Pastor desde a tenra idade, aos seis anos Pedro Muagura já andava com os animais pelo pasto e lançava sementes a terra. Foi percebendo com o tempo como funciona a natureza. O parque da Gorongosa foi destaque no jornal português o Público com a reportagem do homem que planta árvores.
Numa altura em que a fome fazia parte do dia-a-dia de muitos moçambicanos, a agricultura era a fonte de sobrevivência das famílias. Pedro Muagura cresceu num meio rural, habituou-se a lidar com a natureza que se tornou sua paixão e forma actual de vida, escreve o mesmo jornal.
"As grávidas precisam de sombra. Os bebés descansam numa cama de madeira. O nosso caixão também é feito de madeira. Nós alimentamo-nos de plantas. Plantas são vida", disse o coordenador da reflorestação de Gorongosa ao Presidente Guebuza numa conversa informal.
Pedro Muagura já plantou cerca de cem milhões de árvores e é também coordenador do programa de reflorestação do parque. Pedro Muagura aproveita as viagens a outros países para plantar árvores segundo o jornal português Público.
Antes de abraçar o desafio na Gorongosa, Pedro Muagura e a família lutavam para ter comida em casa vendendo plantas. Cresceu na província Manica, estudou no Instituto Agrário de Chimoio e mas tarde foi estudar sobre florestas na Finlândia e fauna bravia, na Tanzânia.
Pedro Muagura está há dois anos no Gorongosa. O programa de reflorestação e de plantação de novas árvores mobiliza 55 trabalhadores e 275 voluntários. O coordenador conhece o seu ofício com a palma da sua mão, já plantou desde embondeiros (que dão malambe), a maçanica, ximénias (ameixas do mato) e laranjeiras.
Num dia a equipa chega a produzir 27 mil plantas, números que não são exageros. Há trabalhadores que chegam a fazer 1700 vasos ao dia. Pedro gosta de trabalhar com os jovens, pois eles aprendem rápido e são pessoas dinâmicas.
O projecto engloba 34 viveiros. No ano passado, plantaram 850 mil árvores. O desafio também passa por educar a população das cercanias. Não adianta punir, é preciso educar: se corta uma árvore, o individuo é obrigado a plantar 15.
A natureza interage com tudo, as aves lançam as sementes, os macacos comem aos frutos e pelo produto fecal vão dispersando adubo para a terra. O programa tem por objectivo garantir a sustentabilidade dos recursos existentes no parque.
A população ao redor agradece a existência deste projecto, muitos trabalham como voluntários com a esperança de um dia vir a fazer parte da equipa efectiva do parque. Hoje em dia há mais comida e qualidade de vida para todos. Silvestre Braga um dos voluntários garante comida e salário no final do mês para a família.
É preciso continuar a sensibilizar a população sobre o ambiente, a erosão, a fauna, a conservação do nosso habitat. Para muitos parece desnecessário plantar, cultivar e preservar aquilo que existe para garantir o pão de amanhã. A banana no parque pode custa 15 Mtn e na vila chega a custar 100 Mtn.
Pedro já plantou de tudo e em quase todo o mundo. Em Lisboa deixou lá uma árvore, Malawi, Suécia, Finlândia, Tanzânia, Zimbabwe, África do Sul, só em Heathorow (Londres) não o deixaram plantar algo.
@SAPO
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