A banda Timbila Muzimba, que este ano completa 15 anos, afirma-se "embaixadora" dos ritmos tradicionais moçambicanos e da timbila, um instrumento musical classificado pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade.
"Tentamos trabalhar em músicas tradicionais, mas com um conceito inovador. Trabalhamos com a fusão de vários estilos, como música contemporânea, electrónica, jazz ou rock, fazendo interpretações desses estilos com instrumentos locais, convencionais", disse à Agência Lusa Matchume Zango, produtor musical do grupo.
Com origem num bairro dos arredores da capital moçambicana, o Unidade 7, os Timbila Muzimba completam, em 2012, 15 anos de existência.
Na sexta-feira, a "orquestra" apresentou-se ao vivo no Centro Cultural Franco-Moçambicano (CCFM), em Maputo, num espectáculo de celebração do aniversário do grupo, que contou com a colaboração especial do artista moçambicano José Mucavele.
"A expressão de orquestra vem da familiariedade, a colectividade que temos pela banda. Às vezes estamos no palco 40 pessoas. Já dá para perceber que isto é uma orquestra. A formação é de oito pessoas, mas varia de acordo com o programa que estamos a tocar", explicou o músico.
Criada em 1997, a banda conta no seu repertório dois álbuns editados - "Conta Própria", de 2003, e "Warethwa - 2008" -, estando, nesta altura, a preparar o lançamento de um novo projecto.
Os Timbila Muzimba realizaram várias digressões internacionais, visitando países europeus, como a Bélgica, a Alemanha ou Portugal.
"Sabe-se que Moçambique não é um país muito conhecido. Às vezes éramos confundidos. Tínhamos que dizer que éramos uma banda moçambicana, um produto genuíno moçambicano. Era uma responsabilidade, sentiamo-nos como embaixadores deste país", disse o músico.
As sonoridades criadas pelos Timbila Muzimba encerram em si várias influências culturais moçambicanas, como o ritmo "chope", característico da região sul do país, ou a cultura "Maconde", associada ao Norte.
A timbila, classificada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), como Património Mundial da Humanidade, em 2003, é o instrumento que mais identifica as composições do grupo.
Sentindo-se "embaixadores" da cultura tradicional moçambicana e da timbila, o colectivo artístico, que integra nos seus espectáculos musicais performances de danças locais, acredita que a sua música pode "ser um instrumento para educar os jovens" do país.
"Acho que a nossa missão é formar os jovens, para que a cultura dos "chopes", dos "maconde", dos "senas" ou dos "macuas" não desapareçam. Com a idade essas coisa vão desaparecendo. As pessoas vão morrendo com as suas próprias tradições e não se salva nada", concluiu Zango.
(RM/Lusa)