Segundo o Primeiro-ministro, Aires Ali, o enfoque que se tem dado actualmente aos projectos de grande dimensão também não deve desviar a reflexão da sociedade sobre as pequenas e médias empresas, porque são estas que asseguram a criação de números significativos de postos de trabalho.
O Primeiro-ministro falava ontem, em Maputo, na abertura da Conferência Nórdico-Moçambicana, um evento destinado a estimular o diálogo social entre as instituições de Moçambique e dos países nórdicos, bem como a criação de uma plataforma e rede de contactos e colaboração entre as partes, futuramente.
Um dos objectivos da conferência que hoje termina é produzir recomendações concretas sobre a cooperação futura visando promover o crescimento inclusivo, a protecção e a justiça social mais alargadas.
Na ocasião, Aires ali afirmou estar convicto de que o país pode crescer a ritmos mais acelerados pelo facto de, nos últimos anos, se estar a testemunhar a descoberta de recursos naturais de grande valor económico, com particular destaque para o carvão e o gás natural.
“Essas descobertas abrem oportunidades para grandes investimentos, alguns já em curso e outros em perspectiva. Trata-se de uma realidade que encerra também muitos desafios no domínio da criação de emprego e transformação económica, da transparência e prestação de contas na gestão dos recursos naturais e da tributação e construção do Estado”, disse.
O Primeiro-ministro apontou ainda como desafios a formação de quadros com perfil à altura de responder às exigências de um mercado de trabalho cada vez mais competitivo, e de crescimento e fortalecimento do empresariado nacional para tirar o máximo proveito das oportunidades decorrentes da dinâmica económica e social que se assiste actualmente e que se perspectiva no país.
Entretanto, intervindo na mesma ocasião, Germund Hernes, antigo ministro para Assuntos Religiosos, Educacionais, de Investigação e Saúde da Noruega, falou das possíveis lições decorrentes das experiências nórdicas para Moçambique.
Segundo Germund Hernes, como forma de mitigar conflitos, a Noruega, um dos principais países produtores mundiais de petróleo, tem priorizado a negociação colectiva de questões-chave como as políticas salarial, fiscal e monetária.
O antigo ministro norueguês afirmou que parte considerável dos recursos financeiros provenientes da venda de petróleo do seu país se destina a um programa de pensões, através do qual o Estado segura os cidadãos, “de tal forma que quando um trabalhador perde emprego, os seus filhos não perdem o direito de frequentar a escola”.
“Continuamos a pagar elevadas taxas pelo consumo de petróleo, mas parte do dinheiro da venda desse recurso está sendo poupada através da compra de acções no estrangeiro, de forma a beneficiar as gerações vindouras. Esse valor também serve para evitar a inflação da nossa moeda”, disse Hernes.
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