Página principal  |  Contacto  

Correo electrónico:

Contraseña:

Registrarse ahora!

¿Has olvidado tu contraseña?

CAFEZAMBEZE
 
Novedades
  Únete ahora
  Panel de mensajes 
  Galería de imágenes 
 Archivos y documentos 
 Encuestas y Test 
  Lista de Participantes
 INICIO 
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
 
 
  
  
  
  
  
  
  
  
  
 
 
  Herramientas
 
General: Vão para o raio que os parta
Elegir otro panel de mensajes
Tema anterior  Tema siguiente
Respuesta Eliminar Mensaje  Mensaje 1 de 1 en el tema 
De: isaantunes  (Mensaje original) Enviado: 05/05/2012 20:45

 

Não os posso ouvir falar do povo. Do povo que eles dizem ignorante, boçal e pouco culto. Vão para o raio que os parta. Levaram o século XX a sonhar com aquilo que o povo devia fazer. Se fosse culto, se fosse educado, se fosse qualquer coisa que passava inevitavelmente por ser o que eles queriam. Eles mandaram o povo ser monárquico e depois republicano. Depois começaram a lutar entre si e escavacaram ainda mais a vida do povo. Levaram anos e anos em golpes e contra golpes que acabavam inevitavelmente com eles a abraçarem-se uns aos aos outros e a gritar Viva a República. O país empobrecia e o povo emigrava e eles achavam que o povo devia ficar a labutar nas suas courelas para ajudar o país. Das Europas e das Américas o povo mandava remessas que equilibravam as contas do país mas eles tinham vergonha desse povo emigrante que eles diziam e dizem não percebe nada de política e cometeu o pecado capital de querer viver melhor pelos seus meios e não graças à aplicação do decálogo do momento das élites do seu país. O povo ia rezar a Fátima e eles tremiam de horror porque o povo não devia rezar. Ou não devia rezar ali mas sim ficar a reflectir nos seus centros católicos sobre a superioridade moral das encíclicas papais. Eles mandaram os filhos do povo para a Flandres e para África e depois disseram-lhes que tudo tinha sido um engano. O povo pegou nas coisas e apenas deixou por essas terras os cadáveres dos filhos do povo que por lá tinham morrido. Quando chegaram encontraram no poder a maior parte daqueles que anos e meses antes lhes falavam de dever e da pátria. A única diferença entre o momento da partida e o da chegada é que os militares tinham sido promovidos. O povo quis televisão e praia e eles ficaram horrorizados com a falta de tipicismo das aldeias e quiseram banir o turismo de massas. O povo trocou as feiras pelos supermercados e eles que antes não suportavam as romarias populares passaram a defender os tempos em que o povo trocava galinhas por tecidos na feira da vila. O povo sentou-se à mesa dos restaurantes e eles quiseram proibir as cadeias de comida barata enquanto enfastiados se abasteciam nas lojas gourmet. O povo não larga o carro e eles sentados nos seus topos de gama e nas suas bicicletas que custam uma fortuna desataram a diabolizar o automóvel e anunciaram o fim do mundo como resultado das alterações climáticas. Eles quiseram que fossemos um estado corporativo e o povo viveu com os grémios. Depois os grémios passaram a cooperativas e o povo continuou a suportar-lhe os regulamentos. Eles disseram que o país estava orgulhosamente só e depois, às vezes os mesmos, garantiram-lhe que estava orgulhosamente acompanhado e que o povo se devia orgulhar por isso. E o povo orgulhou-se. Do Estado Novo ao socialismo à portuguesa do PREC eles disseram ao povo que Portugal era uma excepção e o povo suportou os custos dessa excepcionalidade. Eles disseram que lhes deram casas – quem as terá pago? – através duma fundação chamada Salazar em bairros que depois passaram a ser 25 de Abril e o povo continuou a bater palmas aos senhores que diziam que lhes davam casas. E eles contentes diziam que ainda iam dar mais. Volta e meia dizem ao povo que o país está em crise. Nunca por culpa deles mas sim por culpa do mundo e sobretudo por culpa do povo. Que trabalha pouco, gasta muito, é pouco culto e não tem formação. E o povo a quem apresentaram como uma conquista sua a legislação laboral, a quem disseram que poupar era coisa do passado e que paga e frequenta obrigatoriamente uma escola que o deveria fazer mais culto cerra os dentes e dispõe-se a trabalhar mais, ganhar menos, pagar mais impostos e fazer mais um sacrifício em nome do país. E todos os dias mas todos sem excepção lá estão eles a dizer mal do povo. Porque o povo não faz a revolução. Porque o povo ri. Porque o povo é alienado. Porque o povo quer comprar mais e pagar menos. Porque o povo… Não acredito na bondade natural do povo mas tenho a certeza que a nossa vida teria sido bem pior caso o povo tivesse cumprido os sonhos das suas élites.

 

Esta entrada foi escrita por helenafmatos, publicada em 5 Maio, 2012 at 09:48, arquivada em Geral. Marcar permalink. Siga quaisquer comentários aqui deixados com o RSS feed deste artigo. Comente ou deixe um trackback: URL do

 

http://blasfemias.net/2012/05/05/vao-para-o-raio-que-os-parta/



Primer  Anterior  Sin respuesta  Siguiente   Último  

 
©2024 - Gabitos - Todos los derechos reservados