Cai uma chuva miudinha, sem cessar, de um céu cinzento que se estende, para lá do Domué. Na vidraça, embaciada, vou desenhando flores e corações, nesta tarde em que o tédio se abateu, sobre mim. O silêncio é rei; a picada, coberta de matope, dificulta a circulação dos carros, só os mais aventureiros se atrevem a desafia-la.
Vislumbro o monumento ao Comandante Brito, herói dos tempos passados, cujos feitos ainda ignoro, depois de mil e uma promessas que fiz a mim própria, de os investigar e um sorriso me escapa; as gentes das redondezas, designam-o por Cabrito, suavizando o sinónimo de “cabrito grande” por se tratar de um simbolo da colonização.
A minha terra é assim; chuvosa e fresca ou soalheira, com o céu azul a contrastar com o verde do capim, para além do Zambeze que ficou, lá em baixo, correndo, preguiçosamente, para o Índico. Para cá chegarmos, subimos, subimos, sempre, com a temperatura a baixar e o ar a ficar mais leve, para inesperadamente, terminar a picada e gritarmos “Angónia”!
Isabel
Fotografia de Mário Almeida.