Os laços históricos, o povo dos poemas de Craveirinha, as histórias dos livros de Mia Couto, a paisagem e a fauna do interior ainda selvagem, as praias do Índico. Se a bolsa do leitor o permite, há razões de sobra para viajar até Moçambique. Adicionemos--lhe outra: um país cuja economia está em mudança, fruto da consolidação da paz e, de futuro, das verbas que poderão trazer as jazidas de gás natural recentemente descobertas.
Índico: As potencialidades da longa costa marítima são um dos segredos para desenvolver o turismo em Moçambique.
Já se contam 20 anos sem guerra. Tantos quantos os que permitiram a Moçambique começar a afastar-se do estatuto de "Terra Sonâmbula". No romance assim titulado por Mia Couto, o personagem do velho Tuahir teve de ensinar a uma criança, Muidinga, "todos os inícios - andar, falar, pensar". E se virmos em Tuahir o povo e o seu saber? E em Muidinga um país? Ganhamos novos argumentos para tentar perceber o que por lá está a mudar e de que forma está o desenvolvimento económico em curso a ser colocado ao serviço de "Tuahir" e de "Muidinga".
É verdade que as maiores descobertas do combustível fóssil ocorreram no extremo oposto do país - a Norte, na bacia do Rovuma. Mas não é menos verdade que quase tudo se decide e muito se vive na capital. Por tudo isto centramos esta recomendação de viagem em Maputo e nos seus arredores. Na cidade, o mercado central é de passagem obrigatória, tal como a principal estação ferroviária da cidade. Entre os imóveis com história, todos os roteiros de Maputo recomendam uma passagem pela bem preservada Fortaleza da Nossa Senhora da Conceição, datada de finais do século XVIII.
Na província de Maputo, o contacto com a natureza em estado selvagem é um privilégio ainda possível. No hotel onde ficar instalado, poderá marcar uma visita à Reserva de Elefantes, um parque natural onde é possível observar a fauna africana, bem como ter acesso a praias banhadas pelo Índico.
O turismo e a extração de gás natural e de carvão - com investimentos para os próximos anos estimados em cerca de 72 mil milhões de euros - prometem revolucionar a economia moçambicana e criar condições para que o país deixe de ser considerado, pelos índices de desenvolvimento humano da ONU, como um dos mais pobres do mundo.
Ficha
Como viajar
É necessário obter visto junto dos serviços consulares de Moçambique em Lisboa ou no Porto. No portal Logitec é possível encontrar pacotes de viagens para Maputo que incluem voo, hotel e aluguer de viatura. Preços entre €1.438 e €2.289.
O que ver
A escolha é grande, mas se nos limitarmos a Maputo e arredores, porque estamos em África aconselha-se a visita à chamada reserva dos elefantes. Na capital, é de não perder uma visita ao mercado central.
Cuidados a ter
As autoridades sanitárias recomendam que quem visite o país faça a profilaxia anti-malária. A água para consumo deve ser engarrafada e não se recomenda a ingestão de alimentos crus.
João Maltez, in jornaldenegocios.pt