bosques próximos, que muito bem conheciam, um efectivo numeroso de guerreiros (fala de 2000 homens) bem com a sua astúcia que, por um momento, lhes permitiu misturarem-se com os soldados angolanos ao serviço do exército português. Terá sido devido à sua indisciplina militar, que não conseguiram os seus intentos[23]. Quanto a nós, este revés deveu-se não somente à indisciplina militar dos guerreiros africanos, mas também a superioridade bélica portuguesa e ao fomento e exploração das divisões entre os diversos grupos de resistência. As descrições do tipo das apresentadas por Aires de Ornelas, Pedro Ramos de Almeida, Amélia de Proença Norte e outros, não tinham outra função senão a de escamotear a verdade dos factos, para assim manipular a opinião pública portuguesa e mundial a seu favor. Aliás, mesmo depois da entrada de Portugal na ONU, as tácticas de desinformação e manipulação dos factos permitiram a este país resistir aos ventos de mudança que já sopravam no continente. III. O GWAZA-MUTRHINI E SEU SIGNIFICADO A expressão Gwaza-Muthini[24] possui um duplo sentido: o primeiro, o mais antigo, designa uma dança e o segundo, mais recente, o nome que as populações de Marracuene, e até a autoridade colonial passaram a dar às comemorações realizadas cada 2 de Fevereiro. No que respeita à explicação do Gwaza-Muthini como dança Simeão Lopes trata com bastante detalhe na sua obra "Marracuene". Este autor, refere que: O Gwaza-Muthini é uma dança guerreira de origem zulu, introduzida pelos nguni durante o período da sua expansão pelo Sul [do actual] Moçambique. Ela marcava a preparação e/ou o fim de uma batalha, conferindo aos guerreiros moral e principalmente um espírito de invencibilidade[25]. Esta afirmação sustenta com muita clareza a tese que o termo Gwaza-Muthini, como dança existiu antes das comemorações de 2 de Fevereiro, em Marracuene. Quanto ao segundo significado do termo, aspecto que nos interessa mais particularmente, a cerimónia que passa a realizar-se pela Administração Colonial, provavelmente a partir de 1896[26], no Quadrado de Marracuene, foi designada por Gwaza-Muthini. Esta cerimónia era na altura feita em homenagem aos portugueses que teriam tombado no combate de 2 de Fevereiro de 1895. No entanto, é-nos difícil encontrar razões ou uma explicação plausível para o facto de o nome Gwaza-Muthini encontrar-se associado à cerimónia organizada por esta ocasião pelo governo colonial. Pensamos, porém, que este facto pode estar associado a uma política massificadora tendente a ganhar a população através da utilização de um termo local. Existem todavia várias interpretações. Albino Magaia, diz-nos, por exemplo, que o Gwaza-Muthini significa humilhação para os moçambicanos porque o dia 2 de Fevereiro era comemorado pelos portugueses como data de vitória, data a partir da qual os chefes locais passaram a dizer bayetee[27]. É verdade que o 2 de Fevereiro de 1895 foi a data fixada e comemorada pelas autoridades coloniais, em memória dos seus soldados tombados naquela batalha. Hoje aquele acontecimento é celebrado como tendo contribuído para um nacionalismo africano, pois, na mesma data homens e grandes chefes guerreiros, também, tombaram em defesa dos seus territórios contra a ocupação colonial. 3.1. O Gwaza-Muthini no Período Colonial As fontes orais são unanimes em afirmar que a organização da cerimónia do Gwaza-Muthini, esteve sempre a cargo da autoridade colonial, cabendo aos régulos um papel secundário como elo de ligação entre aquela e as populações. Este papel, consistia na mobilização da população para a preparação do sumo de canhú, organização de grupos culturais e suas participação no evento. No dia de Gwaza-Muthini, as autoridades coloniais, se encarregavam das questões logísticas, i.é, forneciam aos régulos e à população em geral comida, bebida (barris de vinho), para além de autorizarem o abate de Hipopótamo nas vésperas do dia da cerimónia. Neste dia, segundo descrevem testemunhas participantes das cerimónias: Vinham de Loureço Marques as tropas coloniais com sua banda, para tocar aqui em Marracuene, traziam ainda metralhadoras, que disparavam em direcção ao rio incomàti, junto ao monumento Dona Luísa. Enquanto se disparava, a bandeira era içada, ali no local onde foram enterrados os negros tombados na batalha, isto naquele sítio onde se ergueu no ano passado o monumento em memória destes e catava-se o hino. No dia 1 de Fevereiro os régulos phahlavam, este ritual era secreto pois, não se realizava em público e muito menos de dia, realizava-se ou de madrugada ou à noite e no dia iam assistir à missa. Todos os régulos de todos os círculos participavam nesta missa[28]. Para além das autoridades tradicionais locais, participavam ainda nesta cerimónia, a população vinda de vários cantos destacando-se à de ex-Lourenço Marques e à dos actuais distritos de Manhça e Moamba. Nesta data o transporte pelo comboio com acesso à Marracuene era grátis. 3.2. O Gwaza-Muthini no Período Pós-Independência O último Gwaza-Muthini foi comemorado no dia 2 de Fevereiro de 1976, portanto, um ano depois da independência nacional, realizado no Papucides, distrito de Marracuene, provavelmente por não fazer mais parte de eventos oficiais. Aqui participou a população de Marracuene, régulos e autoridades locais e outros visitantes. Esta cerimónia não durou muito. Dançou-se e depois voltou-se para vila a fim de se comer[29]. Supomos que esta interrupção e mudança do local habitual da realização desta cerimónia, poder-se-á associar a razões políticas, pois, após a independência já se havia determinado datas históricas para as comemorações nacionais e o caso de 2 de Fevereiro encontrava um enquadramento no 3 de Fevereiro dia dos heróis moçambicanos. Estes contextos, levaram a interrupção das celebrações do Gwaza-Muthini e integrado nas comemorações de 3 de Fevereiro. A memória dos cidadãos não se apaga como se de giz se tratasse. O dia 2 de Fevereiro de 1895 emerge, de novo, e em 1994, volta a ser comemorado, Coube António Yok Chan, um dos leais filhos da terra apoiado pelo Governo, a iniciativa de comemoração do dia 2 de Fevereiro de 1994[30]. Desde esse ano, as populações locais movidas por um espírito patriótico e de reconhecimento passaram a celebrar de maneira diferente o Guaza-Muthini. Alguns entrevistados descrevem assim o seu sentimento: Com as últimas comemorações passamos a conhecer o verdadeiro significado do Gwaza-Muthini, que é o dia em que morreram moçambicanos na luta contra a penetração colonial como foram os casos dos chefes guerreiros Magigwane, Ngungunyane, (…) e outros. É em sua memória que nos recordamos. De contrário no período colonial, comemorávamos o dia dos brancos mortos nesta data[31]. Estes depoimentos ilustram os esforços com vista a reinterpretação da história, dando neste caso, ênfase à acção heróica dos nativos contra a penetração colonial. 3.2.1. A Organização do Gwaza-Muthini e o papel do Estado e da Comunidade Local Encontramos unanimidade por parte dos nossos entrevistados acerca da organização do Gwaza-Muthini actualmente. Este evento compreende dois momentos importantes: (i) o ritual ku-phahla, acto restrito organizado pela linhagem Mazvaya e (ii) a cerimónia oficial compreendendo discursos, danças e beberes. Foto 1 (RITUAL DE KU-PHAHLA) Todos os entrevistados apontam como sendo o governo distrital, em coordenação com os secretários dos grupos Dinamizadores e a família Mazvaya (responsáveis pelo ritual ku-phahla) que organiza as comemorações[32]. A administração local tem solicitado os Mazvaya para a preparação da cerimónia, onde estes têm indicado seus representantes como é o caso de Fernando Mazvaya, reconhecido na região como sendo da linhagem do hosi, indicado para coordenar parte da cerimónia sobretudo a que diz respeito à forma como esta irá decorrer. Sendo umas das suas responsabilidades realizar consultas para saber como a cerimónia decorrerá[33]. Como se pode depreender da citação, tem sido frequente confundirem-se os dois momentos (o ku-phahla e a cerimónia oficial), na celebração deste dia. Assiste-se que o papel assumido pelas entidades oficiais estende-se para alem daquilo que seria considerado o seu domínio de intervenção, quando procura-se gerir uma cerimónia, por natureza restrita e privada como é o ku-phahla. 3.2.2. O ku-phahla e a intervenção dos Mazvaya no Gwaza-Muthini Como nos referimos no primeiro capítulo deste texto os Mazvaya tornaram-se na região a linhagem hegemónica, sendo reconhecido como legitimo o seu papel de orientação do ritual ku-phahla. Os Mazvaya, destinguem-se em duas linhagens importantes: Matsinana e Nhlewana. A origem destas duas linhagens associa-se ao hosi Ngomana, sendo Matsinana e Nhlewana seus filhos, mandou Nhlewana, filho mais novo, assumir a chefia no zona de Nyongonyana, região situada na margem esquerda do rio Incomàti, também sob seu domínio. Com a sua morte, Matsinana, filho mais velho, sucede na governação da região localizada na margem direita do mesmo rio. A partir desta altura o poder, nestas duas linhagens, passa a ser assumido segundo as regras de sucessão patrilinear, i.é, de pai para filho e só nos casos em que este filho não exista o poder poderia ser assumido por um tio paterno. (vide anexo - sequência da árvore genealógica de sucessão dos dois filhos de Ngomana). Com o retorno as comemorações das cerimónias do Gwaza-Muthini em 1994, Massinguitana refere que: Os rituais em torno do ku-phahla estiveram a cargo dos "Matsinana", linhagem que se considera dentro dos Mazvaya a mais velha e com direitos para isso. Porém, a partir do terceiro Gwaza-Muthini, em 1996, com a doença do sacerdote daquela linhagem, passam os "Nhlewana" a dirigir as cerimínias[34]. Foi a partir daqui que Massinguitana, velha anciã da linhagem Nhlewana, que passou a dirigir o ritual de ku-phahla. Falando da sua indicação para orientação do ritual, ela disse apenas saber que foram considerados dois aspectos: (i) o facto de ser da linhagem dos Mazvaya e (ii) ser a pessoa mais velha dentro da linhagem[35]. A participação nestas cerimónias nos últimos anos é também livre e massificada como era no período colonial, aparece gente de todos os cantos do País e sobretudo das mais próximas regiões de Marracuene, incluindo estrangeiros. Provavelmente devido às grandes enchentes nas cerimónias, não tem sido satisfatória a resposta do Governo, de maneira a cobrir as necessidades como pareceu acontecer no período colonial. Tem-se assistido frequentes lamentações em torno das comemorações. Massinguitana considera ainda, haver uma tendência a remeter para segundo plano o papel das autoridades locais quando se trata de colher benefícios. A passagem que transcrevermos a seguir traduz bem o estado de espirito em que elas mesmas as autoridades, se encontram. O problema que tem acontecido é que na fase actual, as pessoas voltam sem terem comido nada, o que faz com que haja murmúrios. Este tratamento é contrário com o do passado. Mesmo eu, pessoa indicada para o acto de ku-phahla, o que me dão? Não me dão nada! Mas vou ali phahlar, ajoelho para os mortos que nem cheguei a conhecer. Uma vez que a minha casa foi destruída por aquele[36] (…), estou neste preciso momento a sofrer, e esquecem-se que quem está a falar é uma pessoa. No dia do muthini, temos passado mal de chuva por falta de transporte para nos levar de volta às nossas casas. Lamentamos muito esse facto porque antigamente isso não acontecia[37]. Esta descrição é suficientemente elucidativa das enormes expectativas que o evento desperta nos populares. Por exemplo a satisfação em alimentação, vestuário (apoio em fardamento) e transporte de e para casa, são frequentemente referidos como focos de descontentamento quase geral. No entanto, apesar destes problemas alguns dos nossos entrevistados consideram a administração idónea para a organização efectiva do Gwaza-Muthini. Admitem contudo, a integração de outras individualidades mas sempre em estreita colaboração com as estruturas do Governo e outros indivíduos da sociedade civil. IN:http://www.mec.gov.mz/vamosaprender/?p=177&pag=120

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De: mayrameireles Enviado: 05/02/2012 17:50
Isabel, Adorei a soma de conhecimentos. Gosto muito de história assim. No Brasil, exactamente em Olinda/PE, há um bloco de carnaval denominado "Homem da meia noite" , cuja principal atração, são os bonecos gigantes.
Marionetes, cá, são bonequinhos ou bichinhos pequeninos, preso por cordões e manipulado por humanos. Um exemplo:
Beijinhos, Mayra

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De: mayrameireles Enviado: 05/02/2012 17:57
Continuando...
Também são chamados de fantoches...e essa apresentação é para o netinho...ahahahahaha Beijinho, Mayra

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De: mayrameireles Enviado: 05/02/2012 17:57
Continuando...
Também são chamados de fantoches...e essa apresentação é para o netinho...ahahahahaha Beijinho, Mayra

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De: isaantunes Enviado: 05/02/2012 20:22
Mayra, Obrigada, pela informação. Sou fã de marionetas ou fantoches e vou partilhar estes videos com o Francisco. Beijinhos. Isabel


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