A decisão, que abrange todos os 26 mil trabalhadores da mina, independentemente da nacionalidade, incluindo os apontados como cabecilhas da manifestação, surge após um encontro de reaproximação realizado no passado fim-de-semana entre o sindicato legalmente autorizado na empresa, a NUM, e a entidade patronal, que visava encontrar um mecanismo para ultrapassar o diferendo que opõe um grupo composto por operadores de máquinas perfuradoras e a gerência da mina.
Um determinado grupo de mineiros havia decidido pela paralisação total dos trabalhos, posição para a qual contou com a solidariedade dos restantes colegas. Os operadores de máquinas perfuradoras apontavam como razão para a paralisação o facto de não terem sido abrangidos pelos aumentos recentemente feitos a outras áreas de actividade da mina por parte da gerência da companhia.
A bem das partes e sobretudo para minimizar as perdas económicas e financeiras que a companhia está a registar com a greve, bem como da influência que tal pode ter nos salários dos mineiros, a gerência abdicou do cumprimento da decisão de rescindir todos os contratos e de abrir um outro processo de readmissão, sob condição, processo esse que já estava em curso.
O tribunal da região proclamou a greve de ilegal, contudo, e uma vez mais, os trabalhadores não pararam com os seus actos reivindicativos. Depois de ponderar, a gerência da companhia optou por uma solução suave, decidindo pela reabertura da mina a partir de hoje, enquanto as duas·partis continuarão com o diálogo.
Assim, os trabalhos reiniciam hoje, mas tudo está condicionado à disponibilidade dos trabalhadores, porquanto muitos deles estão espalhados por diversas regiões da África do Sul. Outros ainda temem o clima de intimidação que se vive no seio deles.
Dados da Delegação do Ministério do Trabalho do nosso país na RAS apontam para um regresso total à mina de todos os 1860 moçambicanos, caso as condições de segurança estejam criadas pelas entidades competentes. A gerência da mina disse ter garantias de ambiente de segurança dadas pela Polícia, com quem tem vindo a trabalhar nesse sentido.
Os mineiros moçambicanos foram aconselhados pela Delegação do MITRAB a permanecerem no país até ao desfecho do caso, não obstante as intimidações que foram sofrendo por parte dos mentores da greve.
De salientar que a região de North West, rica em platina, é a que maior aglomerado de mineiros moçambicanos regista em toda a África do Sul, com mais de 16 mil trabalhadores.
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