"Que foi isso, de repente? Nada; dez anos se passaram. Não diga! Se somaram? Se perderam? Algumas relações se aprofundaram? Se esgarçaram? Onde estávamos? Onde estamos? E...aonde vamos? O tempo, em lugar nenhum e em silêncio, passa. É inegável - todos temos mais dez anos agora. Ainda bem, poderíamos ter menos dez. Tudo nos aconteceu. Amamos, disso temos certeza. E fomos amados - onde encontrar a certeza? Avançamos aqui materialmente, ali não, nos realizamos neste ponto, em outros queríamos mais, algumas coisas tivemos mais do que pretendíamos ou merecíamos - mas isso é difícil de reconhecer. Perdemos alguém - "Viver é perder amigos". No meio do feio e do amargo, no tumulto e no desgaste, tivemos mil diminutos de felicidade, no ar, no olhar, na palavra de afeto inesperado, que sei? Espera, eu sei. É a única lição que tenho a dar; a vida é pequena, breve, e perto. Muito perto - é preciso estar atento.
O escritor Millôr Fernandes morreu aos 88 anos de idade no Rio de Janeiro na noite de ontem (27). A informação é do canal de notícias GloboNews.
A causa da morte seria falência múltipla dos órgãos. Millôr havia sido internado várias vezes no ano passado e não teria resistido a vários problemas de sáude.
Informações preliminares dão conta de que o escritor morreu em casa, no bairro de Ipanema, capital fluminense.
O corpo será velado a partir das 10h de quinta-feira (29), no Cemitério Memorial do Carmo, no Bairro do Caju, no Rio.
Segundo a assessoria do cemitério, o corpo será cremado às 15h, desta quinta, no Crematório da Santa Casa.
Millôr foi um dos fundadores do jornal O Pasquim e um dos representantes da imprensa nanica, que levou o humor às publicações alternativas na época da forte censura do Regime Militar.