O Zx Spectrum faz hoje 30 anos. Teve um?
Baseado num processador Zilog Z80-A a 3,50 MHz com 16 KBytes de ROM, o Spectrum estava disponível em duas versões, uma com 16 Kbytes de RAM e outra com 48 Kbytes. Era possível expandir internamente o Spectrum 16 Kb para 48 Kb através da adição de 8 chips de memória e mais uns chips de controle.
O desenhador do hardware foi Richard Altwasser da Sinclair Research e o software (em ROM) foi escrito por Steve Vickers por contrato para a Nine Tiles Ltd, os autores do Sinclair BASIC. O responsável pela aparência final do Spectrum foi o designer industrial Rick Dickinson da Sinclair Research.
Características básicas
Com o nome original de ZX82 a máquina foi rebaptizada ZX Spectrum por Sir Clive Sinclair de modo a realçar o facto deste computador produzir imagens a cores em vez do tradicional preto e branco, como acontecia com os computadores anteriores da Sinclair, o ZX80 e o ZX81.
Como era normal nos micros daquela altura, o Spectrum ligava-se a uma televisão mas, ao contrário dos seus antecedentes ZX80 e ZX81, a imagem apresentava uma qualidade muito melhor. No entanto, as primeiras versões (edições 1 e 2) tinham alguns problemas de estabilidade de cor, que tendia a variar à medida que o computador aquecia.
Apesar de hoje nos parecer algo rudimentar, a imagem do Spectrum era praticamente perfeita para ser ligado a uma TV portátil.
O modo de texto do Spectrum era constituído por 24 linhas de 32 caracteres, que equivalia a uma resolução gráfica de 256 pixéis na horizontal e por 192 pixéis na vertical. O Spectrum podia produzir 15 cores, 8 cores de base, numeradas de 0 a 7. Preto (0), Azul (1), Vermelho (2), Magenta (3), Verde (4), Cyan (5), Amarelo (6) Branco (7).
A essas 8 juntavam-se mais 7 cores produzidas a partir das cores base mais brilho (BRIGHT), 0 preto BRIGHT era igual à cor base. A imagem gerada pelo Spectrum era guardada em memória logo a seguir ao fim da ROM, ou seja, a partir do byte 16,384. O bitmap ocupava 6 Kbytes (6144) e eram usados mais 768 bytes (32x24) que continham codificada a informação para cor, brilho e flash. Esta estratégia de ter uma resolução de cor diferente da resolução de pixeis conduzia a alguns efeitos bizarros, que eram conhecidos por choque de atributos. Entretanto, esta estratégia foi necessária para acomodar um bitmap de 49152 pontos em 6K de memória, que de outra forma ocupariam toda a RAM disponível.
Provavelmente o factor mais original do Spectrum era o seu teclado de 40 teclas, composto por uma placa de borracha flexível onde estavam moldadas teclas salientes com um formato muito semelhante ao de uma chiclete, (daí o termo teclado chiclete). Esta placa assentava directamente sobre uma membrana plástica onde existiam pequenas bolhas, cada uma delas com um contacto eléctrico na parte superior e outro na inferior. Quando se carregava numa tecla a bolha era comprimida e os dois contactos tocavam-se. Esta membrana e, principalmente, as fitas que a ligavam à placa do Spectrum, eram algo frágeis e eram responsáveis por quase todas as avarias do Spectrum.
Outra característica única do Spectrum era o facto de cada tecla não ter simplesmente uma letra, símbolo ou número, mas também as palavras chave (keywords) do Sinclair BASIC. Cada tecla, através da utilização de várias teclas de Shift produzia pelo menos 3 palavras-chave, para além dos caracteres maiúsculos e minúsculos. Este aspecto do Spectrum era bastante criticado, mas apenas por aqueles que não tinham muita experiência na sua utilização. Afinal, o que demora mais tempo, carregar na tecla T ou escrever RANDOMIZE. O facto de não existirem teclas de cursor separadas (o efeito era obtido com CAPS SHIFT + 5, 6, 7 ou 8) nem tecla de apagar (CAPS SHIFT + 0) eram críticas mais válidas, e que eram resolvidas praticamente em todos os teclados de substituição que foram desenvolvidos para o Spectrum.
Em conjunto com o facto de o Spectrum não ter uma ligação para monitor, este teclado foi um dos factores que mais penalizou o Spectrum relativamente à aceitação num mercado mais profissional.
A ausência da ligação para monitor é algo incompreensivel, mesmo considerando que o Spectrum foi desenhado para ser o mais barato possível. Sabendo que os sinais de video necessários até se encontravam presentes no conector de expansão a existência de um plug RCA ou DIN teria custado apenas mais uns cêntimos por computador e produziria uma imagem de qualidade muito superior. Parece que isto demonstra alguma falta de confiança da Sinclair quanto ao futuro que o Spectrum poderia ter fora do mercado doméstico.
Colecção de microcomputadores ZX Spectrum Para além dos modelos 16K e 48K, a Sinclair Research lançou mais um upgrade para o 48K e mais um modelo de ZX Spectrum.
O ZX Spectrum Plus (1984) era um ZX Spectrum 48K com um teclado de teclas plásticas mais avançado. Tinha uma Barra de Espaços melhor, um Enter de maiores dimensões, teclas para os cursores, teclas para os diversos modos de cursor do Sinclair Basic, tecla para a virgula, ponto, ponto e virgula, aspas e Delete. Esta evolução trazia ainda um botao de reset que se podia soldar conforme as instruções incluidas.
Em 1986, a Sinclair lança no mercado o Sinclair ZX Spectrum 128K que inicialmente estava pensado em ser apenas introduzido em Espanha (foi desenvolvido pela INVESTRONICA, uma empresa espanhola). Este modelo tem o teclado do ZX Spectrum Plus, 128K de RAM pagináveis em blocos de 16K, novas ligações para expansão (Para alem da ligação da TV, gravador de cassetes e da fonte de alimentação, este ZX Spectrum ainda tem saída para monitor RGB, ligação para sintetizadores MIDI, porta serial e ligação para um teclado numérico adicional), chip de som (AY-3-8912) e um novo editor Basic chamado 128 BASIC (neste editor tinha que se teclar as keywords letra a letra, por exemplo, para a keyword PRINT tinha que se teclar mesmo PRINT e não a tecla 'p' como anteriormente).
Por causa das novas opções, foi introduzido um menu ao se ligar o Spectrum 128K com as opções de Tape Loader (para carregar um jogo sem se ter que teclar LOAD""), 128 BASIC (para se iniciar o computador no novo editor), Calculator (um modo de calculadora simples), 48 BASIC (para se usar o editor BASIC do Spectrum 48K) e Tape Tester (para se verificar o nível audio do gravador de cassetes).
O 128 BASIC, além do novo editor, tinha também uns extras: controlador MIDI, porta serial, chip de som (também se podia usar no 48 BASIC, mas só através de codigo maquina) programavel através de um novo comando PLAY, um disco de RAM (RAMDISK. os 128K de RAM não estavam totalmente disponiveis para o utilizador, o espaço ocupado pelo RAMDISK era reservado para este. O RAMDISK tinha alocação dinâmica variando de tamanho conforme o conteúdo deste) e um comando SPECTRUM para mudar do editor 128 BASIC para o 48BASIC.
Houve ainda um modelo chamado de Sinclair QL, que poderia ser chamado de "um irmão maior do ZX Spectrum", com 32bits (processador MC68000). Apesar de ser um excelente projeto, tinha algumas falhas de qualidade, de construção e de concepção. Como se não bastasse, parte do sistema operacional ficava em um dongle externo. Não é preciso dizer que o Sinclair QL foi um fracasso total.
[editar] A Amstrad no mundo ZX Spectrum
Como consequência do falhanço do Sinclair QL e dos prejuízos acumulados com a produção do C5 (um pequeno carro individual movido a electricidade que Sir Clive insistiu em produzir), Sir Clive Sinclair viu-se obrigado a vender a linha de computadores ZX Spectrum à Amstrad, a qual lançou ainda vários modelos do ZX Spectrum 128K:
- O 1.º foi o ZX Spectrum 128K +2 (1986). Este modelo foi comercializado com um gravador de cassetes incluído no lado direito do teclado e foi o unico ZX Spectrum com uma caixa cinzenta. O +2 era muito semelhante ao modelo 128K; no menu foi eliminada a opção de Tape Tester e foram ainda alteradas todas as mensagens de "copyright" na ROM para Amstrad, bem como as portas EAR e MIC antes usadas para a ligação do gravador de cassetes externo. Este facto foi bastante criticado por alguns, porque impedia o uso de um gravador externo em caso de avaria da unidade interna.
- O 2.º modelo foi o ZX Spectrum 128K +3 (1987). Este modelo era um melhoramento do +2. Dispunha de uma drive de diskettes de 3"(discos com 160kbytes face única[simples]) em vez do gravador de cassetes e para controlar a drive de diskettes, foi implementado o +3 DOS (Disk Operating System) que era utilizável através do +3 BASIC. O +3 tinha na traseira uma porta Centronics (não "standard" da própria AMSTRAD e somente compatível com seus micros) para ligação a uma impressora paralela (padrão da AMSTRAD e somente compatível com seus micros)) e uma porta para ligar uma segundo drive de diskettes.
- O 3.º modelo foi o ZX Spectrum 128K +2A/B (1987). O +2A era um +3 mas com gravador de cassetes. E o +2B tinha um upgrade na ROM. Deste modo, o último modelo de Spectrum produzido foi o +2 B e não o +3.
[editar] Periféricos
A Sinclair desenhou e comercializou alguns periféricos para o ZX Spectrum:
- ZX Interface 1: a função principal deste interface era a ligação dos ZX Microdrives. Adicionalmente tinha uma porta serial RS-232 e duas portas de ligação ao ZX Network. O ZX Network era uma rede "daisy-chain" (cada estação tinha uma porta de entrada e uma de saída onde se ligava o anterior e o próximo computador, respectivamente). As funcionalidades desta rede eram muito mais limitadas que as de uma rede actual; aqui a funcionalidade básica era simplesmente enviar (gravar) um ficheiro num computador da rede. Em termos de software, a Interface 1 modificava significativamente o mapa de memória do ZX Spectrum, pelo que a maior parte dos jogos não funcionavam com este interface ligado, e mesmo programas de escritório tinham normalmente versões específicas para serem usados com o Microdrive (por exemplo, o Tasword).
- ZX Microdrive: drive de fita contínua de alta velocidade. As cassetes de fita continham uma fita magnética semelhante às das cassetes VHS mas muito mais fina e com apenas um carretel. Cada 'cassete'(ou cartucho) tinha em média espaço para cerca de 100 Kbytes. Uma característica curiosa era que ao longo do tempo a capacidade bruta aumentava ligeiramente uma vez que a fita ía esticando, evidentemente que a confiabilidade também diminuia. O alto preço das cassetes e uma confiabilidade que não era muito boa impediu este periférico de se tornar mais popular. A Interface 1 permitia que se ligassem até 8 Microdrives através de uma pequena peça de plástico rígida (conector) que ligava um microdrive ao microdrive seguinte.
- ZX Interface 2: interface que permite ligar 2 joysticks e cartuchos com programas/jogos pré-gravados em ROM). A sua grande limitação é que apenas tinha capacidade de mapear sobre a ROM do Spectrum, ficando o "software" limitado a 16 Kbytes, deste modo, muito poucos jogos foram comercializados neste formato, a excepção foram os jogos de 16 Kbytes da Ultimate. Os joysticks não eram compativeis com o formato Kempston limitando-se a mapear algumas das teclas numéricas (Sinclair 1 com teclas de 1 a 5 [1=esquerda, 2=direita, 3=baixo, 4=cima, 5=tiro] e Sinclair 2 com teclas de 6 ao zero). Em termos de interface de joystick esta foi bem aceita, e a maior parte dos jogos tinham suporte para ela, mas em termos de distribuição de software foi um fracasso completo.
- ZX Printer: esta impressora utilizava um papel especial revestido em alumínio. A agulha da impressora queima o alumínio deixando um intenso cheiro a queimado. A versão que a Timex Sinclair produziu a TS2040 (também vendida como Alphacom 32 esta sim, compatível também com o Spectrum e o ZX81), específica para o ZX Spectrum (a ZX Printer da Sinclair também funcionava com o ZX-81) usava papel térmico simples (como o dos fax) em vez do papel de alumínio. Era um periférico bastante comum embora o formato não "standard" do papel a tornasse pouco útil para trabalho normal de escritório.
- Light Gun: Este periférico foi vendido junto com o Action Pack James Bond que continha um +2A e um jogo do James Bond. Apenas compatível com os modelos 128K.
[editar] Especificações técnicas
- CPU
- Zilog Z80A /NEC μPD780C a 3,50 MHz (Spectrum 16K, 48K, +) ou 3,5469 MHz (Spectrum 128 e posteriores)
- Memória ROM
- 16 KB ROM (BASIC: Spectrum 16/48K, +)
- 32 KB ROM (BASIC, Editor: Spectrum 128, +2)
- 64 KB ROM (BASIC, Editor, Verificador de sintaxe, DOS: Spectrum +3, +2A, +2B)
Memória RAM - 16 KB RAM (Spectrum 16K)
- 48 KB RAM (Spectrum 48K, +)
- 128 KB RAM (Spectrum 128, +2, +3, +2A, +2B)
Vídeo - Texto: 32×24 caracteres
- Gráficos: 256×192 pixels, 16 cores (duas cores simultáneas - "atributos" - por 8×8 pixels, ocasionando "choque de atributos")
Som - "Buzzer" (1 canal, 10 oitavas e 10+ semitons: Spectrum 16K e 48K via altifalante interno; outros via TV)
- Chip General Instruments AY-3-8912 (3 canais, 9 oitavas (comando PLAY), 27 Hz à 110,83 kHz (asm): Spectrum 128, +2, +2A, +3)
I/O (Entrada e Saída) - Barramento do Z80 (entrada/saída)
- Entrada/saída de áudio para armazenamento em gravador de cassetes externo (todos os modelos, exceto o Spectrum +2, o qual tinha um gravador de cassetes interno)
- Saída RF para televisão no canal 36 UHF (PAL-I, igual ao PAL-G)
- Entrada/saída RS-232 (modelos 128K)
- Saída MIDI (modelos 128K)
- Saída para monitor RGB (modelos 128K)
- Duas portas de joystick padrão Sinclair 1 e 2 (Spectrum +2, +2A, +3)
- Porta para teclado numérico externo (Spectrum 128 e +2)
- Interface auxiliar (anteriormente, porta do teclado numérico) (Spectrum +2A, +3)
- Porta de impressora paralela (Spectrum +2A, +3)
- Segunda porta de disquete (Spectrum +3)
Armazenamento - Gravador de cassetes externo (todos os modelos, menos o +2)
- 1–8 ZX Microdrives externos (usando a ZX Interface 1)
- Gravador de cassetes interno (Spectrum +2, +2A)
- Disquete de 3"com 160 Kbytes de face única (ou simples) (Spectrum +3)
[editar] Ver também
[editar] Ligações externas
O Zx Spectrum faz hoje 30 anos. Teve um?
http://pt.wikipedia.org/wiki/ZX_Spectrum