Era uma vez um cavalo que passava os seus dias a tirar água da nora, carregando os seus pesados arreios. Havia uma borboleta que o amava e todos os dias o visitava e poisando nos seus arreios lhe dar um beijo de bom dia. No entanto, o cavalo gritava sempre: - Sai daí esse é o lado mais pesado! Fazes sempre tudo errado! Desaparece! E dava um coice na borboleta, que partia magoada e triste. Mas no dia seguinte ela voltava e cuidadosa poisava no lado contrário ao do dia anterior para dar o seu beijo de bom dia ao cavalo. Mas logo ele lhe gritava de novo: - Sai, só fazes asneiras estou magoado desse lado! Todos os dias a mesma coisa! Será que não fazes nunca nada certo? Desaparece! E dava um forte coice na borboleta. Esta cena repetia-se todos os dias... e todos os dias a borboleta que tinha resolvido mudar e ser mais atenta para não magoar mais o cavalo, ao tentar aproximar-se dele levava fortes coices pois os seus erros nunca eram compreendidos. A pobre borboleta, cada dia mais magoada, via que o Amor que sentia pelo cavalo não era correspondido, mas procurava, pelo menos a sua amizade. Todos os dias a sua recompensa era um coice cada vez mais forte. Um dia a borboleta desapareceu. O cavalo, no primeiro dia, pensou: - Finalmente consegui afastar aquela borboleta que faz tudo errado... felizmente... ela não presta mesmo. No entanto passou o resto do dia a pensar na borboleta. Até que passados uns dias resolveu ir procurá-la. Caminhou pela floresta e perguntava aos outros animais se tinham visto a borboleta, mas ninguém sabia dela, até que encontrou o coelhinho e perguntou: - Coelhinho, tens visto aquela borboleta que me visitava todos os dias? - Qual aquela a quem davas coices todos os dias? Aquela a quem julgavas e dizias que não fazia nada de bom? - perguntou o coelhinho. - Sim, essa mesmo - respondeu o cavalo - nunca mais a vi! Pois cavalo respondeu o coelhinho a borboleta morreu, magoada com tanto coice que lhe deste, ferida no corpo e na alma porque por mais que se esforçasse e tentasse fazer o que tu querias, mudar por ela e por ti, tu sempre a repeliste. Não a compreendeste, não reconheceste o seu Amor verdadeiro, não acreditaste na sua mudança e mesmo quando ela desejava só a tua amizade, conformada por não conseguir conquistar o teu Amor, sempre lhe respondeste com um coice. Agora vens procurá-la mais ela morreu, magoada com os teus coices. O cavalo partiu, triste, pensando que a Amizade é algo que não se deve recusar nunca. Talvez nunca mais na vida encontrasse alguém que o amasse tanto... que quisesse tão desinteressadamente ser seu amigo. O cavalo aprendeu que devemos dar oportunidade aos outros, várias oportunidades até porque ninguém é totalmente mau, e todos merecem ter oportunidade de mostrar que cometeram erros mas aprenderam com eles e mudaram.
O cavalo mudou... mas a borboleta essa não teve oportunidade de lhe mostrar a sua mudança porque ele nunca lha deu.