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HISTÓRIA: HISTÓRIA DE MOÇAMBIQUE - UM CAPITÃO-MÓR DA ZAMBÉZIA
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Respuesta  Mensaje 1 de 1 en el tema 
De: nhungue  (Mensaje original) Enviado: 04/10/2012 11:35
Feb 24, '11 3:12 PM
por manuelpara todos

MANUEL ANTÓNIO DE SOUSA - UM CAPITãO-MÓR DA ZAMBÉZIA

Séculos fora, as únicas autoridades, a bem dizer, a quem esteve cometido o honroso mas pesado encargo de levar sertões adentro, de manter hasteada a bandeira de Portugal, e de representar a nossa soberania na África Oriental foram entidades que podiam ser militares ou civis, e que se denominavam capitãis-móres ou sargentos-móres e cujas especiais atribuições se não destrinçavam por uma forma bem definida.
  Foram geralmente civis, pois que a ocupação militar regular era, mercê dos reduzidos efectivos das tropas, adstrita a uma dúzia de praças fortes, fortalezas ou povoações, mormente ao longo da costa, ou das margens do Zambeze.
  Efectivamente, eram os postos de ocupação militar, além de raros quási sempre mal dotados de forças, e comandados por oficiais algumas vezes de 2.a linha, lutando com graves dificuldades que nem sempre eram de vencer, frequentemente sem energia, apoquentados muitas vezes pelas doenças e pela falta de recursos de toda a ordem, com péssimas e difíceis comunicações, sem soldados dignos desse nome, sem estímulo, sem preparação ou amparo e ignorando quási sempre os dialectos das populações com quem haviam de lidar.
  Se geralmente pouco faziam, justo é dizer-se que pouco podiam fazer.
  As funções de capitãis-móres e sargentos-móres foram, certamente, a quando da sua instituïção, exercidas por pessoas idóneas, e com a conveniente categoria, e indispensáveis requisitos: militares e sertanejos, ou negociantes brancos.
Competia-lhes a complicada resolução dos milandos, peculiares questões cafreais entre indígenas, a concessão de licenças, a vigilncia do • exercício da caça, manutenção- da ordem na jurisdição- das suas capitanias, a protecção às caravanas e cáfilas, o levantamento e comando de cipais e irregulares, etc. Da caça e licenças de vária espécie auferiam sem dúvida em dadas regiões rendosos proventos.
  Dispondo dos negros e dos cipais efectivos ou adventícios, pois a seu talante mobilizavam os homens das regiões em que exerciam, tantas vezes! despótica autoridade e verdadeiro domínio, tinham em suas mãos a força de que se se serviriam para bem ou mal sem controle ou fiscalização possível. A sua autoridade, quando civis, era por assim dizer exclusivamente adstrita aos negócios da população indígena, e só era exercida proveitosa e decorosamente quando as pessoas nela investidas tinham consciência e prestígio, de que alguns usaram e outros muito abusaram, sobretudo depois dos princípios do século XIX.
Sucessivamente foram, em geral, substituindo esses homens, muitos deles patriotas e prestimosos no exercício dos seus cargos, filhos seus nascidos na terra, frequentes vezes mestiços, que se amparavam mal nas tradições da família, e que mal mantinham o decoro da sua posição. Vivendo em contacto permanente com inhacuauas e colonos cafrealizavam-se e perdiam toda a noção de dignidade seguindo até, por vezes, os ritos secretos e hediondos de sociedades misteriosas indígenas; arvorando-se outros por vezes em pequenos potentados, déspotas e cruéis, sobretudo se as funções se tornavam hereditárias, como sucedeu em algumas famílias.
  Alguns só curavam de enriquecer, abusando da força e prestígio (que se permitia fosse conservada em mãos impróprias) ocupavam as populações em seu serviço quási gratuito, na caça ao elefante, no negócio do ouro em pó, em pastas mati-cais e penas, em longínquas regiões, na compra da cera, na constituição das cáfilas mercantes, e no penoso e odiado serviço de carregar mitôros e cargas.
  Estavam fora do alcance das verdadeiras e tão raras autoridades, que ignoravam essas violências ou eram impotentes para as reprimir.
 Se as famílias que usufruíam o privilégio de conservar esses cargos tão cubicados se extinguiam eram então por vezes nomeados brancos escolhidos entre a reduzidíssima e geralmente ignorante colónia europeia, constituída por mercantes ou antigos soldados residentes na região.
  Conhecemos assim como capitão-mór de Quelimane o antigo soldado António Lopes, como capitão-mór de Cheringoma o antigo soldado comendador Barata, como capitão-mór no Mahindo o negociante N. de Carvalho, como capitão-mór de Sena o analfabeto Anselmo Ferrão, como capitão-mór de Tete o bom e valente mas ignaro João Martins, como capitão-mór de Manica e Quiteve o indiano inteligente mas bem pouco culto Manuel António de Sousa, o boçal negro Inácio Xavier na Chicôa, e o Araújo Lobo no Zumbo.
  Durante quási todo o século XIX o exercício efectivo e real dos nossos direitos de soberania e domínio em Moçambique foi assim por vezes bem acidentado e precário; ocasiões houve em que bem fracamente se fez sentir...
      ë evidente que não pretendemos insinuar que não houve capitãis-móres em tudo dignos da confiança que os governos neles haviam depositado: alguns cheios de benemerências e de valor, honraram os seus cargos através de muitos riscos e can-ceiras... mas a afirmação da nossa posse, e a ocupação metódica e efectiva de toda a província de Moçambique só teve possível realização depois de 1891, mercê dos cuidados que daí em diante houve que dedicar à administração da província, de que resultou o desaparecimento gradual dos capitais e sargentos-móres, muzungos ou velhos sertanejos, mais ou menos cafrealizados, sendo substituídos por autoridades militares e depois por civis, conservando ainda alguns as velhas designações, mas geralmente dotados de aptidões e com as qualidades indispensáveis.
  Muito poucos brancos, e raros negros, recordarão agora o que hajam sido alguns capitãis-móres de outrora: devemos confessar que seria hoje impossível fazer reviver alguns desses tipos que, embora tivessem certo pitoresco, envergonhavam muitas vezes a nossa administração, e causaram dissabores, fornecendo pretextos para os doestos, críticas e censuras, que algumas vezes nos foram dirigidas.
  Castilho no seu relatório sobre a campanha de 1888 contra os Bongas diz: ((Acabar gradualmente com as entidades denominadas capitãis-móres; esses cargos, recaindo geralmente em indivíduos do país, — já de si poderosos pelo número de pretos armados seus dependentes, quási escravizados, que põem em movimento, e que não recebem estipêndio, pois contam com a pilhagem, aumentam ainda consideravelmente a sua importncia individual com a influência oficial de que os investem sem remuneração, e instigam-nos a praticar à sombra dessa autoridade toda a espécie de abusos.
((Neste sentido já eu dei o primeiro passo, demitindo e não substituindo os antigos capitãis-móres do Cachomba e de Inhacôe, contra quem, recebi em Tete queixas de toda a ordem.»
  Não há que negar-se contudo que alguns, a-pesar-da sua nula instrução e dentro das suas fracas possibilidades de civilização, patentearam verdadeira dedicação pelo serviço público e até acrisolado patriotismo em situações críticas, em que o seu denodo e fidelidade foram postos à prova.
  Estava neste caso o capitão-mór de Manica e Quitêve, o indiano Manuel António de Sousa, que teve honras de coronel do exército ultramarino, e foi comendador da ordem de S. Bento de Aviz: dele diz o ilustre general Teixeira Botelho na sua monumental História Militar e política dos portugueses em Moçambique— ((...não houve talvez personagem em Moçambique mais discutida do que ele».



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